2. Minha vida atual

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Hoje fui acordada aos berros dos meus irmãos, como sempre, minha mãe gritando para eu fazer café da manhã e reclamando do porque não tinha acordado ainda, por mim eu não acordava nunca mais, ontem trabalhei até tarde, para conseguir as gorjetas que eu precisava para sair daqui, ontem foi meu último dia de trabalho.

Levantei e fui ao banheiro, paro em frente a pia e me olho no espelho, no meu rosto não demonstrava nenhuma esperança que já fui feliz um dia.

Tenho cicatrizes que nunca me esquecerei de como ganhei elas, meu pai foi cruel comigo, ainda bem que ele não mora mais com a gente, foi mais fácil de suportar ficar com meus irmãos e minha mãe.

Mas ninguém vai estragar minha felicidade hoje, daqui algumas horas eu sumo daqui, vou morar sozinha, trabalhar em um lugar melhor, e fazer uma prova pra entrar em uma faculdade, já tenho quase 19 anos e ainda não consegui sair de casa, só que ninguém sabe que vou embora, simplesmente vou sair pela porta sem dar explicações, fingir que nada está acontecendo, eu vou embora quando todos estiverem dormindo.

Se eu contar minha mãe vai pirar e não vai deixar eu ir, capaz de me trancar no quartinho da empregada, como meu pai já fez, mas eu já planejei tudo, só que estou morrendo de medo de alguma coisa acontecer, pois estou com uma sensação estranha no meu coração,

Acordo dos meus pensamentos e escovo os dentes e vou à cozinha fazer café, antes que minha mãe apareça para me bater. Tenho ajudado financeiramente e feito tudo dentro de casa, minha mãe não tem trabalhado tanto mais, ela trabalha em uma fábrica de roupas, mas a situação de lá, não está muito boa. Só não me dá pena de sair de casa, pelas crueldades que fazem comigo, eles não merecem do meu esforço.

Tenho três irmãos, o Felipe de 17 que é uma peste, vive fazendo coisas erradas e fala mal da minha mãe, mas ela vive defendendo o Felipe, o de 6 anos o Gabriel que é o exemplo do meu pai, é o filho que meu pai mais gosta, outro peste atentado, outro de 9 anos Luiz ele é esperto uma criança que não faz nada e muito preguiçoso e acha o garanhão, ele é o mais inteligente dos meus irmãos e o único que fica na dele, esse ai vai ter filho cedo, só fica vendo.

-VOCÊ NÃO SERVE PARA NADA,NEM PARA FAZER UM CAFÉ PRESTA,ESTOU COM FOME MANUELA- minha mãe já vem gritando e me puxando.

-Olha Marizete, não vem falar comigo assim, NÃO sou sua empregada JA CANSEI, não vou fazer café nenhum -Já falo indo pegar minha bolsa, não vou aguentar esperar de noite, preciso respirar um pouco, se não vou ter minhas crises, então pego minha bolsa e saio de casa sem olhar pra trás.

Ouço-a correndo e gritando, mas continuo andando por que eu não quero ouvir ela, começo a correr igual uma doida pelas ruas sem olhar, mas por sorte nada me acontece, eu avisto a padaria para tomar café e vou até lá, só que agora andando, não quero morrer hoje.

Antes de entrar, fico na calçada, respirando, olho para o céu, como esta bonita, queria que minha vida fosse tranquila quanto esse céu.

Entro na padaria e sento na mesma mesa que quando venho aqui, vejo que as pessoas nem sentam mais neste lugar, vou até ela, é uma mesa que fica no fim da padaria perto da janela onde da para ver as pessoas andando no parque e as crianças correndo. Sempre quando venho aqui fico admirando essa paisagem.

Sento-me e penso, não tenho mais tanto dinheiro, pois este mês eu utilizei todo o dinheiro que eu tinha para conseguir, comprar um colchão, um fogão para minha casa nova, me demiti do emprego que tinha, eu trabalhava em um restaurante, mas agora já tenho um  outro emprego e aonde vou morar, foi difícil conseguir esse emprego que vou ter agora, vou trabalhar de recepcionista, não vejo a hora de viver sozinha e recomeçar de novo, viver algo novo e começar a minha vida do zero.

Minha vida em Preto e BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora