Capítulo XXII: O Ceifador passa na porta

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Uma hora: Ataduras entram e saí; eu morno água mais do que necessário; ouvia Charlie gemer de dor; Daiana entrava e saia com ataduras rezando em sussurro; e eu, agachada sozinha na porta, orava enquanto lágrimas desesperados escorre por minha bochecha...

Duas horas: O desespero começa a bater; mais panos entravam e nenhum saiam; garrafas de whisky cheias até a borda entravam, e todas saíam totalmente secas; Eliza estava aqui ao meu lado, eu orando e ela rezando, tremendo com muito medo do pior, do outro lado, Damien encostado na parede tremendo, e de outro, Thomas sentado orando em murmuro...

Três horas: Eu não suportava mais ficar parada, esperando Mackenzie e notícias, começo a andar em círculos; a mãe de Charlie, sentada chorando, tentava se recuperar do desmaio que teve ao saber a notícia; o conde fumava com afinco, sem parar por nenhum segundo; Stephanie e Elisabeth estava em um canto, com as mãos dadas, Elisabeth chorando muito, Stephanie apenas calada; Damien, agora sentado no chão, segurava os cabelos, já inquieto; Thomas havia subido para colocar as crianças para dormir; minha vontade era de arrombar a porta, e entrar de vez, e talvez eu tivesse feito isso, se Mackenzie não tivesse saído para fora naquele momento:

- Graças à Deus - digo indo até ele. - Como ele está doutor? Algo mais grave?

- Como o meu filho está Mackenzie? - a Condessa diz desesperada. Eu estava com muita vergonha de falar com a condessa, pois Charlie estava comigo quando caiu, e agora: levou um tiro...

- Acalme - se condessa e Clara - Mackenzie diz suado, com a camisa colada em seu peitoral de tanto suor. Ele estava quase para cair de cansaço. Passa rapidamente por nós e se joga na cadeira em que Stephanie estava. - Bom - ele diz com um suspiro cansado, limpando o suor que escorria de sua testa - , Charlie não corre quaisquer risco de vida. Ele não foi diretamente baleado, foi de raspão. Saturei o lugar, e fiz todo o procedimento adequado...

- Que maravilha - A condessa diz suspirando aliviada. - Graças à Deus!

- Ele está acordado - Mackenzie diz tomando água. - Mas muito bêbado. Tive lhe dar três garrafas e meia de Whisky para fazer ele se acalmar

- E o que ele diz? - vou até Mackenzie, com todos brilhando em expectativa para saber

- Bom, ele tinha pressa para saber como você estava - ele pega uma toalha com água fria que Daiana lhe entregou, e coloca nos olhos. - Ficou com muito medo de você estar machucada. Mas eu o tranquilizei, dizendo que você estava ótima e esperava aqui fora

- Graças à Deus ela está bem - A condessa vem até mim, e coloca a mão livre nas minhas costas, enquanto a outra segurava um delicado lencinho. A condessa não me culpava, por contrário, me amava

- Ele será levado para o seu quarto quando o seu corpo se acalmar - Mackenzie continua, mais relaxado do que estava antes. - Eu mesmo ficarei vigiando ele durante a noite. E de manhã, deixarei duas enfermeiras

- Claro - a condessa murmura

- Muito obrigado Sr. Mackenzie por salvar a vida de meu filho - o conde diz largando o cachimbo. - Tenha a certeza de que será devidamente recompensado

- Não precisa Lord - Mackenzie se levanta, e aperta a mão do conde. - Foi apenas o meu trabalho. Se me derem licença - ele diz se curvando sem muito jeito, saindo em rumo ao quarto

- Desculpa Rosalind - vou até a condessa, que estava se preparando para sair. - Eu não podia imaginar que isso iria acontecer, eu realmente sinto muito...

- Clara - Rosalind diz ficando frente a frente comigo. - Eu seria muito imatura se acusasse você de fazer algo. Você é apenas desastrada querida, e isso ninguém pode prever. A culpa não é sua. Além de que, a ideia de sair do baile e fugir para a floresta não pode ter vindo de você - ela coloca as mãos na cintura

- Ah... - dou um sorriso tímido para ela. Não adianta, tentar mentir para a Condessa é um tiro no pé, ou na perna. - Não. Foi de Charlie...Mas mesmo assim! A culpa não foi dele, se eu não tivesse concordado, não teríamos ido

- É claro querida - ela coloca as mãos em minha bochecha. - Mas agora é passado, vá dormir. Eu assumo daqui por diante

- Posso ver Charlie antes de ir? - murmuro com olhar pidão

- Pode sim querida. Ele ficará mais calmo quando te ver - ela sorri carinhosa. - Mas ou logo lhe avisando: Charlie é muito cafajeste quando fica bêbado

Dou um sorriso forçado, Charlie não costuma ser cafajeste, ele faz insinuações nada elegantes quando fica corado, apenas isto é nada mais. No turbilhão desses pensamentos, saio em rumo ao quarto de Mackenzie, onde Charlie ainda estava deitado, esperando levarem ele para o seu quarto no segundo andar.

