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Acho que, não foi magia que me curou de uma vida amarga, e sim o prazer de curtir o que eu nunca havia dado permissão para sentir, que era a mim mesma.

Por muito tempo me privei em relacionamentos ruins com pessoas que eram convenientes ao cenário pacato daquela mesma idealização de algo, a morte. Era sobreviver e ao final, morrer. E todavia eu, por muito tempo não pode contemplar o óbvio que era viver, eu não vivia, apenas existia em uma vida que me foi dada, não acontecida. Apartir do momento que conheci minha esposa a qual vivo à quase décadas, foi que conheci a viver, não por ser minha metade de limão siciliano, mas por apresentar-me a bela verdade da vida, que é para ser vista, é ser vivida.

Do que basta existir se não para ser visto? Você não pode fugir da realidade, não pode esconder-se das cores do mundo, é fato que ele é duro, e tão perigoso para animais marinhos como nós, mas não há escape para os olhares, eles existem e nós é quem lhes damos significado.

Em meus passos, os olhares foram nomenclados como fotografias, gosto de imaginar que sou um indivíduo de uma cidade de interior que gosta de ser chamado por ela e veste-se com roupas de contos de fadas e sou na verdade fotografado por onde vou, e a minha imagem fica guardada, captada, por todas as pessoas que me encontram e o que fazem com ela já não é da minha conta, eu só não me importo mais em me resguardar.

Já não revogo mais de mim, eu sou eu, seja ela ou ele, eu sou eu, sou-me.


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Muriel e eu não planejamos nos apaixonar, só houve de simplesmente nos acontecer. Eu me lembro de estar no quintal plantando abóboras em um dia de sol, usava uma jardineira laranja que havia costurado, desde que comecei a fazer minhas próprias roupas, e surgiu ela de sua casa com uma cesta de maçãs, e nós decidimos dar uma pausa no que eu estava fazendo para ajudá-la a fazer o que seria um pão, e naquela tarde tão igualmente igual as outras milhares que tivemos depois de anos sendo vizinhas, foi que algo tão desigual nos ocorreu.

Seu cabelo encaracolado que batia em suas costas foi amarrado as pressas com uma caneta de pompom, ficando hilário e eu ri, e ela comentou o fato de que nunca deixo o meu próprio crescer, pois gosto dele curto e arrepiado, discutimos sobre nossos gostos diferentes, e colocamos a torta para assar, e de repente, já não havia assunto, só nós. E era especialmente agradável estar em nós.

Acho que Muriel também sentia isso. Era só nós e mais ninguém, da cidade inteira, embora nossos amigos abstratos, parece que o fato de sustentarmos memórias de inícios juntos era algo que tornava nossa história um pouco mais doce, tanto quanto nosso pão de maçã.

" - Você descobriu, Jisung?"

"- O que?"

"- O algo que sentia por mim."

"- Acho que sim."

"- Eu acho que também."

"- Também o que?"

"- Também sinto."

Como sempre, eu não havia entendido, me perdi por entre seus cabelos que trançava sob meu sofá, até que está gargalhou por compreender este meu peculiar comportamento de me calar quando de fato não entendo nada, e me roubou um beijo repleto de estrelinhas, pois havia me tirado do chão para ir direto ao espaço. Quando se afastou, eu a olhei desacreditada, piscava, e não falava nada. E acho que nem precisava, pois as coisas simplesmente foram nós acontecendo.

Nós viramos nós.

Passamos o resto de nossas vidas sendo peixe palhaço e água viva. Não tivemos família, só morangos, abóboras, maçãs, mangas e repolho de quintal, alguns sapinhos e vagalumes. E eu fui feliz e espero que vocês, também venham a ser.







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olá peixinhos
Muito obrigada por terem acompanhado esta vida, pelos comentários e reflexões. Espero muitíssimo que água viva tenha sido útil para vocês e lhes trazido algum conforto no coração, mas ela se encerra por aqui.

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ÁGUA VIVA ✧ ᴹᶦⁿˢᵘⁿᵍOnde histórias criam vida. Descubra agora