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Vittoria


Agindo como um fantasma mais uma vez, Luca, me surpreende com sua presença quando viro de lado e lá está ele, me pergunto se estava há muitos minutos me observando a dormir. Um homem tão importante e ocupado como ele, não perderia tempo com algo como isso, então coço meus olhos e volto a me virar, eu deveria estar sonhando, não é como se fosse ser a primeira vez, desde que meus olhos bateram sobre Luca em minha adolescência que se tornou comum tê-lo em minha cabeça mesmo quando estava imersa no mundo dos sonhos.

— Dio mío! Você tem que me perturbar mesmo enquanto durmo?! — resmungo quando a imagem de Luca não desaparece da minha cabeça, meu sono se perdendo, até posso sentir seu perfume delicioso.

— Prometo estar contigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te, respeitando-te e sendo-te fiel em todos os dias de minha vida, até que eu nos separe.

Pulo da cama, trombando em Luca e voltando para a cama, mas me sentando dessa vez.

— É você mesmo — digo como uma grande bobona.

Sua testa franze enquanto me olha, sem entender.

— Quem estava esperando? — sai praticamente em um rosnado, a face antes que nada revelava de Luca quando o vi no primeiro momento, muda por completo, suas narinas estão infladas e seus olhos poderiam ter faíscas de fogo, me encolho — Quem, porra? — segura bem apertado em meus braços, tão apertado que solto um gemido de dor — Você é uma demoniazinha bastante teimosa, não é? — me sacode apertando ainda mais.

— Luca! — digo assustada com sua visão, estava ainda pior do que a noite em que vi a fera que carrega pela primeira vez — Ninguém. Pensei ser um sonho, somente isso — Luca não me solta de imediato, ele vai se acalmando e parando de me sacudir, até que vai diminuindo o aperto aos poucos, até suas mãos grandes estarem longe da minha carne, onde já está vermelho — Tenho sonhos com você, só pensei ser mais um — choro, me arrastando até o outro lado da cama king.

Ele desliza uma das mãos sobre o cabelo loiro, ajeitando, mesmo não tendo nenhum fio fora do lugar. Permaneço mantendo distância, meus joelhos próximos ao meu tronco e os abraçando.

— Sairemos hoje a noite. Lembre-se do que foi ensinada a vida inteira — avisa e vai embora, eu continuo chorando.


(...)

Esteja sempre bem vestida, seja sempre educada e nunca faça nada que desonre sua família, foram as três coisas que mais ouvi em toda minha vida e sobre o que Luca quis dizer quando me avisou sobre nossa saída.

Para esconder o arroxeado em meus braços acabei escolhendo um vestido de mangas longas, em um tom de champanhe longo, sem decote ou fendas, mas com as costas em um cruzado que revela algumas partes da minha pele. Estava elegante ainda que demonstrasse alguma sensualidade. O vestido também se agarrava nos lugares certos do meu corpo. O salto preto me dava alguma altura, o batom leve e um destaque em meus olhos, meu cabelo decidi deixar solto, caindo por um dos meus ombros e seios. Uma bolsa de mão e alguns poucos acessórios, finalizando o visual.

Lembro-me de algumas das palavras de Mav, minutos antes, quando desligamos para que eu possa descer e encontrar Luca, para irmos.

Ponha seu melhor sorriso no rosto.

Eu treino antes de tocar na maçaneta, abrir a porta e olhar para ele e qualquer outra pessoa.

Juliano é quem me espera ao fim da escadaria, quando me nota, desvia seu olhar rapidamente, mas continua a me esperar.

— Boa noite, senhora! — retribuo o cumprimento — O Chefe está lá fora — avisa, assinto.

Eu gostaria que ele, me chamasse pelo nome, mas sabíamos que isso nunca iria acontecer. Exatamente como Luca nunca me acharia uma boa esposa. Suspiro e o acompanho.

Meu marido fala com alguém em seu celular enquanto puxa de um charuto, eu sequer sabia que Luca fumava, encostado em um desses carros luxuosos que não faço a mínima ideia de qual seja, além de sua cor, preto. Distante, Luca até parece despreocupado, apenas um homem abastado em uma ligação de negócios comuns e nada sangrento e pavoroso como são os negócios da Cosa Nostra.

Mais próxima posso admira-lo. Essa noite Luca está livre de gravata e paletó, um blazer o substituindo fazendo combinação com uma calça social de bom corte escura, assim como a camisa também social.

—... Certo — ele diz em russo, me observando, seu polegar percorre seu lábio inferior. Sinto meus olhos se estreitarem. O que Luca falava com um russo? Somos inimigos declarados há anos, nossos inimigos mais antigos e mais poderosos comparados há outros — Vincenzo e Dino chegam durante a madrugada, mantenha entre nós — ele diz a Juliano após desligar, que somente assente e desaparece, a informação vindo  com algum tipo de ordem. Talvez ele tivesse que buscar Vincenzo, o irmão mais novo de Luca, e seu primo Dino. Cheguei vê-los mais do que vi Luca antes de noivarmos e casarmos, sempre iam a Itália e apareciam na casa do meu irmão, agora que ocupava o lugar de papai como um dos capos — Está bela, Vittoria — seu elogio inesperado me puxa dos meus pensamentos, um sorriso grande e nada ensaiado vem sobre meus lábios.

— Grazzie, Luca! — agradeço feliz e envergonhada — Você também está muito bonito — ele assente.

— Venha — me estende sua mão, seu charuto no chão e o celular guardado. Me adianto até ele e me sinto ainda mais animada quando minha mão repousa na sua e praticamente desaparece dentro da dele, quando se fecha — Como se já não chamasse atenção o suficiente — ainda estou me deliciando com o momento, então não sei do que resmunga, até que percebo que estamos parados e Luca tem seus olhos na parte de trás do vestido.

— Irei trocar, prometo que não demoro — digo já puxando minha mão da sua, mas não consigo.

Luca fecha os olhos brevemente e os abre quando começa a negar com a cabeça.

— Ande — ele faz primeiro que eu, me levando junto. Do lado carona, Luca abre a porta para mim, dá a volta e entra — Não se esqueça a quem pertence — diz ao terminar de pôr o cinto de segurança e dar partida no carro, sem olhar em minha direção.

Como poderia?

— Já me sentia sua muito antes de ser uma verdade — sussurro em italiano, finalizando com um suspiro. Ele não deve ter me ouvido e tudo o que eu queria era ter coragem para dizer isso a Luca, de forma audível, não que fosse dizer alguma diferença — Ai!

A freada que o carro dá poderia me arremessar para frente se não fosse o cinto, e quando corro para ver se Luca está bem mesmo sabendo que usa o cinto de segurança tanto quanto eu, sou pega de surpresa. Ninguém bateu em nós, ou não há nada em nossa frente que eu não tenha visto e ele impediu de bater. Foi ele, só ele.

— Luca...

Não posso terminar, Luca puxa minha cabeça em direção ao seu rosto, como fez em nosso casamento, me agarrando pela nuca e colando seus lábios sobre os meus, a diferença, que dessa vez não é um leve contato, meu marido realmente me beija. Luca, me beija com fome, cheio de necessidade e desejo.

E eu, o acompanho.



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Nas Mãos Do Don - 2ª livro da série Nas Mãos Do Amor            (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora