O Trabalho dos Sonhos e o Pesadelo em Casa

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— Aqui, dá uma olhada no meu contracheque - ele tira um papel do bolso e me entrega.

Eu olho direto para o valor total do contracheque e... R$5000,00 redondinhos! Na carga horária, constava que ele trabalhara apenas uma vez por semana.

— Mano, como consigo esse cargo? - pergunto superempolgado.

— Não posso dizer, foi mal - ele pega o papel da minha mão.

— O quê? Por quê? - pergunto, muito curioso.

— São ordens. Mas, agente se esbarra depois - ele responde e desce as escadas, indo embora.

Calma, quer dizer que começo ganhando apenas R$800,00, mas posso chegar a ganhar R$5000,00? Isso é demais! Tenho que conseguir trabalhar aqui, não importa como.Vou até a sala do RH.

Bato na porta e pergunto se posso entrar, mas ninguém me responde. Resolvo entrar.

Entro e vejo uma loira que parecia ser mais nova que eu na frente de um computador com uma pilha imensa de papéis sobre sua mesa.

— Posso te ajudar, garoto? - ela pergunta, sem olhar para mim.

— Garoto? Você tem quantos anos, pirralha? - disse sem pensar. Não gosto que me chamem de garoto.

— Bela maneira de causar boa impressão a quem vai te contratar. - disse ela em um tom ameaçador.

— Desculpas! - juntei as mãos e abaixei a cabeça, para demonstrar que estou arrependido.Ela para de mexer no computador, se levanta e vem até mim.

— Para começar, como você se chama? - ela me pergunta, olhando em meus olhos.

— Me chamo Arrin. E você?

— Meu nome não importa. Se precisar me chamar, me chame de Diretora. - ela disse, séria.

Nossa, ela é bem nervosa para o tamanho dela. Eu tenho 1,75 e ela deve ter 1,55 no máximo.

— Certo, Diretora. Eu estou interessado na vaga de emprego. - disse confiante.

— Sério? Achei que você veio aqui na minha sala para passear. - disse sarcástica. - Muito bem, preencha esses dados e já pode começar. Seu uniforme está naquela mesa ao lado da minha.

Pego o papel para preencher os dados e vejo as perguntas. Devem ser bem difíceis.

"Como se chama?""Qual sua idade?""Tem alguma doença?""Qual seu gênero?"

Uau, são perguntas... fáceis demais. Isso nem pode ser chamado de pergunta! Tem algo estranho nisso, mas não é hora de pensar nisso. Pego uma caneta que estava em cima da mesa e preencho os dados, entregando o papel para a mulher atrás do balcão. Ela olha para o papel, o amassa e joga-o no lixo. Fico encarando-a, sem entender o que está acontecendo.

— Não vai pegar os uniformes? - pergunta ela.

— Claro! - respondo, já indo em direção aos uniformes.

(...)

Chego em casa para contar a novidade à minha irmã. Acho que ela vai ficar feliz em saber que não precisará mais pedir lanches na escola aos outros alunos. Abro a porta e vejo um homem musculoso enforcando minha irmã.

Vou correndo em direção a ele, pulo e acerto uma voadora na sua cabeça, fazendo o cara cair no chão.

— Vamos embora, maninha! - seguro o braço dela e puxo-a, mas ela resiste.

— Eu que chamei ele aqui, mano. Nossa situação está horrível, então tentei ajudar me...

Não pode ser. Não estou prestes a ouvir que minha irmã de 13 anos está se prostituindo para conseguir dinheiro para nós. Minha irmãzinha sempre foi educada e gentil com todo mundo. Na escola, ela sempre pedia um pouco ou um pedaço do lanche de alguém, mas houve um dia em que um garoto a empurrou, derrubando-a no chão e cuspindo em sua cara, chamando-a de "morta de fome escrota". Nunca foi fácil para nós, mas não vou permitir que chegue a esse ponto. Nem que eu tenha que trabalhar no mercado por mais de cinco horas por dia! Você vai continuar sendo essa pessoa incrível que você é, maninha, e só vai se entregar a alguém se você quiser.

 Nem que eu tenha que trabalhar no mercado por mais de cinco horas por dia! Você vai continuar sendo essa pessoa incrível que você é, maninha, e só vai se entregar a alguém se você quiser

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Minha irmã não conseguiu terminar de falar e caiu no choro.

— Não precisa falar mais nada. Vamos embora daqui... - fui interrompido.

O homem que eu havia chutado se levantou e me deu um soco no rosto. Já levei socos antes, mas nunca como aquele.

— Quem você pensa que é para me chutar, moleque do caralho! - disse ele, irritado.

— Eu penso que sou o cara que está protegendo uma menininha de 13 anos de um pedófilo como você, seu monte de merda! - fui interrompido novamente.

Ele me acertou novamente com um soco, mas dessa vez ele não parou. Começou a me surrar, acertando-me várias vezes no rosto. Já estava começando a escorrer sangue pelo rosto, e o maldito não parava por nada.Minha irmã chorando foi tentar impedi-lo, mas ele a empurrou, e eu não podia fazer nada, pois não dava conta de brigar com um homem desse tamanho.

— Você vai morrer, seu mole... ele começou a dizer antes de ser interrompido.

Não consegui ver o que aconteceu depois, pois meu olho já estava inchado.

— Vim te explicar como as coisas funcionam no mercado e colocar o papo em dia, mas vejo que você está ocupado, não é, Arrin? disse Maquin.

SUPA - MERCADO PECULIAROnde histórias criam vida. Descubra agora