ᵐᵘᶦʳ ⁽ˢᵉᵃ⁾ ᵃⁿᵈ ᵍᵉᵃˡ ⁽ᵇʳᶦᵍʰᵗ⁾
✩ 🫧𓇼・゚ʼ ゚✧🌊 ੈ‧₊˚🐟 ˎˊ˗S ꙳|uponho que a primeira vez que nossos olhos se encontraram foi de frente para a garagem da casa número 3207 em um quinze de setembro de um dia de muito calor, mas o mar era próximo. Meus pés sapateavam o chão com pressa para casa em retorno de alguns documentos que me esqueci e pelo caminho acabei estacionando o carro um pouco para dentro do meio-fio, e bati o joelho na hora de sair, pelo que nota-se, tudo estava dando um pouco errado naquele dia.
Mas engraçado é que, quando atravessava a calçada para chegar até em casa, eu, meu altruísmo e prepotência não puderam deixar de observar a pessoa estranha que vinha carregando caixas com certa dificuldade para dentro daquela garagem, ela mancava um pouco, tinha cabelo curto, um rosto bruto, mas trajava um vestido azul repleto de babados, parecia ter pulado de um livro de contos infantis bem pirado. Eu simplesmente parei no tempo só, ali, encarando. Deveria parecer um idiota olhando os outros daquele jeito mas foi meio que inevitável, era bem caricato.
Fui pego um pouco de surpresa quando em certo momento está pessoa virou-se diretamente para minha direção, me fazendo dar um mínimo passo para trás. Ela pousou as mãos à cintura e fez uma expressão desacreditada quando gritou à minha face - Vai ficar só olhando, palhaço? Venha aqui e me ajude, sou a nova vizinha!
E eu fiquei tão apavorado que fiz. Mexi-me do lugar indo prontamente até seu carro retirando suas coisas com a mesma, apavorado.
Quando adentro sua casa, de cor coral ou que se aproximava à terracota, sou tomado por uma tontura simbólica a tantos elementos. Era uma bagunça simbólica, eram tantas coisas, pareciam bagunçadas, mas estranhamente no seu devido lugar. Havia um sofá-cama amarelo mostarda com remendos na costura e repleto de roupas e muitos vestidos acima e uma mesa em formato de tartaruga marinha se encontrava à frente dele, as paredes da sala estava mal acabadas em uma pintura serenite, no chão muitas caixas e tapetes coloridos enrolados como rocanboles, as janelas eram adesivadas para refletir laranja e lilás, e o teto possuía um lustre em formato de água viva.
De mesma maneira que fiquei impermeável no tempo, com a boca entre-aberta, indo e vindo até que tudo estivesse para dentro, aquela parecia a viagem final de mudanças.
Quando terminamos de trazer seus itens, ela invade sua casa chutando os itens de seu espaço para que andasse sem tropeços e vai até a cozinha verde e rosa buscando por algo na geladeira, até que retira um pedaço de torta branca com um enorme morango acima. Ela retorna notando que a observo, ainda na mesma expressão, e o estende. Meus olhos aumentam como se sem palavras questionasse o que seria aquele ato, mas bastou que está levantasse o punho em minha direção para aceitá-lo de bom grado, eu não à conheço, mas não duvido que consiga me derrubar.
Tal qual sua casa, a moça era bem estranha e impressionaval. Os cabelos, como citei eram curtos, masculinos, o maxilar era forte, tinha traços rústicos, mas visualizando bem próximo, consigo ver que seus detalhes específicos. Existe uma cicatriz em sua boca, dentes separados, dançando em suas pupilas há cores diferentes, o direito castanho claro e esquerdo é escuro. Seus lábios se movem gravando algo em minhas memórias - O meu nome é MURIEL.
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N꙳ |ão enxergo o tempo e ele se vira contra mim. Recebi uma ligação do trabalho à xingamentos e gritos por eu ter desistido de bater cartão e não voltado à quase uma hora por causa de uma pessoa estranha com uma casa estranha e um nome estranho. Eu me despeço depois que comi a torta, biscoitos, e um pingado com café enquanto escutava sobre as ideias de decoração. Não sabia o porquê ouvia e tão pouco do porquê me contava, mas Muriel estava empolgada sobre seu lar, cada detalhe seria preenchido e era interessante observar. Ela gestuava com as mãos sob as paredes, apontava, murmurava, gritava, cantava, falava consigo mesma andando à minha volta como se sequer notasse que eu ainda permanecia ali. Sua visão era iluminada, quase louca, brilho do seu olhar era absurdo.
Estava apavorado.
Deixei o local sem ao menos ser percebido e carreguei aquela moça estranha comigo pelo resto do dia.
Era como se minha mente tivesse sido alugada pela mesma, nada adiantava, nem conversar com amigos e namorado mudavam meu humor, eu estava estagnado em absurdos, e não sabia o porque. Talvez porque em uma cidade americana de interior pensava que já havia visto de tudo, me havia pego completamente de surpresa.
Ao retornar para casa, retiro as roupas pesadas e observo como os detalhes do meu espaço são opacos e minimalistas se comparados aos dela, sem nenhuma personalidade e eu não me considero um cara básico, só não sou tão extremo.Meu banho é curto e me vejo caminhar pensativo para o quarto, quando estou pronto para meditar, meus passos pausam exatamente sob a janela que dá a antiga vista vazia da casa para aluguel ao lado. Meu rosto desliza e é como mergulhar fundo novamente com aqueles sentimentos distantes, eu vejo magia, vejo Muriel.
Muriel dançava com um tecido fino sob os ombros e corpo, rodava em seu cômodo com um grande sorriso, devia haver música, mas com a mente nublada eu não conseguia escutar nada, apenas água.
Julgo eu que escutava as ondas se quebrando contra as pedras que cercavam a praia à 15 minutos dali. Deveria parecer ridículo, um homem tão bizarro à janela de sua casa em plena terça feira, mas a moça tão estranha me via. Ela me encarava de volta e abria e fechava seu pano, como uma grande performance, era como assistir a um espetáculo de onde ela era a estrela principal, e eu Han Jisung, um mero telespectador.
E eu estava farto. Não havia desejo, não tinha paixão, tesão, era apenas impacto. Sem palavras, me pus à dormir.
E sonhei com o mar.
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PRÓLOGO MINSUNG de uma short fic sobre uma água viva e um peixe palhaço, vocês leriam?
🎣🐟🌊🌀 se gostarem continuo, é só uma forma de eu conseguir relaxar um pouco entre as produções das obras maiores, juro que não faço por mal.
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ÁGUA VIVA ✧ ᴹᶦⁿˢᵘⁿᵍ
Fanfiction𓆝 𓆟 𓆞 "É-se. Sou-me. Tu te és." Onde Jisung se sente um peixe palhaço porque Muriel é uma águaviva. | queer love 🏳️🌈 |