50- Última chamada

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(S/n) enfiou mais o capuz na cabeça, estava no ponto de ônibus esperando o ônibus que viria e a levaria para o início de sua nova vida.

Era para ser entregue em pouco mais de quinze minutos, ela estava bem ciente de que estava adiantada, mas dificilmente poderia esperar por muito mais tempo.

Mesmo que todo o negócio de não ser infectado estivesse acontecendo há apenas um mês ou mais, ela ainda sentia que este ônibus estava aliviando uma vida inteira de ansiedade.

Ela não precisava mais se esconder, mas também não seria mais governada por seus medos, (S/n) poderia viver livremente com pessoas em quem pudesse confiar.

Só faltava aquele maldito ônibus aparecer.

Seu telefone vibrou em seu bolso e (S/n) engoliu em seco ao ver o contato. Era a mãe dela, depois de alguns momentos de debate ela recusou a ligação.

Não valia o risco.

Ela se sentou em um banco e verificou a rua vazia para ter certeza de que estava sozinha,pensamentos cheios de paranóia sobre o que poderia acontecer entre agora e a chegada do ônibus eram quase sutis em sua mente.

O telefone tocou mais uma vez, fazendo com que (S/n) enviasse para o correio de voz pela segunda vez. Ela não teve coragem de bloquear sua própria mãe, mas ao mesmo tempo não achava que conseguiria ouvir o que ela diria.

O dia em que Gerry foi trancado em seu quarto ainda estava tão claro na mente de (S/n), ela sabia que seus pais pensavam tanto naquela época quanto agora que estavam fazendo a coisa certa e que o estavam protegendo do mundo brutal. .

(S/n) não suportava pensar em como esses anos foram difíceis para seu irmão, ter sua liberdade arrancada dele e lentamente assistir sua alma partir era doloroso demais para assistir como sua irmãzinha.

Mas ela não podia se sujeitar à mesma coisa.

Então sua família tinha que ser um objeto do passado.

Assim como Harvey, que ela já considerou seu melhor amigo, assim como Wes, em quem ela também confiava muito, o mesmo com Gabriel e Lloyd.

Mesmo os aliados que ela encontrou em Clementine e Chloé não eram pessoas que ela pudesse continuar a ver. Essa parte de sua vida simplesmente não podia mais acompanhá-la.

Começar de novo foi emocionante, mas assustador do mesmo jeito. E se não houvesse sequer uma comunidade unificada para onde Clementine a enviara? Essas coisas não foram exatamente anunciadas por razões óbvias, tudo isso aconteceu de boca em boca. E se eles não a aceitassem? E se ela fosse pega de qualquer maneira e fosse tudo em vão?

Os pensamentos de (S/n) foram interrompidos por seu telefone vibrando pela terceira vez. Exasperada, ela rejeitou a ligação.

Ela não tinha tempo para ser gentil e atenciosa, ela tinha que se salvar em vez de atender aos sentimentos das pessoas que ela poderia magoar ao partir.

Foi uma abordagem cruel, mas era a única que garantiria sua liberdade.

🥀

Ela cerrou os dentes de frustração ao ver que seu ônibus estava atrasado por mais dez minutos. Tinha estado tão perto e ela teve que esperar ainda mais.

Parte dela pensou que era um sinal de que isso não ia dar certo, mas ela empurrou essa parte para baixo e continuou a esperar com toda a paciência que pôde.

O toque dela tocou pela quarta vez e (S/n) se chutou de aborrecimento, nem era tão ruim assim que sua mãe estava traficando com ela mas essa repetição em cima da demora no transporte estava ficando irritante.

Ela aceitou a ligação apressadamente nem que fosse para dizer
sua mãe para parar de ligar para ela.

"Olá??" (S/n) disse com um pouco de agressividade.

"...(S/n)." Uma voz profunda, mas rouca, saiu silenciosamente do alto-falante.

(S/n) levantou-se de repente, a voz não era a de sua mãe, mas era de alguém que ela quase reconheceu o tom.

"Gerry...? É você?" Ela proferiu em descrença.

"M-ãe e...pa-pai estão comendo...fora." Suas palavras foram desconexas por vários anos sem emitir nenhum som, mas (S/n) ainda estava hipnotizada por sua voz.

(S/n) suspirou trêmula, incapaz de compreender a enxurrada de emoções que estava experimentando. "Eu sinto muito... Mas eu tenho que ir."

"Eu-eu sei... eu não quero que você.. termine como eu.. ou pior..."

"Gerry..." Ela disse suavemente, embora ela não parasse de falar com ele, ainda parecia que ele a estava ouvindo pela primeira vez. "Eu... eu voltarei para você, estaremos seguros."

"Não... É muito, muito perigoso." Sua voz estava muito mais fraca do que (S/n) lembrava. "Eu estou t-bem."

"Não. Eu não posso deixar você. Assim que estiver acomodado, juro que voltarei para buscá-lo." (S/n) falou com confiança.

"(S/n)."

Ela quase chorou ao ouvir seu nome.

"Eu só queria te-dizer que você não pode deixar... Deixar-nos te segurar..nós-nós ficaremos bem."

Havia alguma hesitação em sua voz, mas ela não sabia dizer se era falta de confiança em suas próprias palavras ou o simples fato de que ele não falava em voz alta há anos.

"Eu te amo tanto, vou sentir sua falta... Mas te verei de novo e-e podemos cuidar um do outro, ok? Podemos ser livres... e seguros... E felizes." Esses últimos três sentimentos pareciam mundos distantes, mas ela não podia deixar Gerry sem dizer isso a ele.

"Eu também te amo." Ele disse, suas primeiras palavras sem gaguejar durante toda a ligação. "T-leve o seu tempo."

A voz de seu irmão foi substituída pelo tom de discagem e ela guardou o telefone. Foi só então que ela percebeu as lágrimas que escorriam de seus olhos.

O ônibus estaria chegando em breve e então tudo isso poderia começar. Uma respiração profunda e trêmula deixou seus lábios.

Ela não sabia da figura que espreitava por perto, e essa figura faria qualquer coisa para impedi-la de entrar naquele ônibus.

Infected || yanderes x leitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora