vinte e dois

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Oioi.

Hoje temos um capítulo fofo e eu não tenho o que falar, então vamos lá.

.

Se Lauren queria ter uma vida normal, eu faria com que ela tivesse a vida mais normal do mundo, como se o perigo fosse apenas um pesadelo que ela pode acordar e ver que está tudo bem e passou.

Isso foi lindo.

Eu sou muito determinada.

E apaixonada.

É claro. Impossível não ser.

Suspirei só em pensar no sorrisinho de Lauren ao ganhar em brincadeirinhas bobas.

Apagou a raiva de quando ela perde, hen?

Ser má perdedora é um defeitinho de muitos.

Você gosta de apanhar de mulher bonita.

Quem não gosta?

Olhei para o lado. Ela ainda dormia, mas eu despertei de um sono inquieto em que tentava investigar sua situação e a seguia, a perdendo entre pessoas e portas que batiam.

Um bigode feio corria na mesma direção que eu, disputávamos uma corrida que eu perdia e isso me atormentou tanto que entrei em uma porta e ouvi gritos que me despertaram.

Eu sei quem é o bigode feio, mas como não lembro? Um homem da televisão...

Suspirei.

Isso é frustrante!

Códigos estranhos, pessoas poderosas, impotência, pesadelos, a falta de um pedido de socorro porque... Lauren era calada.

Descobrimos por nossa própria conta.

Seus olhos se abriram devagarinho, sonolentos e tímidos. Esperei para ver se era apenas um movimento, mas ela piscou com calma e permaneceu me olhando.

— Bom dia – sussurrei para ela.

— Obrigada. Bom... – murmurou de volta com voz de sono.

Era lindo. Seu tom ficava ainda mais rouco, sumindo algumas letras como se fossem um segredo.

Estamos muito melosas.

Estou apaixonada, não enche o saco.

Seja normal!

Cala a boca.

Normal... como ser normal? Nossa relação era tímida ao mundo. Não saíamos para jantar ou ir ao cinema, não íamos ao parque, não tínhamos algo feliz para comentar fora das aulas. Apenas tínhamos uma a outra.

Normal...

Como ser normal se em pouco tempo ela seria levada e eu ficaria aqui, com medo de agir e Lauren nunca mais voltar para casa? E eu ficava remoendo e imaginando os horrores que deve passar porque mesmo o responsável pela segurança estava encobrindo crimes horríveis.

Como ser normal? Porque era o que eu queria para ela, que aproveitasse o mundo que nunca teve.

Então vai, seja louca.

Tenho medo!

Seja louca!

Mas e se sobrar pra ela?

Sempre vai sobrar, e aí ela não vai ter vivido nada até estar traumatizada demais para conseguir fazer qualquer coisa.

Quis chorar por ter razão.

— Lauren... – murmurei, querendo ser louca – vai ser muito ruim se fugirmos para fazer coisas normais, só por hoje? Vai te prejudicar muito?

Ela não disse nada de imediato, mas depois de alguns segundos negou com a cabeça.

LIVRO 1 - estranhamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora