Capítulo 07

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Eu quero morrer primeiro, entendeu?

Os últimos reparos da casa tinham sido finalizados dias atrás. Finalmente a casa que compraram poderia ser habitada. Só que, bem...

Eles ainda não tinham procurado mobília, nem artigos de cozinha e muito menos de decoração. E isso rendia muitas piadas para Dave. Outro detalhe importante, a casa ainda não tinha luz, mas pelo menos a àgua encanada não era mais um problema.

Tinham acabado de fazer sexo em um saco de dormir, com apenas algumas velas iluminando a sala de estar vazia. Não era o encontro mais romântico que tiveram.

— Que história é essa, Em? — questionou curioso por ela está falando esse tipo de coisa depois de um momento tão íntimo para os dois. Chamaram aquele momento de "A Inauguração", pouco criativo, mas significativo.

— Não acho que vou suportar se você morrer antes de mim. Eu iria te odiar por partir sem mim, principalmente se você morrer com algo relacionado ao trabalho. Eu vou te odiar.

— Querida...

— Me prometa, Aaron. Prometa que vai me deixar morrer primeiro.

— Não posso, querida. Simplesmente não posso. E o que te faz pensar que vai ser mais fácil para mim ficar sem você?

Diga.

Aaron respirou fundo, então fez a promessa que não tinha certeza se cumpriria. Era, provavelmente, uma grande mentira.

— Prometo, querida. Vou deixar você morrer primeiro.

...

Quando o braço dela alcançou o outro lado da cama não encontrou nada. Foi como se um balde de água fria tivesse sido despejado sobre ela.

Férias, um ova. Ela era uma grande pateta por ter acreditado nessa história. Aaron e férias. Que piada!

Levantou da cama expelindo fogo ao invés de ar. Aquele desgraçado vai dormir na escada por tê-la enganado. O pior de tudo é que ficou muito feliz. Conversaram até sobre os dias que teriam babá ou não, porque a menina que olhava as crianças estava juntando dinheiro para alugar um lugar para morar, por isso não a dispersaram.

Que babaca idiota.

Quando estava no final da escada, escutou a porta sendo aberta. Depois a imagem de Aaron surgiu, todo suado e ofegante.

— Bom dia.

Oh.

— Você foi correr? — perguntou, toda a raiva e os planos de como torturá-lo se esvaindo. O que estava acontecendo? Ela nunca foi de distribuir tanto ódio de graça assim para ele.

— Sim, onde mais eu estaria tão cedo pela manhã?

No trabalho.

— Na nossa cama — respondeu em vez do primeiro pensamento. Ele deu um sorriso cheio de más intenções, ou boas, dependendo da interpretação — Por que foi correr? Você não corre faz, o quê, quatro anos?

— Estou de férias, decidi voltar com o hábito de correr pela manhã. Não estou ficando mais novo e com o histórico de doença cardíaca na família...

— Você tem que parar com o café, isso sim.

Ele sorriu e começou a se aproximar, o sorriso aumentando diante da careta de de repreensão dela.

— Lembro de alguém dizendo que talvez pudéssemos caminhar juntos. — A careta aumentou quando ele a abraçou — Mas alguém odeia acordar cinco da manhã.

PertubaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora