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-Hilary? -Minha mãe bateu na porta do quarto, já abrindo-a de uma vez.

-Oi! -Respondi tirando os fones quando ela se apoiou no batente.

-Queria saber se você quer com... Filha, o que aconteceu com seu rosto? -Ela perguntou preocupada, se referindo ao curativo em minha bochecha.

-Ah, eu... -Gaguejei, tocando o curativo com a mão. -Eu tropecei nas escadas do colégio hoje na saída. Nada demais.

Naquela época, minha mãe simplesmente acreditava em todas as minhas mentiras.

Mais tarde, assim que tive certeza de que ela estava dormindo, coloquei meu casaco por cima do pijama da Mulher-Maravilha e joguei a mochila nos ombros. Desci as escadas em completo silêncio, parando para calçar os tênis só no andar de baixo, onde já não havia mais perigo de acordar minha mãe.

Me assustava muito andar pela rua sozinha à noite. Mas se eu não olhasse para os lados, apenas focando na casa Vásquez na rua da frente, eu não ficaria com tanto medo. Quando cheguei na frente da casa, Freddy já estava lá, também de casaco, sentado na varanda.

-Finalmente! -Ele sussurrou, se levantando.

-Não é culpa minha se minha mãe demorou a dormir! -Sussurrei de volta, abrindo a mochila e tirando um estilete que eu havia pegado dos meus materiais de arte.

-Hm... Me explica? -Ele perguntou, apontando para o objeto.

-Pra caso ele seja um pedófilo. -Dei de ombros.

-Boa, Bennett. Agora vamos! -Ele me puxou pelo pulso até a avenida que dividia nossas ruas, que estava muito vazia. Me fez estranhar, já que eu costumava passar por aquela avenida todos os dias, e sempre estava lotada. A única pessoa ali era aquele homem com roupa de super-herói, se olhando no retrovisor de um carro e dando tapinhas no próprio rosto, como se quisesse acordar de um sonho ou algo assim.

-Ah, graças à Deus! -Ele disse ao ver a gente, caminhando em nossa direção.

-Para! -Alertei tirando a lâmina do estilete e estendendo na direção do homem, ao mesmo tempo em que, por reflexo, empurrava Freddy para trás de mim.

-É, como nós vamos saber que você não é um super-vilão usando habilidades telepáticas para fazer nós dois acreditarmos que você é o Billy? -Ele perguntou, discando o 911 no celular.

-O quê? -O homem perguntou confuso, claramente não tendo a mínima noção de metade das palavras de Freddy.

-Eu só preciso clicar nisso. -Ele levantou a tela, mostrando o número da emergência no discador.

-Não, não, eu tenho provas... -O homem tirou uma mochila das costas, que eu reconheci realmente ser a mochila do Billy, verde com o emblema de tigre, e começou a procurar algo. -Eu tenho provas bem aqui. Olha, eu menti, ok? Eu peguei sua bala. -Ele tirou o saquinho hermético com a bala dentro. Mas o fecho estava aberto, o que fez a bala cair direto em um bueiro. -Não! Não!

-Não! -Freddy gritou junto, se abaixando para tentar pegar.

-Porcaria de mão de adulto! -O homem reclamou, de um jeito infantil que me fez realmente começar a acreditar no caso de ele ser o Billy. -Mas vocês viram! Você viu, certo? -Ele perguntou para mim. Revirei os olhos. -Freddy, Hilary, eu juro que sou eu. Olha, nós não somos melhores amigos mas são os únicos que eu conheço que sabem algo desse lance de "Cruzado Encapuzado".

-É o Batman. -Eu e Freddy respondemos juntos.

-O quê? -O homem perguntou confuso.

-Esquece. -Freddy balançou a cabeça. -Eu posso...? -Perguntou apontando para o grande e luminoso raio amarelo no peito do uniforme.

Lightning Before The Thunder (Shazam)Onde histórias criam vida. Descubra agora