Dou duas batidas na porta, para sinalizar minha chegada. Abro lentamente a porta, e coloco minha cabeça para dentro: Charlie estava deitado com dois travesseiros na cabeça, com a perna da calça direita rasgada até o joelho, revelando uma perna tonificada e com pelos aqui e ali; Mackenzie ajeitava algumas coisas na sua mala, enquanto Charlie falava enrolado e devagar com ele:

- Licença - falo entrando de mansinho . - Vi aqui ver olhar como Charlie estava antes de ir para meu quarto

- Entre, entre - Mackenzie diz acendendo um charuto, e se encostando na escrivaninha. - Ele estava começando a ficar mais agitado mesmo

- Clara! - Charlie diz devagar. - Ah! Mon cher amour ! - ele tenta se levantar, mas para quando o Sr. Mackenzie o deita novamente


- Nada de levantar Charlie - Mackenzie diz com sua voz grossa ríspida. - Fique deitado, que Clara vem até você

- Hum, aqui na cama comigo? - ele dá um sorriso malicioso para mim. - Venha mon amour! Sou todo seu! - ele diz enrolado com as palavras

- Charlie! - grito envergonhada por sua falta de decência

- Rum - o Sr. Mackenzie diz com leve sorriso. Parecia se divertir com Charlie bêbado. - Eu vou dar licença para os dois, me avise se algo acontecer

- Sim senhor - falo sorrindo

- Ah! - ele diz voltando. - Não deixe ele se levantar

- Está bem - digo enquanto ia em rumo a cama

- Mais uma coisa - Mackenzie diz encostado na porta. - Charlie não dev...

- Deixe - nos à sós! - Charlie pega um dos travesseiros e joga contra a porta, forçando Mackenzie fechar a mesma

- Charlie! Que falta de modos são esses? - volto até a porta e pego o travesseiro no chão, enquanto esfolo Charlie com o olhar

- Ah meu amor! Não estou no normal quando estou contigo - ele se apoia nos cotovelos, e dá duas batidas ao lado de sí, com o sorriso mais cafajeste que já vi. - Venha mon amour , fique aqui comigo

- Com você assim? Não obrigada, vou me sentar em uma cadeira - pego uma cadeira de ferro que estava na escrivaninha, e à coloco ao lado da cama

- Mas que dame cruelle! - ele se joga na cama sorrindo

- Fala Francês? - me sento ao seu lado, e coloco o travesseiro em seu devido lugar. Depois verifico se ele não tinha febre

- Hum...se não me engano, aprendi com um chato professor careca - ele pega minha mão que estava em seu pescoço, e leva ao nariz, cheirando ela e beijando com força de vontade. - Dame qui sent bon!!

- Pare com isso agora mesmo Charlie! - digo enquanto sentia meu rosto queimar de vergonha. - Não deve se movimentar esqueceu?

- Ne m'aime pas? - ele diz com rosto triste

- O quê? - pego minha mão de volta, após Charlie parar de cheira - la

- ele começa a gargalhar - O seu roto...rosto! Isso, rosto...o seu rosto...o seu rosto...ce qui a été dit mon doux amant?

- O quê disse? Amant...amant- tento imitar o Francês perfeito de Charlie. - Me chamou de amante?!

- Talvez, belle dame - ele sorri maliciosamente, mordendo o lábio inferior, e logo após passando a língua nele

- Ora! É a última vez que lhe aviso sobre isso Charlie - ameaço séria

- Clara - ele diz com uma cara pálida, parando de sorrir. - Minha perna... começou a doer muito...

- olho para a perna de Charlie, e ela começava a sair sangue novamente, molhando as ataduras. - Vou chamar o médico Charlie, já volto - lhe dou um apressado beijo na testa

- Que visão belle - ele diz embaixo de mim, forçando um sorriso em meio a dor

Corro para fora, e aviso Mackenzie dá dor de Charlie, mas sou impedida pela condessa de voltar novamente. Me arrasto pelas escadas, e logo chego ao meu quarto, onde sou recebida com perguntas e mais perguntas de Fernandy e Harper.

Estou exausta! - é tudo que penso

Me jogo na cama de lençol azul, enquanto Eliza e Harper tentam tirar minha roupa, e Fernandy o que restou da minha bota. As costas doem, a panturrilha lateja, meu pés me matam de dor.

Que sono! - penso bocejando e me ajeitando nós lençóis

E começo ali mesmo pegar no sono, enquanto um corpo relaxa e as preocupações do dia cheio ficavam pra fora do meu reino dos sonhos. E nele elas não podiam entrar, não podiam olhar, nem sequer imaginar estar ali....

"Doces e lindos sonhos, me leve para longe..."


















Obrigada por ler =)
Desculpe quaisquer erros ortográficos
°1504 Palavras

A Lady: Filha do Barão ( Vol.1 ) {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora