I will kill you.

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{Alexander Geardon, 10 anos, em algum lugar...}

Quando paramos para pensar, descobrimos que de fato ninguém é livre. Todos estamos presos a algo, a alguém, ou a alguma memória. Eu estava preso aos meus próprios pensamentos... E aquilo era a maior merda que meu pai poderia ter me ensinado.

Era madrugada, e eu sentia meus olhos inchados de tanto chorar. A dor em meu braço esquerdo era tão forte que que não conseguia raciocinar direito. Me levanto para ir até o espelho, mesmo com a pomada, aquilo ainda estava inchado.

Ouço passos vindos do corredor e puxo minha camiseta com rapidez para cobrir minhas costas. Enxugo meu rosto e respiro fundo quando os passos estão mais ao longe agora.

- Porra...

Gemo de dor me sentando em minha cama, eu tinha certeza que meu braço havia sido deslocado durante o treino, mas eu não queria que ninguém me visse chorar. Eu não podia... Papai ficaria sabendo e eu jamais suportaria o olhar dele.

- Eu confio em você, filho.

Ele falava isso com mais frequência do que falava "eu te amo". E eu entendia, eu realmente entendia, mas era difícil demais não confiar em si mesmo. E confiar em mim mesmo era a missão mais difícil que eu já havia tido.

Sentado, coloco uma toalha enrolada em minha boca e a mordo. Me deito em minha cama, minha cabeça latejava de dor... Então, prendo meu ombro contra a cama e puxo ouvindo o estralo do meu ombro voltando ao lugar. A toalha abafa meu grito.

Fico parado por um tempo olhando para o teto sentindo a dor amenizar um pouco. Depois de um tempo, sinto meus olhos pesarem e tiro a toalha da minha boca. Suspiro me virando para o lado ainda sentindo o choro de dor em minha garganta, mas eu não choro. Não mais.

Meus olhos se fecham e eu não me recordo mais se algo doeu ou não no dia seguinte. Coloco uma camiseta onde a manga cobria o roxo do meu ombro, não queria ser dispensado do treino por aquilo.

- Moreau. - escuto a voz do mestre quando chego até o pátio com os outros garotos para o treino.

Todos se viram assustados para mim e eu tento me manter passível quando levanto meu rosto para ele.

- Sim, mestre.

Falo vendo o olhar de preocupação dele sobre mim enquanto aperto meus lábios seriamente.

- Vá para a minha sala e me espere. Não vai haver treino para você hoje.

Respiro fundo sentindo raiva e concordo acenando com a cabeça. Me viro caminhando a passos largos e rapidos até a sala dele. Eu odiava aquele inferno, mas odiava ainda mais quando alguém falava comigo daquele jeito.

pov: Liam Moreau II ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora