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-O que vocês querem tanto nos mostrar? -Rosa perguntou enquanto guiávamos ela e Victor de olhos fechados pela casa.

-É surpresa. -Darla repetiu pela milésima vez.

-Vocês não vão se arrepender. -Mary adicionou.

-Ok, prontos? -Freddy perguntou, destrancando e abrindo a porta dos fundos, revelando a árvore de aproximadamente cinco metros que Mary e Pedro conseguiram, eu não tinha ideia de onde.

-Meu Deus, vocês... -Rosa disse, sorrindo, enquanto descemos os degraus até o quintal. -Como conseguiram isso?

-Juntamos nossas mesadas. -Eugene respondeu, olhando para o topo da árvore.

-Talvez eu tenha feito um levantamento mais pesado. -Pedro continuou.

-Mas até que valeu a pena. -Darla completou.

-Não, Freddy, não, não -Victor começou a protestar, quando Freddy estava prestes a conectar uma tomada à uma extensão. -Isso vai explodir o disjuntor, não...

Assim que ele conectou as duas partes, a árvore inteira se acendeu, com luzes de natal brilhantes, mais do que qualquer pessoa poderia contar. Minha cortesia.

-É, nós consertamos os problemas na eletricidade. -Billy disse para Victor, e eu sufoquei uma risada, já que nunca houveram problemas de eletricidade. Apenas muitas crianças sendo atingidas por raios.

-É, nós meio que conhecemos um eletricista... Bem, alguns deles na verdade. -Mary comentou, rindo.

-É, as pessoas podem te surpreender de vez em quando... Se você der uma chance. -Billy se virou para Mary sorrindo, e ela sorriu de volta. Eu me lembrava dela repetindo aquilo algumas vezes, como se fosse uma filosofia de vida.

-A gente fez um bom trabalho. -Freddy sussurrou pra mim.

-É, a gente fez. -Sussurrei de volta, sem tirar os olhos da árvore, me permitindo só focar nas luzes, na sensação de sentir (além do frio) Freddy e Mary encostados em mim, Rosa mexendo no meu cabelo, e os sons das risadas deles.

Eu tinha poderes dados por um mago. Eu tinha poderes mágicos. Mas mesmo assim, magia de verdade é o que aquele momento significou na minha memória. E eu sabia disso.

~⚡~

-A gente podia fazer mais desses. -Eu falei para Darla, apontando para um bonequinho de neve feito com duas bolas de isopor coladas uma na outra.

Os materiais de arte dela (e alguns dos meus) estavam espalhados pela mesa de centro, eu estava sentada no tapete de um lado, e ela estava do outro. O resto estava espalhado pela sala, nas poltronas, e no sofá. Pedro estava escutando música tão alto, que, mesmo com os fones, eu podia ouvir os ruídos das batidas. Ocasionalmente, Freddy soltava algum comentário sobre o quadrinho que ele e Billy tinham em mãos. Eugene surpreendentemente estava mais quieto que o normal. Geralmente, ele estaria gritando com a tela do computador. Mas, naquele dia, ele apenas estava com os olhos fixos na tela do celular, sem dizer absolutamente nada. Mary, como sempre, escrevendo, com um caderno apoiado no colo.

Aquele foi um dos momentos que eu gostaria de congelar. Que, se memórias pudessem ser guardadas e emolduradas, essa seria a primeira que eu pensaria.

-É uma boa ideia. -Darla respondeu, tirando mais bolinhas de isopor da caixa de plástico colorida, onde o material dela geralmente ficava.

-Talvez a gente faça um pra cada um? E depois a gente pode pintar com as cores dos nossos casacos. -Falei, colocando o pincel no copo de água depois de terminar de pintar uma bolinha de gude de vermelho, que serviria como fruto pra uma guirlanda.

Ela assentiu, sorrindo e pegando sete tubos de tinta acrílica: vermelho, azul, amarelo, verde, vinho, cinza e roxo.

-Como tá indo a comic? -Perguntei para Billy e Freddy no sofá, enquanto montava outro bonequinho de neve, e pegava a pistola de cola quente.

-É incrível. -Freddy respondeu. -apesar de terem matado o Robin. De novo.

-De novo? -Perguntei, surpresa. -espera, qual deles?

-Tim Drake.

-Só porquê é o meu favorito. -Bati a pistola de cola levemente na mesa. -Não leio mais os quadrinhos do Batman por esses motivos.

-Até a Hilary tá entendendo o que tá acontecendo sem nem olhar, e eu tô olhando pro mesmo painel há 5 minutos sem entender nada. -Billy comentou, fazendo com que eu risse, e pudesse ouvir as risadas de todos na sala.

-A gente ainda vai te converter para o mundo da DC Comics, Batson. Só aguarde. -Eu disse piscando pra ele, e voltando ao enfeite que eu estava fazendo.

-Um dia vocês chegam lá. Um dia. Bem longe desse.

-Depois que a gente te convenceu a tentar escalar até o topo da árvore de Natal do museu, nada é impossível. -Ouvi Freddy falar.

-Espera, vocês convenceram ele à o quê? -Eugene perguntou rindo, e, pela primeira vez em horas, colocando o celular de lado.

De repente, Mary tirou o olhar do caderno, e apoia a caneta sobre a folha. Pedro tirou os fones, e eu e Darla colocamos nossos pincéis no copo de água, e todos nos viramos para os dois no sofá.

-É uma história muito boa... -Freddy começou, e contou a história, detalhe por detalhe. Enquanto todos nós ríamos, Billy passou do seu lugar no sofá para ao meu lado no tapete, e escondeu a cabeça no meu ombro quando começou a corar quando Freddy chegou na parte de como deu errado.

Foi estranho ouvir as risadas de todo mundo ao mesmo tempo. Era raro ouvir Pedro rir. Ou Eugene. Até mesmo Mary. Eu não podia descrever o sentimento que ouvir eles felizes me dava. A única coisa que eu conseguia pensar, enquanto Freddy continuava a história, e as risadas deles (e a minha!) ficavam cada vez mais intensas, era:

Deuses, eu amo eles.

Lightning Before The Thunder (Shazam)Onde histórias criam vida. Descubra agora