E a gₑₙₜₑ ₙₒ ₘₑᵢₒ da ᵣᵤa dₒ ₘᵤₙdₒ
Nₒ ₘₑᵢₒ da cₕᵤᵥa, a gᵢᵣaᵣ, qᵤₑ ₘaᵣaᵥᵢₗₕa
A gᵢᵣaᵣ, qᵤₑ ₘaᵣaᵥᵢₗₕa𖦹
Me lembro que... alguns olhares eram incômodos. Daquela primeira vez, quando eu usei sapatilhas.
Reuni coragem para (o)usar das minhas fantasias para fora de casa, em mei trabalho neste dia eu usava sapatilhas vermelhos com laços na ponta, mas ainda mantinha o terno. Precisava cuidar das vendas, não havia código de vestimenta para sapatos, e eu cuidaria do caixa, estaria tudo bem. Mas meu peito disparava em ansiedade.
Em meus pulsos levava pulseiras escondidas por de trás do blazer e um passado, e eu... usava brincos, duas pérolas vermelhas nas orelhas, água viva quem me deu. Meu sorriso era sutil mas continha medo e certa euforia, eu estava assustado mas em mesmo momento tão feliz como nunca. Mas os olhares nunca me deixaram, principalmente os daqueles que já me aconteciam. Eu sabia que Seungmin me observava mas não sabia o porquê, não sabia que dizia em sua mente. Foi somente quando eu os vi passar por entre as portas da loja que minha emoção naufragou.
Terminava de fechar a compra de um imóvel para uma cliente quando vejo, tubarão martelo, seguido de um golfinho pantropical, já os mencionei anteriormente. Procuravam por algo, e não poderia fugir. Sutilmente notei quando meu amigo do trabalho apontou a mim, traindo-me em afinidades, eu só queria me esconder.
Assim que efetuo o atendimento, não me demora muito para surgirem a frente. Changbin se faz diante de mim, e ele parece surpreso e distante, ora pois, como sempre foi, o que ele faz com Hyunjin eu já não gostaria de saber pois ainda guardo mágoas.
- No que posso ajudar? - Indago impaciente, baixando a vista, vejo minhas unhas, malacabadas e coloridas.
- Nós precisamos conversar, Ji.- E é Hyunjin quem diz. E eu me vejo sem saídas, preso diante de meus próprios medos, mas estou me livrando desta vida, e pra' isso é preciso coragem.
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Confesso que havia enrolado muito, mas ambos aguardaram até meu intervalo de almoço para terem aquele assunto comigo. Como outrorá já havia feito, Changbin nos levou até uma cafeteira próxima, e nos serviu café, recusei, pedi suco de maracujá, o que foi estranho, mas eu já não era o mesmo, e desta forma seguimos.
Se eles notaram as sapatilhas é óbvio, devem ter visto as pulseiras e os brincos eram inevitável e talvez, eu quisesse ser visto, talvez pela primeira vez, queria ser visto.
"O que aconteceu Ji?" eu escutei enquanto apoiava o rosto no palmo e divagava longe para a janela de onde via as nuvens se formarem, era melhor que ali, menos ruim.
Explico que não sei, nem eu sei, só fui sendo, disse que precisava fazer algumas coisas, desfazer alguns nós da vida.
Meio que desabafei que nem sabia o que era eu, e que o eu que eles conheciam eu nem sabia se era mesmo eu. Hyunjin me perguntou se eu achava que eles me traiam e eu dei por ombros, já não era da minha conta, mas devolvi a pergunta, "e eu deveria?", o golfinho pantropical se revolta, dizendo que fui insensível, pensando somente em mim e nas minhas, entre aspas, maluquices, ao deixar meu namorado pra' trás, sem explicações, e eu fui mesmo, mas pra' mim foi importante ser assim.
Changbin parece triste, meu coração dói um pouco, não sei porque veio ou porque quis ter esta conversa, mas não acho que sou sua felicidade e muito menos me responsabilizo por ela.
Após uns suspiros, olhares feios, olhares tristes, eu acabei abrindo meus pensamentos para eles e não me importei se estariam preparados para recebe-los. Contei quando os vi beijar no porto, quando após um ano soube que estiveram "presos" em uma cabine do barco de Bangchan por horas enquanto eu telefonava, e de quando peguei uma conversa aberta no computador onde os dois falavam sobre o quanto "aquilo" que eu não sabia era errado e não deveria se repetir, mas se repetiu, e inclusive, no meu aniversário. Meus pais estavam na cidade e eu não quis estragar tudo com qualquer reação, me mantive quieto mesmo depois que os vi fazendo o que me informaram que seria fumar, mas aquilo era bem mais íntimo que isso e eu sabia que aquilo também era um grande vício.
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ÁGUA VIVA ✧ ᴹᶦⁿˢᵘⁿᵍ
Fanfiction𓆝 𓆟 𓆞 "É-se. Sou-me. Tu te és." Onde Jisung se sente um peixe palhaço porque Muriel é uma águaviva. | queer love 🏳️🌈 |