Storm

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Carolyna P.O.V

Solidão. É isso que se baseia minha vida. Além de torturas e abusos.

Estou deitada em um fino colchão jogado no chão de um lugar frio, escuro, com apenas um lugar precário para fazer minhas necessidades e uma porta que vive trancada e uma minúscula janela alta demais para que eu possa ver qualquer coisa lá fora.

Não sei dizer com precisão a quanto tempo esse lugar sujo, frio e sombrio tem sido o meu lar. Só sei que eu era muito criança desde que me lembro. Não sou mais assim. Apesar de não me alimentar direito e não ver meu reflexo até mesmo me cuidar como deveria vejo mudanças em meu corpo.

Estou muito magra e fraca. Meu cabelo cresce cada vez mais chegando um pouco acima da minha bunda e estou um pouco mais alta do que me lembro.

Não lembro como vim parar aqui. Não lembro do meu nome mas eles me chama de Anna. Eu não gosto muito, mas não posso reclamar e nem sei se esse é o meu verdadeiro nome mesmo. Vivo acorrentada aqui dentro desde que posso me lembrar.

E mesmo tendo perdido a memória sei que essa pessoa que me mantém aqui não é meu pai. Principalmente por causa do que ele faz comigo além de me manter acorrentada e me ferir me mantendo presa aqui dentro.

Choro todas as noites e todos os dias por viver assim a tanto tempo. Não sei por que isso aconteceu comigo. Tudo que desejo é fugir daqui mesmo sem saber onde ir ou quem são meus pais e meu nome, eu queria sair, ir o mais longe possível dele.

Eu já não aguento mais. Sei que estou doente e as vezes desejo morrer para assim, não passar mais por tudo o que venho passando a anos.

Não aguento mais passar fome, nem apanhar, nem ficar presa 24 horas todos os dias aqui dentro. Não quero mais ele encostando em mim. Sinto nojo de mim mesma a cada toque repugnante dele em meu corpo. Dói cada vez que ele me força a fazer o que ele quer. Eu só quero fazer tudo isso parar.

Mesmo que seja através da morte. Eu já tentei me matar. Uma vez ele trouxe o que ele chama de comida para mim e em um descuido dele eu peguei uma faca e escondi..quando ele me acorrentou e saiu trancando a porta eu logo peguei a faca porque sabia que ele não ia demorar muito a sentir a falta dela e pressionei contra meu pulso perto da grossa algema.

Eu só queria parar de sofrer então deixei minha mão cair ao lado do meu corpo enquanto via o chão começar a ficar vermelho do sangue que escorria por minhas mãos e esperei minha tão sonhada liberdade desse sofrimento.

Mas, quando eu já estava começando a perder os sentidos, escutei a porta abrir com força e ele me puxando do chão e me xingando por fazer isso e então apaguei.

Quando acordei a primeira coisa que senti foi um tapa forte em meu rosto e meus pulsos doendo muito enrolados em uma faixa com as algemas pressionando os cortes. Quando abri os olhos ele estava com um olhar raivoso o rosto vermelho e os punhos serrados. Ele me espancou e me deixou dois dias sem água ou comida. Disse que era por eu ter me comportado mal e ter me ferido.

Depois daquele dia ele não se descuidou mais com o que ele trás para mim. Não sei quem ele é ou o porque ele faz isso comigo. Ele só diz para chamá-lo de Leon ou as vezes de mestre.

Tudo que restou da minha tentativa de liberdade foi mais um par de cicatrizes para completar minha coleção distribuída em meu corpo. Mas tenho um fio muito fino de esperança de que um dia sairei daqui. Mas a cada dia nesse inferno eu desisto um pouco mais.

Hoje estou muito mal, já não como a um tempo e estou com fortes dores na minha barriga por conta do último aborto que Leon me fez ter. Ao longo desses anos já era o quarto aborto que sofria. Ele abusava de mim depois se eu engravidar ele me dava umas coisas para tomar. Mas dessa última vez foi pior. Não sei se por causa da fraqueza ou de alguma doença que suspeito que tenho, eu não estou me sentindo muito bem.

Close (Capri)Onde histórias criam vida. Descubra agora