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- me enganei, desculpa. - Mikey disse com um tom seco em sua voz, como se ele não tivesse gostado nem um pouco do fato de eu ter mentido pra ele, e ele não havia. Mas ele não podia simplesmente me atacar ali.

- parece até que vocês já se conheciam. - me faltou ar ao ouvir uma das amiguinhas plastificadas de Chloe falar.

- eu concordo com a Jessy. - Chloe disse olhando para Manjiro e para mim desconfiada.

- nunca vi essa garota na minha vida. - Mikey mentiu. - graças a deus. - ele disse e Chloe riu.

- Fuyu? - virei para trás o procurando.

Fuyu, ou melhor, Chifuyu, era um dos meus amigos dentro daquela escola. Ele se sentava bem no fundo da sala, geralmente nerds se sentam na frente para acompanhar a explicação do professor melhor, mas ele era diferente. O procurei por motivos de: na sala haviam 5 fileiras de classes e na frente dessas fileiras, óbvio, ficava a mesa do professor, no caso onde Mikey estava.

Eu estava sentada na segunda classe da terceira fileira e ficava muito a frente da mesa do professor, mas agora, Mikey estava ali e aquilo não estava me agradando nenhum pouco, então procurei Chifuyu para ver se eu podia sentar perto dele, até porque ele sentava na última classe da última fileira. Longe o suficiente de Manjiro Sano. Ah, e Chloe sentava na primeira fileira, na primeira classe. Ela estava usando uma saia e pude ver ela abrir as pernas sem querer para chamar a atenção de Mikey.

Puta.

- fala, Emma. -Ele zombou e eu ri. -  eu estou aqui. - Chifuyu disse levantando o braço.

- tem lugar aí perto de você? - perguntei e ele olhou em sua volta.

- tem uma classe vazia aqui, bem ao meu ladinho, gata. - ele disse e eu ri, levantei-me pegando minhas coisas e logo indo me sentar ao seu lado.

A sala estava uma bagunça, nem parecia que esses animais iriam se formar, pareciam que recém eles tinham chegado na primeira série. Quando empurrei minha cadeira para baixo da classe, fui impedida de prosseguir.

- eu dei permissão? - ouvi a voz de Mikey.

- nossa, que moral hein, chegou aqui hoje e já quer dar "permissões". - fiz aspas com os dedos e ironizei a situação.

- bom, eu acho que posso sim, estou no lugar do professor e também acho melhor você ficar no seu lugar. - ele disse com um tom desafiador.

- garanto que o Sr. Thompson não se incomodaria se eu fosse me sentar com o Fuyu. - na verdade, ele se incomodaria sim.

- eu também não me incomodo nem um pouco. - Manjiro disse. - mas... Continue no seu lugar. - dei um sorriso irônico e continuei andando até a outra classe. Mancando.

Felizmente, os dois outros períodos eram sem Mikey e passaram rápido. Bateu o sinal e eu fui guardar meus livros no armário, depois fui ao banheiro para me olhar no espelho, o que não foi uma boa idéia, pois eu estava em condições precárias. Fiquei conversando um pouco com Chifuyu e Biah, papo vai, papo vem, até nós percebemos que a escola estava praticamente vazia, quase todos os alunos já haviam ido embora, com exceção minha, de Biah e de Fuyu, é claro.

- nossa, só tem a gente aqui pelo o que eu estou vendo. - Chifuyu disse.

- é, então vamos antes que fechem a escola. - foi a vez de Biah falar.

- verdade, se não depois eles só abrem pra quem estuda a noite. E eu não quero esperar aqui dentro. - ri e me despedi deles.

Os dois foram para o lado da saída e eu fui para o estacionamento da escola, onde estava o carro que eu havia ganhado de meu pai no meu aniversário de 16 anos. Abri a porta do carro, mas em um movimento rápido, alguém a fechou de volta. Segui com os olhos aquele braço fechado de tatuagens, merda.

Mikey me virou, me fazendo ficar encostada no carro de frente para ele, revirei os olhos. Eu fiquei entre seus dois braços que estavam um pouco acima dos meus ombros.

- vai dirigir com seu tornozelo machucado? - ele perguntou com seu típico ar de deboche, mas meu tornozelo não doía mais que antes, eu já podia firmar meu pé.

