Capítulo 25

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O caminho para casa foi silencioso, somente o som da música tocando baixinho na rádio, preenchia o interior do carro. Do meu carro.

Victor insistiu em me levar até em casa, alegando que eu bebi um pouco a mais do que é permitido para dirigir. Não discuti com ele, pois realmente não queria dirigir até em casa, não pelo álcool que eu ingeri, e sim porque meus pensamentos estão correndo em direção ao que quase aconteceu na mansão dele.

Durante o jantar, tivemos uma conversa agradável, num determinado momento, quando nossos pratos estavam quase vazios, Victor me deu dicas de como cozinhar um delicioso espaguete. É, ele se gaba muito por ser um ótimo cozinheiro. Eu achei o tópico da conversa diferente, mas não me importei, contanto que ele continuasse falando e agindo daquela forma despreocupado, a vontade e alegre. Victor sempre se mantém sério e atento, por mais que faça uma piada aqui e ali, achei novidade vê-lo hoje tão tranquilo e leve. Também, foi porque estávamos em sua casa.

Após o jantar, ele tirou a mesa e eu fui para a sala do mini bar, com minha taça de vinho na mão, mandei mais um áudio para Louis e ele logo me respondeu. Acho que ele estava, literalmente, grudado no celular, possivelmente esperando minha mensagem.

Victor apareceu na sala segundos após eu responder a mensagem de Louis, dizendo que logo eu iria para casa. O vampiro ficou parado na entrada da sala, com um ombro apoiado no batente, bebendo o vinho de sua taça, me olhando de uma forma diferente de antes.

Detectei desejo em seu olhar. Se ele fosse humano, diria que o álcool estava fazendo efeito nele, mas Victor não é humano. Então, o que vi em seus olhos não teve influência do vinho.

– O que foi? – Perguntei, não contendo um sorriso envergonhado.

Ele pareceu voltar de algum lugar, piscou algumas vezes e respirou fundo.

– Nada – Respondeu antes de virar o conteúdo da taça na boca.

Meu celular vibrou indicando a chegada de uma mensagem de Louis, que ao olhar, vi ser apenas um positivo na minha mensagem. Bloqueei o celular e o guardei no bolso da calça jeans, voltei a olhar para frente e não vi Victor ali. Não precisei olhar em volta para saber que ele estava no bar, o som do rosquear da tampa de uma garrafa alcoólica denunciou sua localização. Caminhei até ali e me apoiei na bancada, bebi um longo gole do vinho que ainda tinha na minha taça enquanto observei ele encher um copo com whisky.

– Vampiros ficam bêbados? – Perguntei depois de ver ele beber metade do líquido âmbar do copo.

– Não – Ele respondeu enchendo mais um pouco o copo. – Apesar de eu ter tentado muito isso.

Balancei lentamente a cabeça, absorvendo a informação.

– Eu o admiro por não poder ficar bêbado – Comentei bebendo o resto do vinho.

– E eu admiro o fato de você poder ficar bêbada – Ele comentou com um sorriso de canto de lábio.

– Por que diz isso? – Perguntei, depositando minha taça vazia sob a bancada. – Não ter de acordar no dia seguinte com uma ressaca daquelas depois de ter bebido todas na noite anterior, é invejável.

Ele soltou uma risada soprada.

– Sim, nesse quesito eu agradeço minhas habilidades de vampiro. Mas o que eu estava querendo dizer, é que admiro, na verdade eu invejo, o fato de humanos poderem beber até esquecer suas dores. – Victor respirou profundamente. – Eu sou um vampiro, tenho de lidar com elas o tempo todo. Sempre sóbrio – Virou o copo na boca.

– É, isso deve ser uma droga – Mordi meu lábio inferior, pensando em nunca poder esquecer de algo ruim, que graça teria beber sem poder esquecer de tudo quando se está no fundo do poço?

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⏰ Última atualização: Jun 14 ⏰

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