Pertubações

Capítulo 08

Emily havia chegado no apartamento dele há mais ou menos duas horas, cumprimentou-o onde estava na mesa jantar, fazendo o trabalho que deixou acumular. Então foi assistir TV.

Porém, ele não notou que havia passado tanto tempo até encontrá-la adormecida no sofá. Na TV passava "carros", sim, a animação. A dor que o atingiu no peito o deixou sem ar. Emily estava assistindo desenho animado enquanto ele estava mergulhado em trabalho.

Deus, ela era tão fofa, e ele tão... indigno de tudo isso. Ele não merecia uma namorada que ficava esperando por ele enquanto assistia animação. Aaron a deixou sozinha. A deixou esperando.

Ajoelhou-se e afastou o cabelo que caía sobre a testa dela.

Namorados, era esse o título deles agora. Passaram 5 meses sem rótulo algum, saindo para encontros, fazendo sexo e dormindo na casa um do outro. Só passaram a se referir a eles assim faz pelo menos uns 3 meses e meio.

— Ei — chama em um sussurro hesitante, ela parecia tão em paz em seu sono que era uma pena acordá-la, mas desconfiava que ela não tinha jantado ainda.

Ela não murmurou um julgamento ou tentou esconder o rosto. Na verdade, o que aconteceu só o fez se sentir ainda pior, olhos cheios de afeição encontraram os dele acompanhados de um sorriso genuíno. Nem uma grama de irritação evidente.

— Oi — a voz rouca e sonolenta parecia ter dificuldade de encontrar seu caminho para fora da garganta.

— Estava sonhando comigo? — brincou, fazendo-a rir.

As bochechas dela ganharam um pouco de rubor, mas um sorriso cresceu em seus lábios.

— Na verdade, estava sim.

Ele ergueu uma sobrancelha como se dissesse "ah, é?".

— Era sujo?

— Pior, muito mais constrangedor que isso.

— O que pode ser pior que sonhos eróticos?

Ela se deleitou no carinho que ele fazia em seus cabelos.

— Um sonho fofo, doce de uma tal forma que pode dar cárie. — A declaração o fez rir. Sim, ela tinha razão, não tem certeza se conseguiria encará-la se ela soubesse de todos os sonhos fofos que teve antes mesmo que começassem a namorar.

Aaron se inclinou para depositar um beijo terno em sua testa.

É, era isso.

Ela o tinha completamente.

Mesmo que ele esqueça do tempo quando está soterrado de trabalho, porque quando está com ela também esquece completamente do trabalho e que sua vida anda longe de ser perfeita.

Deixa um beijo em seu nariz. Uma vez ela brincou que ele faz isso quando quer falar algo sério, e talvez seja verdade.

— Eu te amo. — Os olhos dela se arregalaram ao escutar — Por favor, diz que não preciso dizer um bocado de palavras bonitas e poéticas.

Ela dá risada e puxa para beijá-lo no nariz, exatamente como ele fez.

— Estava me perguntando quando me diria. Demorou, hein.

— Você sabia? — pergunta, tentando beijá-la, mas ela virou o rosto, rindo das tentativas dele de roubar um beijo.

— Claro que sim. Para um agente federal, você não é nada discreto.