- o que você quer? - perguntei sem nenhuma paciência.

- da última vez que você me perguntou isso, você foi parar na minha cama, lembra? - ele mordeu os lábios. O ignorei. - mas o assunto é outro agora e você sabe do que se trata.

- não, eu não sei. Tchau. - falei tentando me virar e entrar em meu carro, mas eu estava encurralada.

- eu odeio que mintam para mim, Ashley. - ele deu ênfase no meu nome. - e você mentiu, ninguém me passa para trás, mini vadia.

- sempre tem uma primeira vez. - fui curta.

- no seu caso vai ser só a primeira vez mesmo, porque eu não me importaria de enterrar você hoje... Viva. - estremeci. Ele falava de um jeito que eu não sabia se ele estava brincando ou falando a verdade, mas mesmo assim, eu acho que não era brincadeira.

- você não é louco em fazer isso.

- tem certeza?

- caralho, tanto faz se meu nome é Emma ou Ashley, garoto. Você sempre acha que tem que ser o fodão e complicar as coisas, que porra.

- eu sou o fodão, e pra mim também tanto faz, o problema é que você mentiu. Ah, e não esquece que você me desobedeceu hoje, lembra? Odeio que desrespeitem minhas ordens.

- você odeia tudo, Manjiro. Já percebeu? Você é feito de ódio. - Mikey hesitou um pouco quando falei aquilo, mas logo voltou a sua postura normal.

- você me leva muito na brincadeira, toma cuidado... Vadiazinha de camelô. - ele disse, colocou seus óculos escuros inseparáveis e saiu.

Meu coração parece que iria sair pela boca, pude ver Mikey entrar em seu carro e arrancar, eu fiz o mesmo. A única diferença é que eu dirigia em uma velocidade permitida. Cheguei em casa e eu precisava contar tudo pra Biah, quero dizer, não tudo. Só a parte que seu gangster favorito (eca) havia arrumado um "emprego" na escola, e aquilo ainda não me descia, tinha algo nisso.

Comi, tomei um banho demorado e depois liguei para ela.

- você nem sabe. - disse assim que ela falou um: "oi puta".

- nem sei mesmo.

- fala direito ou vai ficar sem saber.

- fico sem saber.

- ok... Era sobre aquele tal de.... como é mesmo... Mathias? Não, pera.... Manjiro... Manjiro Sano.

- O QUE ACONTECEU? ME CONTA AGORA, VADIA. - ela gritou e eu não pude deixar de cair na gargalhada.

- você não quer saber, deixa.

- ASHLEY BENSON, ME CONTA A-G-O-R-A.

- ele está trabalhando na escola. - falei indiferente.

- O QUE? - contei tudo sobre o suposto emprego de Mikey na escola, ela quase caiu dura e logo depois mudamos de assunto, ela disse que no dia seguinte iria a escola e não me deixaria sozinha e blá blá blá.

Desliguei o telefone e fui comer novamente.

Meu pai me ligou dizendo que iria chegar mais tarde naquela noite, como sempre, e Rachel estava viajando, estava na casa de uns supostos parentes dela, mas para mim ela estava pulando a cerca. Espero que um dia meu pai acorde e veja que ela não é o tipo de mulher certa para ele.

Aproveitei minha solidão e fui para o pátio de casa, sentando-me nos degraus da pequena escadinha que dava em direção a porta da mesma. Fiquei ali perdida em meus pensamentos, pensando em todas as merdas que haviam acontecido em um dia só. Lembrei-me de mim caindo das escadas e começei a rir do meu próprio desastre, até eu pensar em Mikey e meu sorriso cessar.

- Benson... - ouvi alguém me chamar no portão, eu estava de frente pra ele, mas de cabeça baixa.

- ah... Você... - falei levantando minha cabeça e ficando descontente ao ver que não era nem um artista famoso e gostosão.

- posso falar com você?

- se o portão tiver aberto, sim. - e para minha má sorte, ele estava, eu havia esquecido de fechar...

Ele entrou.

- O que quer vindo aqui?


Possessive | Manjiro SanoOnde histórias criam vida. Descubra agora