Prólogo

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Kim Seokjin entrou abruptamente na sala, espumando de raiva.

— Vocês nem imaginam o que aquele energúmeno fez agora!

Os olhares trocados entre Park Jimin e Jung Hoseok revelavam que ambos sabiam exatamente a quem Seokjin se referia. Afinal, só um alfa era capaz de provocar tal reação no mais velho.

— O ele fez agora? — Hoseok questionou, abandonando as cartas que embaralhava.

Após sacudir as gotas de chuva de seu casaco, Seokjin ocupou seu lugar à mesa.

— Choi Ji-woo e sua criada foram surpreendidas pela chuva. Enquanto caminhavam para casa, aquele homem passou em sua carruagem sobre uma poça e as encharcou. — Seokjin tirou as luvas, batendo-as na mesa. — Por sorte, a chuva estava apenas começando. Senão, as teria afogado no meio da rua!

— Afogá-las parece um exagero — opinou Jimin, recebendo um olhar gélido de Seokjin. — Ele nem sequer parou para socorrê-las?

— Parar e se molhar? Claro que não! Ele nunca arriscaria estragar seus ternos caros para ajudar alguém. — Seokjin jogou açúcar na xícara de café, mexendo vigorosamente. — Se não estivesse chovendo, talvez fingisse ser um bom moço e as escoltasse. Para a maioria dos alfas, "nobreza" é apenas um estado de conforto, não um estado de espírito.

— Um estado de conforto monetário e social, diga-se de passagem — completou Hoseok.

Jimin serviu-se de chá.

— Na época de nossos avós, conquistar um ômega era tão importante quanto matar um dragão. Hoje, não mais. 

Na mente imaginativa do sr. Park, pensou Seokjin, quase tudo estava ligado às fábulas de cavalheirismo, mas, mesmo assim, ele tinha razão. Ômegas não pareciam mais ter a importância de antes na vida dos alfas.

— Exatamente — concordou Seokjin, enfaticamente. — Desde quando nos tornamos tão inferiores aos olhos desses idiotas? Vocês já pararam para pensar o quão injusto é nossas famílias terem que dar dotes ao sermos desposados? É como se, para compensar a nossa falta de valor social, tivéssemos que recompensá-los financeiramente por "nos aturar" pelo resto da vida, como se fossemos um peso a ser carregado. 

— Sem contar que hoje ter um dote abastado é bem mais importante do que a sua essência. Ômegas com bons dotes têm mais valor, conseguem mais facilmente atenção e propostas de casamento.

— Isso! Viramos uma mercadoria aos olhos deles. — Seokjin indignou-se. — Não importa quem somos, do que gostamos, nossos talentos; o que importa é o tamanho do dote que podemos oferecer e o sobrenome que carregamos. 

— É por isso que mal se interessam em nos conhecer de verdade. Os cortejos agora são tão... sem alma, sem sentimento, sem coração. — Jimin complementou. 

— Se eles não conseguem nos ver como iguais a eles, por que se interessariam em nos agradar? Em nos conhecer de verdade? Hoje, somos vistos como animais de circo. Qual a diferença entre nós e os cavalos nos aras desses alfas? Nenhuma. O princípio de posse e desamor é o mesmo, talvez até pior. Somos propriedades, bens adquiridos a partir daquilo que podemos oferecer a eles ou não.

— Eles precisam entender que não podem conquistar um ômega como ganham corridas de cavalo. Merecemos mais. — Hoseok opinou.

— Isso. Precisam saber que não são eles que criam as regras, que nós também temos vontades, desejos e aspirações em relação a pessoa que iremos nos unir pelo resto da vida. Eu, por exemplo, não me associaria a um cavalheiro que parte corações, por mais rico e charmoso que seja.

Lições de amor a um cretino | TaejinOnde histórias criam vida. Descubra agora