tubarão martelo 𓇽

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✴️🔸𓇼・゚ʼ ゚✧🌞 ੈ‧₊˚🐡 ˎˊ˗



J✶isung? Você está me escutando? — Não. Não estou, só ouço bolhas. Meu palmo apoia o rosto e eu os encaro sem nenhum sentimento e isso já se fazia um tempo. Novamente o tempo se vira contra mim.

Foi quando comecei a perceber sintomas do que se passava comigo, o primeiro estágio era minha negação.

Á quase 20 anos sigo uma rotina e nunca antes havia me dado conta. Meus dias são voltados para o trabalho, no qual sou cabível a vendas, e aos finais de semana saio com os poucos amigos que tenho, nos mesmo lugares de sempre. Geralmente vamos a um bairro popular familiar e seguro, sem muitas novidades, nos lembra da antiga infância. Eu conheço todos eles desde novo, o meu pequeno cardume, meu namorado também incluso, não existem segredos entre nós, somos uma família, ou era isso que me acostumei a pensar conforme os anos.

Me recordo que naquele outro dia, eu me via mais, uma vez cabisbaixo e pensante, e isso depois do meu casual esbarro com a vizinha, água viva. Um sopro ao meu ouvido me tirou dos pensamentos e enxergo Changbin, Bin, com sua face questionadora e impassível, ele me vê longe e não se opõe mas me lembra de sua existência com o braço acima de meus ombros e o cheiro de seu perfume misturado a tabaco e rum, me incomoda e me acomoda. Após capturar minha vista, ele alega —... Jeongin disse pra' fazermos uma caminhada amanhã, na serra penca pra' passar a noite no bar. Você não trabalha amanhã.

— Mas, eu... — Minha voz busca início mas calar-se por um beijo seu. Ele me encara e sorri antes de se virar para frente e anunciar que estaremos presentes. Enquanto isso nosso outro amigo Hyunjin voltava à roda com mais uma bandeija de drinks e o aconchego contra o homem próximo parece cada vez mais indiferente, de repente me sinto sem chão, é como se meus pés estivessem sob uma fina superfície líquida, um desalento.

É tudo vagaroso em minha mente. Tudo me retorna as mesmas angústias. Juro por deuses que busco ignorar, busco fugir dessas sensações exorbitantes mas parecem me sufocar ainda mais por saber de minha imcomodidade. Vejo os copos pousarem a mesa, Christopher, outro de nós, gargalha de algo que não escutei, Jeongin foi ao banheiro, Seungmin fuma lá fora, as mãos do Hwang se movem, quando a bebida do meu namorado é posta a sua frente, e eu, novamente percebo como eles se veem e morro por dentro.

Lá se vai mais um pedaço de mim. Relacionamentos são complicados. Em principal os de longa duração. Algumas coisas acontecem quando somos imaturos e jovens místicos, e é preciso muita comunicação e respeito, cabeça demais, e quando prometi que perdoaria meu namorado de dezessete anos por ter beijado o melhor amigo bêbado dentro de um barco no porto do lar de escarcéu bentônico, eu falava sério, ele me prometeu que isso não se repetiria, e ficamos bem, perdão é perdão. Mas desde então eu vejo me matando por cada mínima internação entre ambos e isso já fazem anos, pois minto pra' mim.

São várias coisas que se passam em minha mente, "desde quando eles tiveram interesse?", "se lembraram da minha existência?", "será que atrapalho dele ser feliz?". Bin é inundado por uma apatia e tristeza a tempos e eu me pergunto, no auge da minha autossabotagem e baixa estima, se sou o empecilho para sua liberdade. Eu o amo, gostaria que vivessem bem, mas longe.

— Han, está tudo bem? Você parece longe...— O mais novo a mesa me questiona, talvez o único a perceber que a noite se finda e eu não encosto em nada. Pois só ouço baleias e bolhas entre as distrações da noite, o restante do grupo canta no karaokê as mesmas músicas de sempre, e eu continuo recluso em um canto específico, longe.

ÁGUA VIVA ✧ ᴹᶦⁿˢᵘⁿᵍOnde histórias criam vida. Descubra agora