Querida Tia

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Fallon narrando:

Estar sozinha nunca foi um incomodo para mim. Após tudo o que aconteceu-me a solidão era ao que eu mais me queria agarrar. Eu agarrei-a com tanta força que agora não consigo evitar querer estar sozinha a toda a hora.

A solidão é uma das melhores coisas da vida. É na solidão que podemos ser nós próprios sem termos medo de ser julgados. É na solidão que cada um pode ser aquilo que quiser.

Mas como qualquer coisa, estar sozinho tem os seus pontos negativos. Quando vivemos na solidão os pesadelos aparecem, normalmente com maior intensidade, e não existe ninguém nesse momento para te ajudar a ultrapassa-los.

Quando era criança, sempre que tinha pesadelos, corria para o quarto dos meus pais e deitava-me no meio deles. Eles sorriam, a minha mãe fazia carinho nos meus cabelos enquanto que o meu pai dizia, que tudo ia ficar bem pois tinha sido apenas um sonho ruim. Mas depois tudo muda, pois quando estás sozinha a única pessoa que está lá para te salvar da escuridão dos pesadelos és tu mesma.

Aproximei-me do sofá e deixei que o meu corpo caísse sobre o mesmo, depois de horas deixei que os meus músculos relaxassem. 

Derrepente o meu telemóvel tocou. Não estava com vontade nenhuma de falar com quem quer que fosse que estivesse do outro lado da linha. Percorri a sala com o olhar e vi o telemóvel pousado em cima da pequena mesa de centro. Ele estava tão longe.

Não mexi um músculo e deixei que o meu cérebro ignorasse aquele som. Fechei os olhos e fiquei na esperança de isso acontecer.

Não aconteceu.

Era a terceira vez que o telemóvel roçava e por muito que quisesse ignorar não estava a acontecer. Forcei o meu corpo a mover-se e agarrei o telemóvel.

Atendi sem sequer ver quem era.

Fallon-Quem fala?

Aidan-Quem achas que é, querida?

Fallon-vai á merda. O que queres?

Disse encostando me novamente no sofá. Ele era a última pessoa com quem eu desejava falar.

Aidan-mau humor?

Fallon-não é da tua conta. Fala logo o que queres.

Mesmo não estando cara a cara com ele, consegui ver perfeitamente que neste momento ele havia revirado os olhos.

Aidan-precisamos falar.

Fallon-não quero. Adeus.

Desliguei o telemóvel na cara dele. Talvez tenha sido um ato infantil, mas realmente não estava com vontade nenhuma de falar com ele.

O telefone tocou novamente.

Bufei em sinal de frustração. Atendi.

Fallon-o queres?

Stella-isso não são modos de falar para a tua tia, minha queria Fallon.

O meu coração falhou uns batimentos.

Fallon-Olá para a minha tia preferida.

Disse nervosamente.

Stella-nem venhas com isso de "minha tia preferida". Estás ocupada?

Olhei ao meu redor.

Fallon-não...

Stella-Tens planos para o natal?

Fallon-se com planos queres dizer ficar sentada o dia todo no sofá enquanto bebo um chocolate quente e assisto filmes, então sim.

Stella-sempre a mesma coisa. Amanhã estarei na tua casa para passarmos o natal juntas.

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