10. A Vingança de Marzim

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Antes de voltar pela porta vermelha, Danilo sentiu seu celular vibrando no bolso

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Antes de voltar pela porta vermelha, Danilo sentiu seu celular vibrando no bolso. Tirou-o e ergueu as sobrancelhas, engolindo em seco. Duda havia enviado mais de dez mensagens:

Oiee amor

To saindo agr

Esperando vc

Quero o meu mclanche

Kd vc?

???

Oieeee, Daaaaaaaan!!

To a mais d 30 min aqui fora

Pq vc n me atende?

Vc ta me ignorando?

Pq vc ta fznd isso?

Vc n esqueceu q ia sair cmg n né?

Aff. 40 min

N se preocupa, eu ja to indo embora

O garoto tornou a guardar o celular, sentindo o rosto quente de vergonha. Tinha esquecido completamente do encontro e agora não sabia o que fazer. Em quantos caracteres conseguiria resumir a história sobre bruxas, demônios e magia?

Balançou a cabeça, se sentindo culpado. Ia ter a oportunidade de se desculpar mais tarde. A namorada o iria compreender. Ela iria.

Quando a porta vermelha se abriu para o terreno baldio, parecia que uma criatura ia saltar do estômago de Danilo. Ele estava nervoso e suando, imaginando um milhão de formas malignas para o tal Marzim. Olhou Turmalina, buscando algo em que se firmar, mas encontrou a mesma ansiedade. Ela realmente parecia perturbada. Se o plano deles desse certo, todas as mínimas chances que o rapaz tinha de ganhar na loteria deixariam de existir.

— Tá, e agora? — ele perguntou, incapaz de ficar calado. O lugar estava vazio, iluminado apenas pelos postes de luz. — Que que a gente faz?

A garota perscrutou ao redor, atenta.

— A gente espera.

Danilo sentiu o celular vibrando no bolso outra vez, o que o fez morder a língua: mais mensagens de Duda. Resistiu ao impulso de verificar, sabendo que não era esse o momento. Como poderia? Não iria cometer o erro de olhar mensagem no WhatsApp enquanto o mundo literalmente podia estar para acabar. Se fazer isso no volante era uma coisa perigosa, imagina durante o apocalipse!

Então a espera não foi tão longa. Poucos minutos se passaram e os dois começaram a ouvir passos ressoando no silêncio, como tambores de anunciação. Pareciam coordenados, pisando sempre na mesma hora, no mesmo ritmo, com a mesma força. E então, elas apareceram.

As crianças.

Pelas contas dele, eram mais de dez, talvez até umas vinte, se eles estivessem com muito azar. Usavam a maioria roupas de ficar em casa, como se tivessem saído sem nem se importar com como estavam parecendo: pijamas, shorts, camisetas, etc.. Um garoto tinha pantufas de gatinhos nos pés. Uma menina usava uma blusa com estrelas de purpurina. Várias crianças estavam descalças. Algumas poucas usavam uniforme escolar. Todas tinham os olhos iguais a como os de Dantinho tinham ficado quando ele fora possuído: grandes, assustadores e vermelhos, luzindo diabólicos. Elas encaravam Danilo e Turmalina sem piscar as pálpebras, vidradas e com as expressões estranhamente neutras, como se não estivessem acostumadas a tantos músculos faciais.

A Bruxa Turmalina e a Agência de Expurgos DemoníacosOnde histórias criam vida. Descubra agora