Capítulo 7: Todos os jogos

22 0 0
                                    

Ágatha

Fiquei um pouco chocada com o que tinha acabado de acontecer e com tudo que ouvi. Como ele podia achar que eu tinha inveja dele? Do que teria? Quem ele pensa que é? Decidi não pensar mais nisso. Em todos os meus finais de ano acontece alguma coisa pra estragar a noite. Não vou deixar que esse ano seja igual. Todo ano minha família se reúne, juntando todos as centenas de primo e primas. Não que eu não goste, mas por um tempo, minha bateria social acaba, e confesso, ela é bem pequena, logo não dura muito tempo. Saí do chalé dos meninos e fui em direção ao meu. A diferença entre os dois locais era nítida. Até me surpreendeu o dos meninos, estava tudo bem organizado, o que eu não esperava ver até porque, estou falando dos mesmos meninos que estudam na mesma sala que eu. Mas também... Me dei conta que Lucas também ficava nesse chalé. Ele adora mandar, tem suas manias, seu toc, seus chiliques. Tinha certeza que os meninos não aguentavam ele reclamando e acabavam arrumando. Chegando no meu chalé, pude ver a diferença entre eles. Meus olhos doíam com toda a decoração rosa feita por Luíza em todo ambiente, exceto o meu. Não gosto de rosa. Acho que não gosto de nenhuma outra cor que não seja preto. Pode abrir o meu guarda roupa... se você não achar alguma peça que não seja preta, pode ter certeza que é o uniforme da escola ou as calcinhas coloridas que minha mãe me dá dizendo que pelo menos alguma coisa minha tinha que ter cor. No meu canto, havia apenas a parede marrom de madeira, e uma pequena estante onde guardava meus pertences. Peguei algumas peças de roupa, saí do chalé e fui em direção do laguinho que tinha um pouco mais atrás. Foi um dos meus momentos, se não, o meu favorito durante todos esses dias de acampamento, e olha que nem foi muitos. Coloquei na minha playlist de banho, onde só tinha músicas do Arctic Monkeys. Consegui esquecer por alguns minutos todos os problemas ao redor, prestando atenção onde a água percorria no meu corpo, satisfeita de ter falado finalmente tudo que eu quis a muito tempo. Escuto um burburinho de vozes chegando perto do chalé. Era Jade e Erick. Pelo pouco tempo que conheci Jade, sei que não é das santas. Não dou muita importância. Me concentro no barulho da água, e minhas músicas. Após um bom tempo, ouço os sons dos fogos de artifício. Logicamente, já tinha dado meia noite. Um ciclo foi fechado, uma nova fase tá vindo. Mesmo boiando, com os ouvidos submersos e olhos fechados, escutava os fogos e flashes sobre os meus olhos.

Fábio

Passei o final da tarde dormindo em uma das redes penduradas nos coqueiros perto do lago, atrás do chalé das meninas. Decidi descansar depois da trilha pra poder aproveitar bastante o final do último dia do ano. Era a primeira vez que eu passava longe da minha família, e também, a primeira junto com a galera.

- Queria passar a virada com você.

- A gente vai ter outras viradas pra passar juntos. - Yasmin disse, enquanto eu a assistia por vídeo chamada se arrumando para ceiar com sua família. Nos conhecemos em uma das festas em que Guilherme me forçava a ir, mas eu sempre o recusando. Neste dia, eu o negaria mais uma vez, até Ágatha e Luíza disserem que era pra eu ir, me distrair. Não curtia, aliás, não curto festas. Prefiro um encontro com os amigos, final de tarde, pagodin, churrasquin... Mas não sei o que deu em mim nesse exato dia, que eu acabei indo. Ainda bem.
Na festa, de repente, vi ela dançando no meio da multidão. Ao olhar para ela, parecia que tudo ao redor tivesse em câmera lenta, e uma luz da parte de cima da balada focasse exatamente nela. Tocava 'Unforgettble'. Concordo, ela era unforgettble. Créditos a Lucas pelas aulas de inglês. Enquanto eu a observava dançar com seu salto com amarrações na perna e um vestidinho vermelho colado, percebo que um dos saltos estava desamarrando. Antes que eu pudesse fazer algo, Yasmin acabou se desequilibrando e caindo no meio do povo. Fui rapidamente em sua direção para a socorrer antes que alguém machucasse ela com toda a dança que tava rolando. A partir daí, nunca mais paramos de se falar. A ajudei a chegar em casa, que não era tão longe de onde era a festa. Perguntei seu nome. Quando cheguei em casa, logo pesquisei no insta. Não foi difícil achar. Fui no Instagram de Lucas e escrevi seu nome no local de seguidores. Bingo! Cidade pequena, eu sabia que ela seguia ele já que nenhum outro adolescente era tão conhecido. Comecei seguir, ela me seguiu de volta. Mandei mensagem todos os dias pra saber se já estava bem. Começamos a nos encontrar, não demorou muito pra gente se beijar. Consequentemente, também não demorou muito pra começarmos a namorar. - Mas você tá aí com seus amigos, tenta aproveitar. Você mesmo disse que tava distante deles.

Verdade ou Consequência Onde histórias criam vida. Descubra agora