Capitulo Quatro: Domingo (parte 2)

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             E naquela manha em outro lugar, não muito longe da casa de Isabelle alguém também havia acordado de forma rude, eu não estava lá, mas chamei outro amigo meu que estava ele se fingi de bom moço então foi fácil o convencer.

"- Primeiramente um oi né, diferente do Sr Amor e da Srt Dor eu sou educado."

"- Ah me poupe Ódio, deixe de mimimi e conte logo."

"- Não seja deselegante Amor, não me interrompa."

               Como eu ia dizendo naquele dia eu não acordei com o Filipe.

"- Como assim ódio? Se me disse que tava lá dês do começo, que viu tudo."

"- Cara, se você me interromper de novo lhe parto a face, deixa de ser chato porra."

               Continuando, eu não acordei com Filipe, mas eu já estava na casa eu despertei nos olhos do pai dele. O velho Tiago batia, chutava, ele implorava pela minha presença, e eu fiz o que me cabe, compareci.

- O que? Você deve estar de brincadeira comigo né moleque - o Sr Thiago gritava de tanto ódio, ah se vocês soubessem como amo meu trabalho - já não basta assumir para o bairro todo que você é isso ai, agora vem e me diz que tem um namorado? Um namorado, á se teu avô te visse, onde eu errei com você.

- Você não errou em nada pai - respondeu chorando o irmão de Filipe - eu nasci assim, me entenda.

- Tiago já chega, por favor - agora que interveio foi a mãe dos garotos - olha o escândalo que você esta fazendo em plena manha de domingo, você já sabia que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde, ele só quis te contar, para você não ter que saber pela boca de um daqueles alcoólatras do bar.

              A aquilo era um banquete para mim, eu leio mentes assim como o Amor, e até as manipulo se eu estiver bem forte naquele corpo, e foi isso que eu tentei fazer na mente de Tiago, mas aquele velho não me obedecia, algo impedia que eu o controlasse.

            E em meio a lagrimas, suspiros e outros atos humanos eu distingui a presença de alguns amigos meus, vi no velho o que me impedia de controlá-lo, um fragmento, uma fração do inútil do Amor que não me deixava agir com força total, na velha tinha uma verdadeira suruba de emoções percebi a Dor, o Medo e um pouco mas bem pouco de mim a ocupava, e no bixinha só percebi dois amigos meus, a Tristeza e o Medo, muito medo.

              Então eu o vi, Filipe na entrada para a cozinha, assistindo ao espetáculo, ele não sentia nada, estava neutro, ou melhor, ele ficou neutro até o grito dela.

- Tiago, solta ele.

             O velho perdeu o controle, eu fui mais forte, mais uma vez eu venci o tolo Amor, agora ele estava sentado encima do filho dando murros no garoto e ouvindo os gritos de desespero da mulher, mas eu estava muito forte e não estava mais só, a Raiva que é praticamente minha irmã também estava lá, fazendo seu trabalho. Juntos, e ativos, batemos, chutamos aquela altura ninguém nos pararia.

             Pelo menos foi assim que eu pensei, algo nos parou, foi uma coisa tão rápida que eu nem notei, Filipe não estava mais neutro, ele convocou o Medo, que numa situação onde alguém que você ama é espancado automaticamente convoca a Fúria, e foi ela quem manipulou Filipe contra o pai.

          A ultima coisa que eu vi enquanto eu comandava o velho Tiago foi um olhar assustado, ao ver seu filho mais novo se jogando contra ele, foi um murro certeiro na barriga, seguido de socos e mais socos nas costas.

           Eu estava muito confuso, Filipe se levantou, nas mãos dele havia sangue do seu próprio pai, e nos olhos de Tiago pro incrível que pareça havia orgulho, muito orgulho.

- Você Filipe - disse o velho - pelo menos não é um fraco que chora quando ta com medo.

            Tiago se levantou, eu não parasitava mais nele, mesmo assim eu ainda estava na casa, só então me toquei, eu estava em Filipe, agora via tudo pelos olhos dele, vi um pai escroto saindo da cozinha, uma mãe e um irmão chorando saírem abraçados para a área de serviço.

           Eu me vi subindo as escadas, vestindo uma blusa maior que eu, um tênis surrado e sujo, pegando um celular na gaveta e correndo pela rua.

           O Ódio, um garoto, numa manhã de domingo sem sol, apenas grandes nuvens do que poderia ser mais tarde uma grande tempestade, uma manhã fria, um garoto sem motivos para sorrir, com vontade de bater, chutar, estrangular. Como solução corremos, eu sabia para onde iríamos, afinal eu leio mentes, o parque era o nosso destino, corremos para lá, a ultima coisa que vi de dentro do corpo de Filipe foram uma sapatilha rosa com um laçinho dourado encima. 

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⏰ Última atualização: May 25, 2015 ⏰

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