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– urubus maternos –

SENTADA EM FRENTE AO RIO CAPIBARIBE, observando o pôr do sol, no Recife antigo, sentindo a brisa fazer com que seus cabelos dançassem, Maria Eduarda sentia que lá era o seu lugar favorito no mundo

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SENTADA EM FRENTE AO RIO CAPIBARIBE, observando o pôr do sol, no Recife antigo, sentindo a brisa fazer com que seus cabelos dançassem, Maria Eduarda sentia que lá era o seu lugar favorito no mundo. Era costume que seus pais a levassem ao local todo domingo de tarde, enquanto admiravam a visão, dando créditos aos artistas locais que estavam realizando quaisquer tipos de apresentações.

Vez ou outra eram jovens com seus instrumentos, cantando e tocando músicas no estilo de MPB, ou até mesmo integrantes de um circo antigo, que sempre passavam por lá para animar a criançada. Seus pais sempre a levavam, mas com o passar do tempo, as responsabilidades foram aumentando, e eles já não tinham mais o mesmo tempo.

Seu pai, se tornou vice-diretor de uma empresa de cosméticos, enquanto sua mãe, enfim conseguiu passar no concurso público que sempre sonhara, e de advogada, se tornou promotora de justiça do estado de Pernambuco. E desde então, a pequena Madú teve que continuar com esse ritual sozinha, contudo, nunca deixava de fazê-lo.

O lugar era especial, ele a fez amar cada pedacinho daquela cidade, e como os de lá gostavam de dizer, Recife era seu próprio país.

Madú cresceu com uma vida relativamente boa, não tendo nada do que reclamar em todo esse tempo. Seus pais eram incríveis, sua infância foi feliz, estudou em escolas de referência e teve o apoio daqueles que amava, quando escolheu qual carreira seguir. Desde pequena, Maria sempre foi apaixonada pela leitura, sempre se encantava com a maneira que os livros a envolviam, contudo, com o passar do tempo, seus gostos literários se diferenciaram dos demais jovens.

Com treze anos, ela acabou imersa em um mundo que talvez não fosse tão adequado para a sua idade. Seu ritual sagrado era ir em todas as tardes, de segunda à sexta, sempre que largava do colégio, até a casa da sua avó, para acompanhá-la a assistir noticiários dos casos mais bárbaros e sanguinários que aconteciam no Brasil diariamente. No começo, apenas queria passar um tempo com a mais velha, mas depois, acabou se envolvendo mais do que esperava, passando a destinar quase todo o seu tempo livre à assistir aos jornais sozinha.

O costume virou mais preciso quando sua avó veio a falecer, quando Madú tinha catorze anos, e desde então, ela o praticava em memória de Dona Lalu. Nas aulas de literatura, ela sentia que sua alma estava sendo envolvida em algo acolhedor, como se aquilo fosse pra ela. Em um dia aleatório, ela conheceu os livros de Raphael Montes, e percebeu que era aquilo que sentia vontade de fazer.

Começou com um conto, que acabou não dando tão certo, e percebeu que era necessário amadurecer sua escrita. Com quinze anos, ela tentou outra vez, depois de se aprofundar de verdade em gramática, literatura brasileira, literatura criminal contemporânea, e foi um sucesso. Madú o apresentou para uma de suas professores mais queridas, que lhe ofereceu apoio sempre que precisava, e a mulher se apaixonou tanto, que o usou como base para suas aulas de literatura contemporânea seus alunos. Seu conto foi lido por todos os segundos anos do ensino médio, e até mesmo aqueles alunos que queriam distância de livros, se envolveram na história.

𝐈𝐌𝐀𝐓𝐔𝐑𝐎 - Rᴏᴅʀʏɢᴏ GᴏᴇsOnde histórias criam vida. Descubra agora