Capítulo 14

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Kara tinha os olhos fechados, ela manteve a cabeça apoiada no peito largo e quente, diminuindo sua capacidade auditiva para focar no seu olfato; ela estava sentindo o cheiro de casa.

Casa; ele tinha cheiro de café e cookies, toque de baunilha e chocolate. Eris Venserra tinha o cheiro de seu irmão, ela aconchegou ainda mais o corpo, deslizando seu nariz pela túnica verde do feérico que a abraçava e sentia o mesmo cheiro de familiaridade, Kara sentia como se a felina não tivesse indo embora, no fundo ela ouvia seu peito ronronar a cada vez que seu irmão acariciava seus cabelos.

Eles estavam sozinhos no escritório. Ele e ela, ela e ele, ela sentia como se eles fossem o começo e o fim, almas gêmeas que vieram ao mundo como irmãos, eles se adoravam, se apoiavam, e mais do que tudo, sentiam falta um do outro.

— Não sabe o quanto senti sua falta, irmãzinha.

A voz acariciou a mente perturbada de Kara; existia tanta saudade dentro dela.

Em um mundo onde ela era encarada como perigo, em um mundo onde ela poderia ser morta quando bem entendessem, em um mundo onde ela não se sentia bem vinda. Nesse mundo, Kai era tudo que Kara precisava, uma corda para sua realidade.

— Pensei que nunca mais ia sentir o cheiro de casa — ela sussurrou. — Senti sua falta, Kai. Todo dia senti sua falta.

Ele a agarrou mais forte, tanto que Kara tirou os pés do chão e logo estava totalmente no colo de seu irmão, abraçada por ele, encolhida e protegida por ele; seu irmãozinho.

— Nunca mais, Kara. — Ele a aperta mais forte quando a ouve a soluçar e chorar. — Nunca mais.

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— A vida não para de me surpreender... Amarantha e Eris? — Cassian balançou a cabeça.

Morrigan do outro lado da sala encolheu os ombros, abraçando a si mesma enquanto olhava para o chão.

— Nos resta saber o que faremos com isso.

— Ele tem a mesma cor de cabelo e olhos que ela — Amren pontuou. — É Eris, mas está deixando de ser, tanto quanto ela está deixando de ser Amarantha.

— Isso não apaga o passado — Azriel murmurou.

— O que faremos então? Vamos matar ambos? Não é Amarantha, não é Eris! — Cassian fala virando uma taça de vinho.

— Não vamos matar ninguém.

Foi Rhysand quem disse, a voz fria como a morte.

Os irmãos não deveriam morrer por culpa de idiotas descontrolados. Eram as palavras dele, o pensamento dele, Rhysand teria direito de tirar isso de Kara? Ela morreu para proteger o irmão, o que faria para o proteger de uma ameaça agora? Rhysand não testaria, não era direito dele.

Passos vieram do corredor, o cheiro de ambos os irmãos enchendo o ar. Eles emergiram na luz, cabelos avermelhados e olhos cinzentos, juntos, lado a lado, como uma barreira que protegeria um ao outro.

— Ele está disposto a responder tudo o que quiserem — Kara anunciou, olhando para o Grão-Senhor, apertando a mão de seu irmão.

Algo se quebrou no peito de Rhysand. Kara tinha medo no olhar, medo que refletia em Rhysand. Ela achava que ele faria tal coisa?

Sim, ela acha. Ele pensou. Eu fui um idiota por muito tempo, Kara tem direiro de sentir medo.

— Posso falar com você, Kara?

Ela arregalou os olhos e assentiu, se virando para o irmão ela murmurou algo baixo e caminhou para o lado de Rhysand, eles ouviram Amren dizer algo antes de serem cobertos por um escudo.

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