chegando no meu tormento

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Ao longo de toda minha vida, vi meus pais juntos em uma interminável e amargar demostração de amor. Por mais que eu saiba que isso faz parte de quem são, não deixa de ser uma tortura presenciar isso de perto.

Ainda mais, quando me vejo indo mais uma vez para a instituição onde eu quase fui morta. Não que isso seja o problema, minha experiência em Nevermore foi deverás agradável.
Fez minha estadia mais suportável e aceitável, não pensava que poderia ter passado um dia sem querer arrumar pretextos para fugir daquele local. Em suma, esperava ser um ano de puro tédio, então ter um perseguidor e assassino na escola tentando me matar foi um prazer. Mas dessa vez, sei que não terá mais perseguição ou ameaças de morte.

Um ano em que terei que simplesmente conviver e estudar para que um possível futuro me seja dado, não vale muito. Minha educação, já foi algo em me dediquei desde de muito nova, meus pais apesar de me obrigar a ir para Nevermore, sempre me educaram e ensinaram em casa. Minha avó sempre me incentivou a ler e tanto minha mãe quanto meu pai me ensinaram outras áreas que eles acharam necessário saber. Afinal, saber sobre o corpo humano e como ele reage a certos venenos e golpes é bem útil.

Mas como uma forma de, não somente me prender ou punir por defender meu irmão, eles estão tentando me fazer ser como eles.
Por isso, recuso a sede aos caprichos de minha mãe. Em falar que devo ver as coisas de outra forma, já que logo minha maior idade chegaria e com ela, o meu pior pesadelo.

Definitivamente não queria virar uma cópia dos meus pais. Seres humano movido por emoções e agitações hormonais que não vivem sem seu complemento.

Mas sei que isso é quase inevitável.

Há muito tempo foi definido que seríamos seres que viveríamos para sempre em busca das nossas metades. Um castigo que nós foi dado por soberba e ganância. Então porquê tentar ir contra os deuses?

O pensamento de ter outro alguém ligado a você, me perturbar. Não importa que seja minha outra metade — minha alma gêmea, como meus pais diz, eles se encontraram e é por isso que são do jeito que são.

Ter ou não outro ligado inteiro e emocional a você, não é uma escolha que posso fazer. É algo natural e que vai me acontecer.

Não pela minha escolha, é claro.

🦇

Esse dia não poderia ser mais torturante. Ter que aguenta a troca de carinho dos meus pais enquanto vamos para Nevermore contra a minha vontade era repulsivo.

— Minha querida, ainda está chateada com a gente? - perguntou minha mãe, separando o rosto de perto do meu pai e me olhando.

— Tropeço, poderia lembrar minha mãe, que não estou falando com eles. - falei, como meu tom monótono de sempre.

— Minha nuvenzinha carregada, garanto que desta vez as coisas em Nevermore pode ser melhores. - meu pai disse com um sorriso.

— Por que?

— Porque foi onde conheci sua mãe e foi lá também que nos apaixonamos. - falou a olhando, sua expressão de amor incondicional estava ali. Já vão começar de novo.

— Não pretendo segui os passos de vocês! - falo com um pouco de raiva. Afinal, já estava cansada de toda aquela melação.

— Minha querida, você sabe que não pode lutar contra isso. Se encontrar sua metade, não pode simplesmente dizer 'não' para ela ou ele. - disse minha mãe, com um o rosto marcando uma expressão leve de indignação.

— Não encontrarei minha metade neste lugar.

— Veremos, sua maior idade já está perto de chegar, e quando ela chegar... Estará pronta para reconhecer seu páreo. - disse com convicção.

Desviando meu rosto para olhar através da janela, preferia não continuar com aquela conversa infame sobre minha maior idade. Eles sabem muito bem que desprezo sentimentos e desejos sórdidos de afeição. Sendo assim, continuei calada e meus pais também.

Ao longo do caminho, minha atenção ficou somente na paisagem de árvore e não em meus país, que assim como eu, preferiam se fechar em seus próprios mundo. Um tempo depois, chegamos ao nosso destino, Nevermore.

