Fui até a sala de Recursos Humanos novamente para falar com a diretora loira. Cheguei e pensei em bater na porta, mas ela nunca escuta e, se ouve, finge não escutar. Então, simplesmente abri a porta e entrei. Assim que entrei, ela me acertou com um livro na cara, o que me fez cair no chão.
— Você não sabe bater, garoto? - disse ela normalmente.
— Você nunca escuta quando eu bato, sua pirralha! - gritei, irritado por ela ter me acertado com um livro.
Deu para ver uma veia de nervo aparecendo na testa dela quando eu falei isso.
— QUEM VOCÊ ESTÁ CHAMANDO DE PIRRALHA? SOU SUA SUPERIORA, SEU PUNHETEIRO! - ela gritou, nervosa.
— COMO É QUE É? APOSTO QUE VOCÊ É DAQUELAS QUE VENDE FOTO DO PÉ, SUA PIRRALHA! - retruquei, irritado.
Começamos a nos encarar, um olhando para o outro com intenção de matar.
— O que você quer, seu pirralho? - ela perguntou ainda brava.
— Gostaria de me oferecer para a função FAST-SUPA. - disse, firme.
Ela ficou séria.
— Do que você está falando? - ela me perguntou, séria.
— Eu sei do teste FAST-SUPA e como é feito. Não ligo para os riscos, só quero passar e começar a ganhar R$ 5000,00 todo mês. - disse com convicção.
— Então está fazendo isso por dinheiro? Se você conhece o teste, tem noção de que pode acabar morrendo, não é?
— Tenho sim!
— E ainda assim vai fazer o teste? Por dinheiro? - ela fechou os olhos como se estivesse decepcionada.
— Sim, preciso do dinheiro.
— Muito bem, garoto, me acompanhe.
(...)
Entramos em um porão do mercado, estava tudo escuro. Esse mercado precisa de luz, na moral. As luzes se acenderam, mas não por uma lâmpada. Tinha uma máquina gerando raios tão fortes que iluminava o porão inteiro. O lugar inteiro estava correndo eletricidade.
— Muito bem, é só pisar em qualquer lugar depois dessa linha. - ela disse.
Olhei para baixo e vi uma linha vermelha. Se eu pisar em qualquer lugar depois dessa linha, vou ser eletrocutado.
— Certo, depois que eu pisar, o que acontece? - perguntei meio nervoso com a situação.
— Você vai ter que aguentar por um determinado tempo. Quando esse tempo passar, eu vou desligar a máquina. - ela me respondeu.
Ela não parecia nervosa como se já tivesse feito aquilo milhares de vezes. Eu engulo meu nervosismo enquanto a Diretora sai da sala. As ondas de choque estão me assustando muito, e já consigo sentir um pouco da eletricidade que me espera. Sem pensar, apenas pulo e vou, AGORA!
Salto e caio na eletricidade.
Meus músculos se contraem completamente, e eu caio no chão, incapaz de me manter de pé. Minha respiração é horrível, mal consigo respirar. Nunca senti essa dor antes e não consigo nem gritar. É uma sensação horrível. Minha pele já está queimando, meu coração batendo de forma descontrolada. Não posso resistir mais, este é o meu fim.
(...)
(lembranças)
— Maninho, um dia faremos uma surpresa para a mamãe? - perguntou minha irmã.
— Que tipo de surpresa? - questionei.
— Eu estava pensando em dar muito dinheiro para ela. Não gosto de vê-la chorando.
— Como assim chorando?
— Esses dias vi a mamãe chorando no banheiro enquanto falava ao telefone. Ela pedia dinheiro para comprar nossos presentes de Natal.
Ouvindo isso, meu peito apertou. Mesmo nessas condições, nossa mãe se esforça para nos dar o melhor. Prometo, mãe, que vou me tornar rico e dar uma vida que nunca imaginou ter, para você e minha irmã. É UMA PROMESSA!
(...)
(atualmente)
Não, esse não é o meu fim, não até cumprir minha promessa à minha mãe!
Apesar de estar muito machucado, concentro-me em não morrer. Minha noção de tempo é zero e, com este choque, não consigo calcular quanto tempo já passou. Mas, se continuar assim, acabarei morrendo eletrocutado. O que faço? Pense, pense, pense!
Começo a sentir a eletricidade se unir em meu corpo, como se estivesse formando uma esfera de eletricidade dentro de mim. O choque para de me machucar um pouco, e uma adrenalina absurda começa a tomar conta de mim.
Levanto-me e começo a correr pela sala inteira em uma velocidade incrível, parecendo até uma bala de tiro. Os raios começam a ficar mais fortes, e minha velocidade mais rápida ainda. Tudo está frenético, e sinto uma adrenalina nunca antes sentida em toda minha vida.
Até que a eletricidade para, e eu desmaio.
A diretora entra na sala.
— Quem é você, pirralho? - ela se pergunta, olhando para mim desmaiado.
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SUPA - MERCADO PECULIAR
ActionO livro conta a história de Arrin, um jovem que enfrenta dificuldades financeiras em uma parte pobre da cidade. Após perder sua mãe em seus braços, Arrin consegue um emprego como estagiário no mercado SUPA, onde conhece Hinata e se apaixona por ela...