Capítulo 3

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Por incrível que pareça, Charles não rezou por muito tempo, eu tinha uma bela noite tranquila à minha espera. Porém, essa noite eu passei em claro, pensando se deveria voltar lá ou não.

O dia raiou e eu ainda não havia me decidido.

No trabalho, passei o dia tentando ficar em alerta, porque estava com muito sono. Apenas com a notícia de que mais um corpo fora encontrado me despertou. O corpo de um homem, encontrado pela polícia no porta malas do carro daquele triplo homicídio. Junto ao artigo de Clara, haviam fotos dos falecidos. Meu estômago revirou ao ver a foto do homem encontrada no porta malas. Era o mesmo cara que sonhei naquela noite.

Sou vidente agora? Vendo as pessoas prestes a morrer ou já mortas! Mas por qual motivo? Eu não conheço nenhum deles.

Assim como Daniel afirmou a Isabela, Clara conseguiu mais informações, com seus contatos na polícia, sobre a garota do beco. Susan, seu nome, tinha vinte e cinco anos, era solteira. Ao que parece, estava viajando pelo mundo. Uma pena que seus planos tenham acabado dessa maneira.

À noite, logo após dar o meu horário, eu estava de tocaia, na espera de o homem misterioso aparecer. Mas ele demorou e eu acabei pegando no sono. Tive outro sonho que o envolve, só que dessa vez ele não tentava me matar, e sim me proteger. Eu estava correndo, o mais rápido que conseguia, e seja lá quem era o meu agressor, se movia em alta velocidade. Eu corri até chegar na ponta de um penhasco. Eu quase caí! Dei um passo para trás e me virei, pronta para encarar o meu destino. Para a minha surpresa, ele estava lá, o homem misterioso, e estava lutando contra um outro homem. Antes que eu pudesse ver como terminava a luta, acordei.

Acordei com um barulho na janela do carro, era Esteban. Por um momento, congelei. Abaixei o vidro devagar.

– Boa noite, senhor, algum problema? – Perguntei com a maior cara de pau, como se não fosse nada estranho, para não dizer suspeito, voltar ali depois daquela desculpa e do jeito que saí na noite anterior.

– Talvez porque a mocinha está aqui já faz um tempinho. A mocinha está bem?

– Estou sim, só muito cansada, estava a caminho de casa e encostei o carro um pouquinho e, acho que peguei no sono. Me desculpe senhor, já estou indo embora.

– A mocinha não quer entrar? – Esteban perguntou com delicadeza e com um tom de preocupação. – Talvez chamar um Uber para levá-la a sua casa, é uma ideia bem melhor do que ir dirigindo com sono, é um perigo dirigir cansada, pode acontecer alguma coisa.

– Eu não quero incomodá-lo, mais do que já estou.

– A mocinha não incomoda, e se parar para pensar, é uma ideia bem melhor, não acha?

Exitei em responder, por um lado eu tenho a oportunidade de entrar na mansão do homem misterioso e, talvez, descobrir algo sobre ele, por outro lado, eu não conhecia Esteban, vai saber se ele não é um louco assassino. Prevenir nunca é demais.

– Sem querer ofendê-lo, mas não o conheço, então prefiro esperar o Uber aqui fora mesmo.

– É claro. Eu a compreendo, ficarei aqui com a mocinha. – Esteban parecia mesmo não ter se ofendido. – Se a mocinha não se incomodar com a minha presença, é claro.

– Agradeço, pela compreensão e por se importar comigo. Posso deixar o carro aqui mesmo? Os vizinhos não vão se incomodar?

– Os vizinhos moram um pouquinho longe daqui para se incomodarem – Ele dei uma pequena risada. – Pode deixar seu carro para dentro dos portões, assim fica mais fácil de cuidar, para que a mocinha possa vir buscá-lo amanhã.

Eu concordei, dirigi calmamente até para dentro dos portões, que Esteban fez a gentileza de abri-los para mim.

Fechei a janela, desliguei o carro, chamei um Uber, e esperei. Eu tenho uma outra oportunidade de saber sobre o homem misterioso.

Perdoe o Passado | +18Onde histórias criam vida. Descubra agora