Pelo menos a arquitetura não é ruim e me causa uma certa... Familiaridade.

— Vamos, minha pequena víboras, não fique com essa cara. - chamou meu pai do meu lado.

Estávamos parados do lado de fora da grande escola, esperando para que Tropeço pudesse colocar minhas malas para fora, enquanto nós despedimos.

Continuei olhando o lugar com um rosto sério e um sentimento de insatisfação. Por mais que a minha estadia neste lugar tenha me trazido muitos mistérios e revelações.
Não via a necessidade de voltar para completar o ano letivo, sou inteligente o suficiente para saber de muitas das coisas que passam aqui, mas meus pais exigiram que eu terminasse.

Como se eu não soubesse o real motivo para toda essa palhaçada.

Quando iria responder meu pai, uma agitação e uma voz bem familiar chamaram-me a atenção. Enid, minha colega de quarto, que para meu aborrecimento, vinha em minha direção de braços abertos. Como um reflexo natural do meu corpo, me afastei dela e da sua tentativa de aproximação.

Mas seus braços ainda me rodearam e me apertaram em um braço quente e confortável?

— Enid, já disse que não gosto de contato físico!! - disse com um olhar sério em sua direção.

— Pensei que depois dos últimos acontecimentos, você tinha mudado de ideia. - falou com um leve sorriso.

— Pensou errado. - declarei. Mas seu rosto mostrava que ela não levaria minha palavras a sério, me fazendo revirar os olhos.

Certo que depois do confronto com a professora Thornhill e o Crackstone, minhas forças tinham se esgotado me deixando aérea das coisas ao meu redor. Por conta principalmente da facada e do espírito da minha ancestral entrando dentro de mim, deixando-me desorientada e somente com a adrenalina percorrendo meu corpo o deixando no modo automático, que quando senti dois braços me abraçando, não tive reação para me afastar, ainda mais depois que vi que a pessoa que estava fazendo era Enid.
Ainda mais depois que ela veio em minha ajuda e lutou com Tyler em sua forma de lobo. No começo fiquei confusa com aparição, mas depois que à reconheci, um sentimento de alívio e surpresa me tomou.

Com tudo, eu não poderia ficar e ajudá-la a lidar com hyde. Eu tinha que matar o  Crackstone antes que ele acabasse com a escola e com todos que estavam lá.
Mas minha preocupação com ela não foi esquecida. Então quando percebi que era ela na minha frente me abraçando, não pude recuar e acabei a abraçando de volta.

Um pequeno momento para mim, mas para Enid, parece que foi a liberação para ficar me tocando. Mesmo depois dos dias que se sucederam ao ataque do Stone, Enid sempre que podia me tocava.

Mas agora que estou de volta, terei que lembrá-la que contato físico não é comigo.

— Não seja rude com ela, Wednesday. - falou minha mãe próxima da gente.

— Olá, senhor e senhora Addams. - Cumprimentou Enid, com grande sorriso.

— Olá querida. - cumprimentou minha mãe, meu pai acenou com a mão sorriso para ela. — Wednesday, já que Enid está aqui, vamos deixá-la te ajudar a levar suas coisas para o quarto. As malas maiores Tropeço levou para cima em seu quarto. - Minha mãe disse nós olhando.

Fiquei tanto tempo assim olhando para Enid, que nem notei Tropeço levando minhas coisas?

— Tudo bem. Espero que tenham uma péssima viagem de volta. - falei já me virando para entrar e ir para nosso quarto.

Ouvi Enid se despedindo dos meus pais e vindo ao meu encontro, senti Enid caminhando do meu lado com a sua empolgação de sempre, me mostrando que apesar do que aconteceu no semestre passado com ela, sua personalidade brilhante ainda permanecia.

Suspirando, continuei meu caminho com o lobinho ao meu lado. É, Lá vamos para mais um período de tormento.

🦇

Nota: tanto minha Enid quanto Wednesday, não são realmente iguais a da série.

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