Eu estava extremamente nervosa por levar meu primeiro namorado para conhecer meus pais. Robert fez questão de se programar para ir fazer a visita no Brasil, eu já não estava tão animada quanto ele. Tinha medo de como meus pais reagiriam.
Minha mãe havia planejado minha vida desde o dia em que eu nasci e de acordo com ela eu encontraria o amor da minha vida na faculdade, ficaríamos juntos pois dois anos e logo noivaríamos. Na cabeça dela contos de fadas existiam e o príncipe precisava ter exatamente a mesma idade da princesa.
Já meu pai era um homem bom, um pouco cabeça-dura e protetor. Eu sabia que para ele a diferença de idade seria quase inadmissível e por esse motivo não quis levar Robert para conhecê-los. Eu os amava, mas não abriria mão do homem da minha por conta de alguns poucos pontos.
Existia sim a diferença de idade de dez anos, mas eu já estava tão acostumada que nem me importava mais. A imprensa ainda não sabia e de acordo com meu namorado eles só deveriam saber depois dos meus pais. Ele estava mesmo ansioso para conhecê-los.
— Parece preocupada. Acha que não vão gostar de mim?— senti o toque suave da sua mão sobre a minha enquanto eu olhava pela janela, onde nuvens lindas desenhavam o céu.
— Meus pais são...— poupei-o de palavras duras e respirei fundo. Olhei-o nos olhos e só consegui sorrir quando vi aquelas duas esferas cinzentas direcionadas a mim.— Eles são um pouco atrasados.
— E o que isso significa exatamente?— ele riu. Era engraçado como nada abalava ele.
— Significa que talvez para eles o fato de você ser jogador de futebol, mais velho e de outro país torne nosso relacionamento mais difícil.
— E eles tem razão.— seus dedos passearam das minhas mãos até meu pescoço e me puxaram para perto dos seus lábios. Eu fui beijada com com calma e para a minha surpresa aquilo diminuiu consideravelmente minha ansiedade.— Mas eu tenho certeza de que vamos superar tudo isso.
— Vamos sim.— toquei os lábios dele e admirei cada pequeno detalhe daquele homem lindo.— Se tudo der errado podemos voltar para Barcelona amanhã mesmo.
Ele gargalhou.
— É sempre tão pessimista?— ele ajeitou seu corpo e deitou minha cabeça em seu ombro, aproveitei para sentir mais do seu perfume e do contato da sua pele quente na minha.
— Só estou considerando as opções.— sussurrei baixinho, ele achou aquilo ainda mais engraçado.— Eu sei que vai ser um bom fim de semana.
Aquela frase soou mais para mim mesma do que para ele, que transparecia estar calmo e tranquilo diante de tudo o que eu havia dito. Passamos a viagem inteira conversando sobre a minha infância, sobre como eu amava Curitiba e meu país. Lewandowski repetia diversas vezes que sempre apreciou o Brasil e ainda tinha um grande sonho para se realizar, que era conhecer cada cantinho do país.
Ele era perfeito! Sem defeitos! Eu não precisava de mais nada, tinha um homem que se importava comigo, com meu bem-estar e com as minhas opiniões. Basicamente o que muitas pessoas passam anos buscando.
— Querida!— minha mãe gritou assim que passei pela porta.— Você está linda! Espetacular!— ela tinha seu famoso pano de prato no ombro e secou as mãos assim que me viu.
Meu pai estava ocupado olhando para a televisão, mas me deu total atenção com seus olhos escuros. Fui abraçada e recebida no calor do meu círculo familiar, eu senti toda a saudade se esvaindo pouco a pouco e a cada encarada da minha mãe eu ouvia um elogio diferente.
— Barcelona fez isso com você?— meu pai apontou para as minhas roupas parecendo surpreso. Eu assenti, realmente havia me reinventado naquela cidade.— Uau! Você está maravilhosa.