Como a vida é engraçada. Em duas míseras semanas, ela pode ficar de ponta cabeça, e mudar tudo que você pensa e vê.
A duas semanas, fui sequestrada pela Condessa de Dorge e seus, digamos: capangas. E fui mantida em cárcere dentro do porão da família Dorge, em sua casa de campo, bem perto de Ágape.
Durante os primeiros 4 dias, eu não dormia e nem comia. Só chorava. Charlote, a criada de Stapheny, fazia de tudo para que eu comesse, mas eu recusava. Charlote era bondosa comigo, e não estava envolvida com nada disso. Pelo o que ela me contou, enquanto passava a madrugada acordada comigo, seu pai arrumou dívidas com a família Dorge, e ela teve que trabalhar pra pagar. Os mêses viraram anos, e até hoje ela trabalha para a Condessa. E só participou, pois a Condessa ameaçou de tirar a vida de seu pai. Após esses 4 dias, eu passei a me alimentar melhor, mas a passar a noite chorando.
Stapheny veio três vezes ao porão durante esse tempo. Mas para buscar coisas e nunca falava comigo. Ela pegava o que tinha de pegar, me olhava, e corria degraus acima desesperada.
Charlote me atualizava de tudo que acontecia na superfície. Pelo o que ela me contou, Charlie começou buscas por mim no mesmo dia em que fui sequestrada, eles procuram e procuram, e por três dias seguidos Charlie me procurou sem conseguir nem mesmo cochilar. Não tinha sequer rastros meus. Então, de uma hora por outra, o vestido que eu utilizava quando sumi apareceu boiando no lago do jardim de trás. E todos estavam fadados a acreditar ( pela influência da Condessa de Dorge ) de que me joguei no lago para tomar um refrescante banho, e acabei me afogando. Como se sabe, eu não me afoguei. Dois dias antes disso, a condessa ordenou que Charlote me desse um banho, e que me desse outra roupa.
Charlote disse que Charlie ficou arrasado ao saber da notícia. Ele se sentou no chão, com o vestido molhado nas mãos, o abraçou e caiu em lágrimas profundas. Segundo minha confidente, ele passou 5 dias inteiros sem dormir, sem comer direito e sem sair de dentro do seu grandioso quarto do Conde. Ele ficou arrasado, e eu, afogada em lágrimas ao saber de tudo isso.
Após isso, a Condessa de Dorge passou a agir, conversando com Thomas e Rosalind as escondidas. Por fim, Thomas decidiu por Charlie que ele se casaria com Stapheny, e Charlie, mesmo de luto pela minha suposta morte, obedeceu, com o objetivo de comprar minha pequena e doce fazenda: Rosy Spring Bayit, para nunca deixar outro parente tomar meu lugar na casa. A propriedade foi comprada, e agora está nas mãos de Charlie, e um "tumulo" foi erguido em minha homenagem.
Charlote disse que Charlie nem olhou para Stapheny, e disse que "tanto faz me casar com ela. A mulher que amo está morta, nada mais pode piorar". O casamento foi marcado para esse final de semana, especificamente hoje, e a Condessa de Dorge está em eufórica, mesmo com todos não compreendendo como ela pode estar feliz em meio a tanta tristeza e desprezo de seu futuro cunhado.
E eu, esperando minha evidente morte no fim de tudo, apenas sobrevivia, com esperança de pelo menos ser deportada pela Condessa, e não ter minha vida tirada de mim. Charlote e a Condessa eram as únicas que vinham aqui. A Condessa para me irritar. Charlote para cuidar de mim. Daniel foi proibido de entrar aqui, pois a Condessa tem muito ciúmes dele, e não quer ele perto de mim. Mas sempre que pode, ele vem para pegar algo, e passa minutos me olhando fixamente sem nem mesmo piscar, e depois sair com um sorriso aterrorizante. Ele me desejava. Ele me queria. Ele queria abusar de mim, e eu sabia disso.
Os preparativos para o terrível casamento estavam a todo vapor, e eu estava, para minha completa desgraça, sabendo dos mínimos detalhes. O casamento será no jardim da frente, de manhã. Stapheny vai usar um enorme vestido branco, com uma cauda tão grande, que o tecido daria pra fazer roupa pra um orfanato inteiro. Um véu de musseline, e uma coroa de pedras brilhantes. Ela iria em uma carruagem separada de sua mãe. Para dar extravagância extra.
