epílogo

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Fico feliz em dizer que funcionou.

Sim, isso mesmo.

Naquela manhã, vi Lauren colocar seus morangos um a um na bacia de sempre e parar diante da geladeira a observando por um longo momento.

Depois disso ela pegou a jarra de suco com cuidado e um copo, segurou como estava orientado e conseguiu: ela colocou o suco sem quebrar nada ou derrubar tudo no chão e na pia.

Eu vi seu sorriso, e ele era enorme e lindo.

Não vou dizer que não demorou para que conseguisse fazer as outras coisas porque seria mentira.

E não somos mentirosas.

Isso mesmo.

Lauren não tinha muita iniciativa e algumas vezes um empurrãozinho a irritava e estressava mais do que ajudava.

Nossa ajuda a ajudou muito, falo assim porque faz sentido.

Ela não saía sozinha para longe porque era um desastre, mas tinha um senso de direção melhor. Quando voltou para a faculdade, dessa vez como bolsista porque ainda resistia muito sobre ver os pais, Lauren conseguia guiar quem estava com ela na direção da casa ou do campus.

Isso já é uma grande evolução.

Sim, com certeza!

E não vou dizer que a doidinha ficou completamente irredutível. Ela respondeu uma mensagem dos pais - não vou dizer ao certo o longo tempo que passou e o tanto de terapia que direcionou ela a isso.

Depois de uma mensagem, vieram duas ou três. Em seguida um roteiro de "bom dia, tudo bem?", "tudo, obrigada", "estamos bem, também", "legal".

Isso já era muito bom.

Ei, consciência! Pare de rir.

Desculpe, é engraçado.

Preciso citar que com o fim, todas nós nos estabilizando em nossos empregos - ainda que Lauren tenha levado mais tempo na faculdade - chegou um momento em que nos separamos e seguimos nossas vidas?

Dinah e Normani moravam há duas ruas de nossa casa e Ally, que nunca ficamos sabendo sobre sua vida amorosa, morava na cidade ao lado, que na verdade era próxima da nossa.

Eu segui minha carreira dos sonhos, Lauren fazia sua arte em casa, tinha exposições e vendia caladinha. Sabe, exposições reais eram horríveis.

Eu sei que um resumão não era o esperado, mas o que posso fazer?

Tudo o que aconteceu nos levou a um caminho que apenas podemos sentir. Levou ao alívio e sentimentos inexplicáveis.

Esperam muito de Lauren e eu como casais, isso é certo. Por isso estão aqui.

Pois bem.

Nos tocávamos com carinho, fosse mentalmente ou fisicamente.

Nos amávamos.

Nos entendíamos.

Nos apoiavamos.

Nos confundiamos uma na outra.

Nos ajudavamos.

Eu cuidava de Lauren e depois de tanto tempo cuidando e me preocupando, eu tive paz.

Fui amada e cuidada pelo resto da vida por Lauren e sua estranha mente.

Não me canso de repetir isso porque soa bonito o nome da história.

Obrigada, e digo isso por mim e minha consciência saudável.

Podemos superar tudo com alguma atenção a nós mesmos.

Assim segue a vida.

.

Olá!

Vocês entenderam bem a fic? Qualquer dúvida me perguntem, há entrelinhas demais ou parece ter, eu entendo.

Foi frustrante que tenha parado aqui? Porque a intenção da fanfic é justamente a busca pelo estado de mente saudável e a segurança. A consciência da Camila foi uma das personagens principais para o sentido da fanfic, então espero que não tenham pulado ela falando.

Quando a Camila percebeu que finalmente tinha chegado lá na segurança e tranquilidade mental, notou também que não precisava narrar mais nada porque era tudo sobre isso.

Acréscimo pós publicação: pensem agora sobre a consciência da Camila. Ela nunca teve um estado de mente saudável. Na primeira fase era inquieta, irritante, intrusiva, lutava contra ela mesma, atrapalhava seu raciocínio e seus sentimentos. Na segunda, ela praticamente morreu e deixou a Camila sozinha, confusa, deprimida com um eco de pedido de socorro e com isso sem capacidade de processar e gerir a própria vida.

Por isso a consciência dela é tão importante quanto um personagem.

No mais, obrigada por lerem a fic e comentarem, é claro. Vocês foram essenciais para que continuasse com isso.

Não vou mencionar uma aposentadoria que não está dando certo. Talvez eu volte, talvez não, mas existe a possibilidade.

Obrigada por tudo.

LIVRO 1 - estranhamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora