cap 2: Yeloah?

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Narrando: Alice•
Dois dias depois :

-Alice, obrigada por vir, sei que você tem suas tarefas, e prometi a sua mãe que te deixaria de fora de problemas da CIA mas, precisamos das suas habilidades.
-Eu quero ajudar Hosana, Dervina estava aqui quando vocês foram atacados, não podemos deixar que isso aconteça novamente.
-Eles apareceram de repente, nem mesmo os guardiões conseguiram detectar. Por sorte, nenhum guardião foi morto.
-E como exatamente eu posso ajudar?
-Bom, capturamos um dos caçadores. Foi arriscado, mas ninguém voltou para buscá-lo. Precisamos que você entre na mente dele e tente descobrir algo.
-Mas não é assim que funciona. Ele é um caçador, não é como se ele tivesse as portas abertas para entrarem na cabeça dele, eles resistem muito. Ele tem que dar alguma brecha.
-Eu sei que você vai dar um jeito Alice.

Entro em uma sala pouco iluminada, o homem está amarrado com algemas e cordas, alguns guardiões estão ao redor todos sérios e me encarando. Faz tempo que não olho para um guardião, nem me lembrava o quanto eles são atraentes.

-Qual a raça? -pergunto.
-Sharman - um dos guardiões responde.

Coloco minhas mãos sobre a cabeça dele. Vasculho, vasculho pensamentos, alguma coisa, mas.. não encontro nada. Apenas uma escuridão imensa. Sharman são caçadores antigos, uma raça perigosa, que vem se fortificando a cada nova geração. Se eles forem mesmo aliados às Sivans, então eles tem dois passos a frente de nós já que Sivans são bruxas tecnológicas.

-Eu não vejo nada. Não tenho acesso aos pensamentos. Esse daqui parece que tem a cabeça oca.

Tento entrar pela porta lateral, é tipo uma entrada que me leva aos pensamentos que ele quer esquecer ou já esqueceu. Ele tem um pensamento de vingança.

-Quem são os pais dele ?
-Não sabemos ainda. Por que?
-Acordem ele. Eu quero conversar com ele.

Um guardião dá um estalo e o caçador abre os olhos. Ele estava em uma espécie de transe. E quando volta a consciência começa a se debater.

-Ei, ei, calma, só queremos conversar.
-Droga, merda.

Ele fica com os olhos como fogo, que é a marca da raça deles. Hosana bate no rosto dele, que fica mais furioso ainda.

-Vai nos contar tudo que quisermos saber, ou morre, aqui, agora, e eu prometo, que vai ser bem doloroso. - Hosana fala com muita autoridade e até eu me sinto intimidada com esse vozeirão. Mas o caçador se recusa a falar alguma coisa.

-Eu não vou contar nada!

Ele tenta sair da cadeira, mas um dos guardiões o imobiliza só por um olhar. Minha vez de falar, olho para ele, e ainda não consigo ler nada.

-Seu nome? Qual seu nome ?

Ele não fala. Mas então me concentro e consigo ler isso, como se ele acabasse de pensar no próprio nome.

-Herper? Ok. Herper. Não adianta me negar informações, eu entro na sua mente e descubro sozinha. Vou ser bem clara, você é um soldadinho inimigo, e faria de tudo pra nos machucar não é? Pois bem, nós também, então acho melhor colaborar.
-Eu não sou o que vocês querem.
-Não, nós queremos o mandante desse ataque. Fazia anos que estávamos em paz com os caçadores. Por que o ataque ?

-Vocês querem pegá-la.

Todos parecem confusos. Hosana me olha séria e pergunta

-Quem queremos pegar? Tá maluco, não sei de nada disso.
-Dois dos seus. Eles estão fazendo tudo sozinhos.

Hosana parece mais confusa ainda. Ela está pensando quem poderia estar planejando coisas pelas costas dela, já que ela é a líder daqui.

-Não, não, de quem você está falando?

Ele se cala. Entro na mente dele. Não obtenho a resposta.

-De quem você está falando Harper?
-Yeloah.

Hosana faz uma expressão estranha. Ela logo se irrita e grita:

-Caçadores idiotas! Yeloah está morta! Vocês nos perseguem, entram aqui, matam muitos dos nossos, destroem tudo, roubam nosso cristal, por uma mulher morta? MATEM ELE AGORA.
Num piscar de olhos, um dos guardiões corta a cabeça dele que cai no chão.

-Hosana, o que foi isso?! Quem é Yeloah?!

Ela passa a mão nos cabelos, tenta se acalmar, anda de um lado por outro em passos rápidos, mas parece que não está funcionando.

-Eles querem guerra, eles querem guerra por uma mulher que está desaparecida a mais de um século! Yeloah, maldito o dia em que você nasceu!
-Quem é Yeloah? - pergunto de novo.

Hosana olha para mim e se senta. Parece que está tentando não explodir. Saímos da sala, andamos pelos corredores.

-A séculos atrás, quando os imortais viviam totalmente em paz com bruxos, uma família de historiadores obcecados por coisas sobrenaturais apareceram. Eles tinham experiência com o sobrenatural, eram amigos de uma bruxa Scarlet.
O casal tinha três filhos, e juntos estavam pesquisando sobre os seres resistentes ao tempo. Até hoje existem escritos da pesquisa dele, mas não sabemos exatamente onde está, com certeza tem muita coisa que não sabemos sobre os primeiros guardiões, ou os primeiros imortais. Eles eram curiosos demais, queriam ver de perto um ser como nós, analisar de perto. Então sequestraram uma chamada Feyra.

-Ah meu Deus, o final é trágico.
-Eles assinaram a sentença de morte dos seus 3 filhos, quando raptou a imortal. Acontece que, o primeiro casal caçador surgiu daí.
Eles queriam agora matar os imortais que destruíram sua família. Mas sozinhos, nada conseguiriam. Pediram ajuda a Bruxa, que na verdade, era amante do homem da relação. A bruxa Scarlet se encontrava em segredo e nutria paixão profunda pelo humano. Ela só ajudou por estar apaixonada por ele, e fez um feitiço arriscado, que lhe concederia uma força maior, imortalidade durante a luta, e uma nova chance. Mesmo se ele se morresse, teria uma nova chance de sobreviver, tipo um feitiço de ressurreição.

-A bruxa traiu a mulher, que era esposa do seu amante e o feitiço foi colocado apenas no homem, por que ela era apaixonada por ele?
-É, e vc já sabe a história antes de eu contar... Que sem graça.
-Desculpa, eu ouvi antes de você falar.
-Na luta, a esposa dele morreu. Mas ele não sabia o porquê o feitiço não tinha funcionado. A bruxa se aproveitou da situação, e a pedido dele, ela não retirou o feitiço de imortalidade, e pouco tempo depois, ela engravidou, dando início ao princípio das dores.

-É a versão Original? Eu devo ter lido isso em alguma bíblia, achei bem apocalíptico.
-Sim.

Faço uma expressão de choque. Essas histórias já foram distorcidas demais, não conhecia a versão original.

-Mas na época, bruxas já não eram aceitas na sociedade, muito menos grávidas fora do casamento, pior ainda de um homem humano com um feitiço proibido. Ela seria caçada pelos outros bruxos, por abusar das leis dos Espíritos, e até mesmo condenação de morte. Então, o que acha que eles fizeram?
-Fugiram.
-Claro, é sempre a opção mais fácil. Eles fugiram para longe. Até conseguir ter o bebê. Mas sabiam que o bebê não iria durar muito se estivesse com eles, então ela deu a criança e fugiu novamente.
-Foram eles que deram esse nome a ela?
-Não, seu nome verdadeiro é Ayanna, que significa flor eterna, foi a primeira bebê filha de um bruxo com um imortal.
-Ayanna? Sim, eu já escutei esse nome, minha mãe me contava histórias sobre ela, mas como se fossem falsas.
-Sim, ela foi batizada com esse nome pelos pais, até hoje ninguém sabe por que ela trocou de nome. Provavelmente pra manter sua identidade verdadeira secreta.
-Então, como ela morreu?

Uma mulher loira, nos interrompe e diz que precisa conversar urgente com Hosana.

-Obrigada pela ajuda Alice, você está liberada.-Droga, eu queria saber o final da história.

Eu não acredito em nada do que tá acontecendo, de novo estou aqui, na CIA, quando tudo que eu queria era ter uma vida tranquila, normal.. mas olha só, não sou normal, sou uma garota de 23 anos desde 1723, imortal, resistente a velhice, e com habilidade de entrar na mente de alguém.
Já morei em mais cidades do que você possa imaginar. E eu sei que você tá pensando, "mas isso é incrível" , sim, eu li sua mente, e não, nem sempre é tão incrível quanto parece.

The SI - Em Busca de PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora