"Faz alguns anos e eu passei pra próxima
Não podia fazer desaparecer, oh eu tentei muito ser forte
Mas eu cresci hoje e percebi que não estou sozinho
Não me sinto muito melhor, mas acho que é um começo"
-EDEN- Crash
Me remexi na cama procurando outra posição para dormi mais um pouco, sentido o peso que existia do outro lado da cama. A respiração leve e compassiva, como se não houvesse nada a temer era uma prévia do que veria assim que abrisse os olhos.
Resistir todos os dias para olha-la até que Ray acordasse era difícil, os cabelos espalhados pela cama, a boca entreaberta e a forma como se mantinha encolhida em uma pequena parte da cama era um lembrete diário do meu temperamento bagunceiro e conturbado.
Fechei os olhos com força soltando o ar que tinha nos pulmões, o sol entrava pela janela e por algumas frestas entre as madeiras. Tinha perdido todo o sono.
-Maldição! - praguejei baixo e ela se mexeu na cama. Droga! Tinha que segurar minha boca mais vezes.
Levantei preguiçoso, olhei o chão velho e repleto de ranhuras tentando colocar a cabeça no lugar, no meio de minhas duvidas, vi por cima do ombro o sono de Ray. As mãos pequenas, as unhas medianas e delicadas embora sem cor, as roupas finas e desgastadas davam um contraste angelical e inocente, quase provocante ela não era mais uma criança, o corpo tinha ganhado curva e volumes em certos lugares, parecia algo surreal, quando passei a vê-la daquela forma?
Vinha acontecendo com frequência, o calor tomava meu corpo, e muitas vez o clima era frio, não conseguia pensar direito quando o assunto era ela e sempre acabava agindo por impulsos.
Coloquei a mão levemente em seu braço, estava frio, sinal de que dormiu descoberta. O cobertor estava no chão próximo ao meus pés.
-Parabéns...- praguejei baixo para eu mesmo- meus parabéns Isaac Foster. Você é a criatura mais irresponsável e idiota do mundo todo.- Juntei o lençol do chão, sacudindo e depois colocando sobre ela.
Era difícil não explodir de raiva com tanta burrada que fazia, até mesmo dormindo. Com os pés descalços, fui até o banheiro, para fazer a higiene matinal.
Olhei no espelho meu próprio rosto, as deformações, os erros, cada maldita coisa que odiava em mim. Peguei as bandagens e comecei a me enfaixar sem o mínimo de pressa, ou pelo menos não até perder a paciência o que acontecia com frequência e rápido.
Fui até a cozinha, estava faminto e da forma como Ray dormia, não acordaria tão cedo para fazer o café. Não que eu não soubesse fazer, só não gostava de mexer com fogo. Abri portas e gavetas atrás de algo descente, até mesmo uma Coca-Cola, por mais que a pirralha dissesse que fazia mal.
-Porcaria!- não existia nada pronto em parte alguma, em nenhum armário, gaveta ou geladeira. -RAAAY!-Não adiantava mais deixa-la acordada de qualquer forma mesmo.
Voltei até o quarto, acordando a pirralha meio desesperado, tirei seu lençol que a mais ou menos meia hora tinha colocado, ela não se mexeu, deveria estar cansada.
-Ray...-a chamei baixo, não obtendo resposta- vamos lá pirralha...- fui até a cama sacudindo seus ombros de leve, ela se mexeu sonolenta para logo abrir as duas safiras atentas.
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O que existe entre nós - Satsuriku No Tenshi
Fiksi Penggemar"Cinco anos e uma semana que nos conheciamos, cinco anos se passaram desde que saimos daquele prédio aos pedaços, quatro anos e seis meses que viviamos juntos, sem leis, sem regras. Os limites civis não existiam para nós, embora quiséssemos viver co...