A primeira pessoa que Danilo encontrou quando chegou em casa foi a mãe. Dona Magda estava vendo televisão e fumando um cigarro, assistindo ao jornal da tarde. Assim que ele entrou pela porta da sala, ela se levantou e veio em sua direção como um touro correndo para o toureiro.
— Onde é que você se meteu, menino? — quis saber, dando-o um cascudo na cabeça. — Tô há duas horas ligando igual uma operadora de telemarketing pra você e nada! 'Cê andou fumando? É maconha, não é? Eu sabia que esses seus amigos da faculdade não prestavam...
O rapaz levantou os braços.
— Calmaê, mãezinha. Num foi nada! Os cara lá no estágio pediu pra eu arrumar uns troços e aí eu tive que passar lá de novo. Nada demais!
Parecia que a veia na testa de dona Magda estava a ponto de estourar.
— E por que 'cê não me ligou? Ou mandou uma mensagem? Eu tava preocupada.
— Celular descarregou — disse ele, com a resposta na ponta da língua. — Nem vi quando ele desligou. Desculpa aí.
A mulher cruzou os braços.
— Ah, "desculpa aí", é claro que você ia dizer isso. Eu tava aqui achando que você tinha sofrido um acidente! Que tinha sido assaltado! Que tinham te sequestrado!
Ele ergueu as sobrancelhas.
— Tudo isso de uma vez?
— Tu me respeita, moleque, que fui eu quem limpou a sua bunda — resmungou dona Magda, voltando ao sofá e passando as mãos pelos cabelos tingidos de loiro. — Eu tava preocupada com você, meu filho. A cidade anda tão perigosa... Num gosto de não saber onde 'cê tá.
O rapaz revirou os olhos.
— Alivia pra mim aí, vai. Já passei dos dezoito, tá lembrada? — ele disse, deixando os tênis na entrada e terminando de tirar as meias. — A senhora num precisa ficar mais pegando no meu pé como se eu fosse uma criança.
— Eu pararia, se você ainda não agisse igual a uma! Caramba, Danilo, nem pra você pedir o celular emprestado pra alguém e me ligar?
— Lá vem a senhora de novo! Sei lá, mãe. Eu num pensei. Que diferença que faz? Eu tô aqui e tô bem, pô. Toma um Rivotril, vai.
Ela pôs as mãos na cintura, balançando a cabeça. Dava para sentir o seu cérebro contando até dez, tentando não perder a paciência com o rapaz.
— Pra onde é que você tá indo agora?
Ele fez uma careta.
— Vim andando nesse sol dos inferno. Tô todo suado. Vou só tomar banho, Dona Magda. Eu tenho a sua permissão pra fazer isso?
A mulher mordeu o lábio, parecendo magoada.
— Vai, meu filho. Vai lá.
— Obrigado.
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A Bruxa Turmalina e a Agência de Expurgos Demoníacos
Paranormal"Abracadabra!" No primeiro livro da série, Tatiana Turmalina, uma bruxa poderosa e destemida, tenta investigar uma série de assassinatos misteriosos que parecem ter sido causados por criaturas vindas de um mundo demoníaco. Com sua varinha mágica e s...