SENDO CONSIDERADA A OVELHA NEGRA DA FAMÍLIA, a prima "encalhada", Maria Eduarda, com seu espírito livre, sua alma autônoma e personalidade única, seguia a sua vida tranquilamente na cidade de Recife, Pernambuco, voltando seu tempo totalmente para su...
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NA CABEÇA DE MARIA EDUARDA A VIDA NÃO ERA TÃO IRÔNICA quanto se tornou quando Rodrygo apareceu na sua frente. Ela jurava - e talvez, esperava - que nunca mais o veria na vida, e agradeceria caso assim fosse. Não que ele fosse a pessoa mais desagradável que Maria conheceu na vida, afinal, ele não era de sua família, e eles sim eram as pessoas mais desagradáveis que ela conheceu na vida.
Mas as únicas lembranças que ela teve com o jogador não foram nada boas, e também, ele não tinha sido tão simpático, na verdade, tinha sido até um pouco rude, e possivelmente egocêntrico.
Do outro lado, Rodrygo tinha a certeza de que ela teria sido uma das pessoas mais desagradáveis que conheceu. Poderiam ser conclusões precipitadas? Sim, mas ele ainda insistia na certeza. Querendo ou não, o único encontro entre os dois o deixou intrigado. Como uma pessoa tão bonita, à longa vista, teria um gênio tão forte e umas atitudes tão mal-educadas?
Ele a olhou, ainda surpreso, pensando em como era possível que eles tenham se encontrado outra vez. Pensou que jamais a veria novamente, talvez só no aniversário de dez anos de casamento do seu colega de time, se ele fosse convidado, e que Maria Eduarda já tinha saído do país. Mas não, ali estava ela pra lhe contrariar. Normalmente, ele tem o hábito de se dar bem com as pessoas, mas o fato de sentir vontade de discutir com uma moça que só chegou a ver duas vezes na vida o deixou intrigado.
– Você tá brincando comigo? - Ela o olhou, surpresa. – Não é possível que essa fila toda seja pra ver esse cara!
– Ei, mais respeito com um dos melhores jogadores do país. – Um dos meninos ao lado disse.
– É, quem você pensa que é? – O outro acompanhou.
– Tem que respeitar a fila, minha filha, não é possível que cê seja mais mal-educada do que eu pensei. – Ele gritou de volta.
– Eu respeitaria, se eles estivessem aqui por algo realmente importante, tipo, FOME! – Rodrygo revira os olhos e volta a tirar foto com duas meninas que se aproximaram.
Mesmo bufando, Madú foi obrigada a aguardar a sua vez na fila, que não foi tão devagar quanto pensou, mas também não foi algo rápido, o tédio já estava quase a corroendo por dentro quando chegou em frente ao balcão e lá estava ele, com as sobrancelhas erguidas em curiosidade.
– Só pra você saber, nem se me pedir com jeitinho, eu não tiro foto com você. – Ela o olha, incrédula.
– Você não pode estar falando sério. Calma, você tá, não é? Meu Deus, não pensei que cê pudesse ser mais rude e idiota do que foi comigo no casamento. – Ela diz, enquanto a atendente anota seu pedido.
– E eu também não achei que você fosse tão mal-educada, mas é isso, as aparências enganam, não é? – Ele ri, ironicamente. – Agora se puder agilizar aí, tem pessoas gentis e amáveis atrás de você, esperando pra falar comigo.
