Minha vida em Preto e Branco

11. Destino ao meu sonho

Estou chorando não sei quando tempo, choro em silencio, meu corpo todo treme, não tenho mais controle sobre mim, ele se sentou no sofá e me pós no colo dele, de uma maneira tentando me acalmar. Sinto-me destruída, frágil, meu passado fica me atormentando, meu corpo pede socorro.

- Manu, quer tomar um banho? – diz ele quando percebe que estou parando de chorar, não quero sair dos braços dele tão cedo, então aperto mais meus braços nele e não digo nada – você precisa se acalmar minha pequena, quem foi o monstro que fez isso contigo...- diz ele pensativo.

Quando ele souber o que aconteceu comigo, nunca vai querer me tocar. Ninguém vai querer tocar uma menina cheio de cicatriz, meus pais deixaram muitas marcas no meu corpo, não tenho orgulho delas, nem me olho no espelho. Fernando tentou uma vez me tocar e eu entrei em pânico, ele sempre foi muito carinhoso e mesmo não sabendo o que aconteceu comigo, ele dava meu espaço e tempo.

- Manu, a gente precisa te passar no médico, eu quero te ajudar, sinto que aconteceu muitas coisas e você está muito fechada, eu sou seu amigo, não vou te fazer mal, quero que converse comigo para poder te ajudar – diz ele me dando um beijo na testa e passando suas mãos nos fios do meu cabelo.

Tenho vergonha de quem eu sou, tenho medo dos julgamentos e do que as pessoas vão falar, quando meus pais foram me buscar no hospital, meu pai fez um escândalo me chamando de prostituta, doeu escutar isso de um pai e a mãe não defender, foi pior do que aconteceu comigo

- Eu tenho medo de contar e você fugir de mim – digo olhando para seus braços, que são bem musculosos, nunca estive tão perto de um homem, com ele eu não sinto o que eu sentia com o Fernando, me sinto protegida – me sinto protegida ao seu lado, e agradeço por estar me dando espaço, só preciso de um tempo, não estou acostumada com todo esse carinho e proteção, eu passei por muitas coisas e às vezes tenho muitos pesadelos- digo olhando em seus olhos agora – achei que nunca diria isso, mas eu aceito ajuda médica.

- Fico feliz minha pequena que se sente bem perto de mim, quero te mostrar todo o amor e carinho que tenho por ti e quero aproveitar todo o tempo perdido, você é muito especial para mim e merece ser feliz e ser amada. – Ele se levanta comigo em seus braços como se eu fosse um bebe – vou cuidar de você igual eu cuido da Alice, agora vou te dar um banho para você relaxar e a gente almoçar para viajar – diz ele piscando com um dos olhos.

Entro em pânico sem dizer nada, ele vai me dar um banho, que parte ele não entendeu dos meus traumas e medos, meus choros e dar espaço. Tento sair do seu colo, mas ele é mais rápido que eu. Eu já estou orgulhosa de mim, por deixar ele me dar abraços, carinhos, me pegar no colo.

- Pequena, Manu – Diz ele na tentativa de falar comigo e eu não paro de tentar sair do colo dele, estou em pânico, não quero que ele me toque e veja meu corpo – Pequena, olha para mim por favor , eu estou brincando, me desculpa, não vou te dar um banho, só vou te levar ao quarto, fica calma, eu nunca vou te tocar, só apenas quando deixar.- e beija minha testa me deixando no chão, perto da minha mala.

Relaxo o corpo e fico com vergonha da maneira que eu estava, ele me deixa no quarto, mas antes de fechar a porta me olha com uma cara triste, ele sai me dando espaço para que eu possa tomar meu banho, me sento na cama, puxo o ar várias vezes, não tenho controle mais de mim, preciso me controlar e confiar nele, vou ao banheiro tomar banho, prometendo a mim mesma que eu seria diferente quando eu sair dessa cidade, não posso me mostrar fraca, eu sempre fui forte.

Depois de alguns minutos tomando banho, pego um short e uma camiseta, penteio meus cabelos, passo perfume e me sinto mais relaxada. Vou em direção à sala, para que eu possa me desculpar do que eu fiz.

Vejo-o sentado no sofá, com a cabeça encostada em suas mãos dormindo tranquilamente, chego perto dele, passo minha mão levemente no seu rosto, e vejo seus braços arranhados, eu fiz isso, me sinto envergonhada, passo a minha mão levemente, pensando de que alguma forma poderia sumir o que eu fiz, e então sinto um braço me cercando e me puxando para seu colo, vejo o sorriso dele e esqueço de tudo, nem lembro meu nome nesse momento, ele chega perto do meu pescoço, cheira e da um beijo, onde me arrepio toda.