9. Não posso me apaixonar

8 1 0
                                    

Continuei chorando por algum tempo, minhas crises de choros costumam durar por muito tempo, é algo que não entendo, eu sinto um aperto no peito e só consigo me sentir melhor depois de tanto chorar, aqueles choros que só paramos quando dormimos. Desde que comecei a chorar Rafael me abraçou, eu o sentia passando uma das suas mãos nos meus cabelos, e a outra nas minhas costas dando carinho e de alguma forma aquilo me confortava, ele permaneceu em silencio, eu me sentia segura e protegida em seus braços, nunca senti tanta paz, carinho e amor em um abraço. Depois de tanto chorar eu permaneci em seus braços, sentindo seu carinho e o seu calor, não queria que esse momento acabasse e comecei a sentir vergonha, o que ele estaria pensando de mim?

- Rafa, me desc... .- chamei e ele me cortou

- Pequena, não precisa me dizer nada por agora, mas eu quero que me diga depois de tudo que você passou nesses anos, eu não quero te ver mais sofrer. Por favor, aceita o meu acordo, não consigo mais viver sem você e não estar do seu lado nos momentos como este. – disse ele me soltando um pouco dos seus braços para ver o meu rosto.

Não olhei diretamente em seus olhos, ainda estava com vergonha e então pele colocou suas mãos delicadamente nas minhas bochechas me obrigando a olhar, nesse momento eu não conseguia respirar, o seu toque me trazia muitos sentimentos, desde que vi esbarramos na rua eu não parei para reparar seus olhos, era um azul bem claro, senti um arrepio quando ele me puxou mais para ele, nos obrigando a encostar nariz com nariz, dei um sorriso pensando em quando eu ficava ansiosa esperando suas mensagens e sonhando que algum dia eu pudesse ver ele de perto. Ele sorriu de volta e foi assim que descobri que eu não teria mais volta, não posso imaginar ficar longe desse sorriso.

- Eu aceito – disse finalmente, antes que eu me arrependa, não quero pensar nas consequências, desde que eu namorei o Felipe, fiz um juramento comigo mesmo que eu só beijaria outra pessoa quando eu soubesse realmente os meus sentimentos pela pessoa, e eu não sei quanto tempo eu vou resistir em não beijar esses lábios de um amor que tive á três anos á trás, tenho medo de me entregar e me machucarem, pois as pessoas que eu sempre estive próxima e achei que me amavam me fizeram mal.

Rafael me puxou para um abraço – Manu eu prometo que você não vai se arrepender, eu vou fazer você muito feliz e a Alice ficar muito feliz em te ver, desde que ela nasceu eu sempre falei de você. Ela só tem apenas 2 anos mais é muito esperta.- saio da cama de perto dele e vou andando até á janela e um quadro chama minha atenção.

- Não vejo a hora de conhece-la, eu amo crianças, espero que ela goste de mim, vai ser um prazer cuidar dela. – digo pegando o quadro que estava em cima da estante e analisando os traços da irmã – Vocês são parecidos, eu quase surtei em saber que tinha uma filha.... – então ele veio até mim e sorriu.

- Alice tem sido tudo para mim desde que minha mãe se partiu – disse meio triste mesmo sorrindo, eu percebia que era um sorriso de saudade – às vezes ela lembra muito minha mãe, eu sempre mostro as fotos dela para não esquecer da mamãe.

Coloco o quadro de volta, olho para ele e sua cabeça está virada para a janela olhando para o nada, pego sua mão, obrigando a me olhar. Apenas esse toque me fez me arrepiar inteira. Eu estou ficando paranoica do lado dele, faz tanto tempo que ninguém se aproxima assim de mim, que tenho sentido coisas estranhas. Tenho medo de todo esse carinho que existe acabe.

- Agora você não está sozinho, eu vou estar lá para te ajudar – digo sorrindo e passando tranquilidade a ele.

- Eu estou tão feliz por estar aqui comigo, eu vou comprar nossas passagens para ir embora amanhã.

- Aonde você mora ? – não faço ideia sobre o rumo da minha vida daqui para frente

- Será uma surpresa minha pequena

Então ele sorri, sai andando até o banheiro, eu já disse que fico igual uma boba quando vejo-o me chamando de pequena, é a primeira vez que escuto ele dizer "MINHA" pequena. Então, ele me deixa no quarto sozinha e vai tomar um banho, me olho no espelho que tem perto da estante e vejo o como eu preciso urgentemente de um banho. Olho para a cama e me lembro do café da manhã que ele trouxe para nós, a gente até parece um casal. Fico sorrindo igual uma boba, pensando se daria certo a gente ter um futuro juntos, faz um dia que estou com ele e me sinto tão bem, como eu nunca fiquei antes, mas me lembro que eu sempre faço as coisas erradas e as pessoas acabam se afastando de mim. Eu não posso me apaixonar, será um erro acabar com a amizade que a gente tem. Eu não quero que nada mude entre nós.

Minha vida em Preto e BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora