Nunca havia visto uma pessoa que fosse detentora de tamanha beleza, parecia uma obra de arte. Provavelmente teria uns 1,80 de altura, cabelos mais escuros que a noite e totalmente encaracolados e dono de um tom de pele que se assemelha a cor sépia, igual a minha.
Seus olhos começaram a perder o brilho e ficou apenas o rosa discreto dando uma suavizada na sua expressão de raiva direcionada a mim.
- Me responda primeiro: "porque você quase tocou nela? O que sentiu?" - Soltou minha mão para ajeitar seu terno branco. Tudo que ele usava era branco, desde o sapato social até o chapéu em sua cabeça. O único que se diferenciava era sua gravata rosa que combinava com a cor de seus olhos.
- Ela me chamou, eu senti a necessidade de tocá-la... De sentí-la. - Digo meio constrangida com essa confissão.
- Meu nome é Cauê, o seu é? - Cauê estende sua mão até seu queixo e esfrega com uma expressão de interrogação.
- Gabriela, me chamo Gabriela. Cauê, te peço. Ajude minha professora, ela está paralisada e... - Olho para trás e não vejo mais ninguém. - O que aconteceu? Onde ela está? - Olho envolta e não me vejo no mesmo lugar que eu estava antes. - Cauê, onde eu estou? - Me afasto dele.
- A planta que você tentou encostar... - Aponta para a flor que emanava luz próximo a nós. - ela se move pelas raízes da floresta. Você andou 11 quilômetros do lugar que ela estava originalmente. Não se sente cansada?
- Não... - Examino minhas pernas e não sinto sequer um leve cansaço. - Quero voltar para onde está minha professora, preciso levar esta flor para o laboratório! Pessoas morreram por causa dela. Poderia me ajudar? - Me aproximo novamente da flor só que desta vez não me sinto atraída por ela e a pego na mão.
- Não é possível... - Cauê exclama. O examino confusa o que faz com que ele se explique. - Esta flor só responde a sua espécie e aos... Nativos que vivem acerca dela. Qualquer um que tocá-la acaba morrendo na mesma hora, mas você não. - diz gesticulando com as mãos andando em volta de mim. - Façamos o seguinte, te levarei até a sua professora se você prometer me encontrar aqui amanhã. Se não, poderá sozinha procurar o caminho de volta.
- Já que você não me dá uma escolha segura, estarei aqui amanhã. - Esse cara se sente muito, que raiva dele. Quem ele pensa que é? - Agora me leve!
- Como quiser, senhorita. - Cauê faz uma reverência tocando em seu chapéu.
- Cauê? Porque você está de terno no meio da floresta? - pergunto enquanto caminhamos.
- Isso eu não posso te contar, mas, se quiser descobrir, amanhã te direi. - Sorri de forma presunçosa. - Mas me diga, porque está aqui, Gabriela? Não é nova demais para ser uma cientista que se mete nas florestas?
- Primeiro, sou estudante. Segundo, não estou me metendo. Vim aqui ajudar minha orientadora porque ela foi chamada de São Paulo até aqui para verificar o que estava acontecendo e porque tantas pessoas estavam morrendo por causa de apenas uma flor. - Levanto meu rosto com orgulho do que disse. Minha professora é importante e logo eu também serei e não deixarei que nenhum idiota me diminua ou diminua meu compromisso.
- E isso não é se meter? A floresta está aqui dizendo aos que não foram convidados que devem se retirar, mas vocês continuam aqui, não? Me dê sua mão. - Cauê estende sua palma de forma cavalheira para me ajudar a descer as pedras íngremes e quando a estendi à ele, Cauê me jogou em seu ombro de forma grotesca como se fosse um saco de batata no seu ombro. - Você anda muito lentamente, meu amor.
Quando pensei em protestar um vento forte me fez fechar os olhos por instinto e assim que os abri me deparei com o fim da floresta e a estrada a qual pegamos o ônibus.
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O Amanhecer
Romance"O Amanhecer" é uma história envolvente que narra a jornada de Gabriela, uma jovem recém-formada em biologia que decide continuar seus estudos com sua orientadora, Sophia. Quando um incidente na Floresta Amazônica chama a atenção de Sophia, Gabriela...