Tudo estava perfeitamente organizado, até o berço que era de Stapheny foi tirado daqui, para ser limpo para o futuro herdeiro. O Conde de Dorge nunca desconfiou da minha presença, pois não ficava em casa e nem vinha ao porão. Mas o ouvi parabenizando Stapheny por sua conquista.
Em meio à minha retrospectiva das últimas duas semanas. Ouço uma grande burburinho, Stapheny gritava socorro desesperada. Eu não culpava ela por nada, afinal, ela é obrigada a participar de tudo isso, eu preciso ajudar ela, e pedir misericórdia por minha vida. Só assim poderei vê - lá.
Começo a me debater para me soltar. As cordas estavam sendo bem mais amarradas dessa vez, a Condessa queria se certificar de que eu não iria de nenhuma forma fugir. Bato e sacudo os braços, folgando as cordas, e faço o mesmo movimento com as pernas, afrouxando as cordas que estava prendendo meu pé
Me levanto rapidamente, e com dor, e corro para a porta. Começo chutar ela com força, e jogar o peso do meu corpo contra ela, tentando abrir a porta. Depois de uns 2 a 3 minutos, consigo abrir, e corro em rumo a voz de Stapheny.
Depois de ouvir bem, os gritos vinha de uma sala quase ao lado da porta do porão. Corro até a porta e chuto com força, abrindo ela. E o que encontro, me deixa em choque.
No chão, Stapheny com seu grande e bonito vestido de noiva se debatia pedindo misericórdia, chorando muito, e desesperada por ajuda. E encima de Stapheny, Daniel, que fedia a whisky barato agarrava ela, tentando arrancar sua roupa.
O meu choque me deixa pasma, eu não conseguia nem mesmo piscar. Então, Daniel dá um tapa na cara de Stapheny, irritado por ela se debater, e me acorda com um susto, ele bateu nela como Dilan bateu em mim.
Em um surto de adrenalina, pego uma das garrafas de whisky que estava no chão, e taco na cabeça de Daniel com toda força, quebrando o objeto em incontáveis pedaços, e derrubando Daniel no chão:
- Você está bem? - digo tirando Daniel desacordado de cima dela. - Ele conseguiu fazer algo com você?
- Stapheny me abraça chorando e tremendo. Ela estava traumatizada. - Obrigada Clara, obrigada por me salvar - ela desaba em lágrimas profundas e soluços
- Eu estou aqui, calma - digo devagar
- Ele me agarrou pelos cabelos - ela mumura tentando se acalmar. - Foi tão rápido...Eu fiquei com tanto medo de não conseguir me soltar...
- Não precisa medo - digo tranquilizadora, abraçando ela. - Eu estou aqui, e não deixarei ele encostar em você Stapheny
- Mesmo após eu ter deixado você naquele porão sem ajuda? - ela diz envergonhada, secando as lágrimas e tentando respirar
- Você não tem culpa Stapheny - seguro sua mão. - Mas agora vocês tem a chance de concertar tudo Stapheny, você não quer isso?
- Eu quero mais do que tudo - ela aperta minha mão e sorri. - Eu não amo Charlie, ele não pertence a mim e sim a você. É Ethan que amo, que quero me casar
- Então vamos parar este casamento de uma vez - me levanto e ajudo Stapheny a se levantar. - Vamos prender Daniel no porão, pra cuidar dele mais tarde
- Pegar um dos cavalos - Stapheny continua - , cavalgar até Ágape, e acabar de vez com o plano maligno de mamãe
"Se a Condessa acha que consegui me parar, ela está muito enganada. A vingança é um prato que se come fervendo"Obrigada por ler
Desculpe quaisquer erros ortográficos=(
°1286 Palavras
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Lady: Filha do Barão ( Vol.1 ) {Concluído}
Roman d'amourA Lady: Filha do barão ( Vol. 1 ) >Concluído< Sinopse: Essa fatídica história se passa em Rosy Spring, um vilarejo pequeno na antiga Grã Bretanha. Clara é a nossa protagonista, que após a morte rápida de seus pais, o seu irmão mais vel...