quatro

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Vinhedo

Flashback on...

Vou descendo os degraus da escada, saindo do lado de fora do local onde está acontecendo o churrasco do pessoal.
Tenho três regras comigo em relação à qualquer uma mulher que esteja nessa minha vida, Primeira, eu não garanto fidelidade, segundo, pode até ficar com outros, mas se eu ver e se bancar uma de gostosa com outro na minha frente, vai se foder na minha mão depois, terceira, não me envolvo na vida pessoal delas, muito menos no passado e elas também não envolvem na minha.

Conheço Fernanda tem alguns meses, Fernanda nunca foi uma flor que se cheire, mas já deixei claro minha única intenção com ela, o sexo, ela tenta me conquistar, porém, não entra nenhuma mulher nessa minha vida, não faço pacto de assumir alguém, sabendo que amanhã não sei como vai ser meu dia, se vou tá aqui, morto ou fugindo.

Passo meu olhar por seu corpo parado do lado da porta do passageiro, meu carro preto fosco da Mercedes destaca ao seu lado.

Fernanda: Vinhedo, podemos conversar — passo minha mão direita na minha boca, sentindo a vibração das mensagens caindo no seu celular dentro do meu bolso direito.

— Qual foi a porra do meu trato contigo, preciso falar duas vezes com tú? — minha voz grossa murmura, a analiso, seu cabelo loiro jogado pra trás, o vestido vermelho curto em seu corpo, marcando o silicone e o corpo todo.

Pela primeira vez paro pra observar ela dessa forma, mas não por achar bonita e sim de raiva.

— Eu te falei três regras minha — aponto meu dedo na direção dela — Três regras e tú concordou. Entra no caralho desse carro — resmungo, sentindo ser observado pelo pessoal da lage onde estávamos.

Tiro a chave do meu bolso, desativando o alarme, assim que ouço o barulho, caminho na direção da porta do motorista e ela não hesita em entrar no banco do passageiro.

Fernanda: Vinhedo — Sento no banco de couro, ouvindo sua voz ao meu lado — Me deixa falar — dou partida no carro, ouvindo o barulho do motor ser ligado.

— Tú foi na porra do meu passado procurar caô pra tua cabeça, Fernanda — giro todo volante, guiando o carro na ladeira — jogando a parada em grupo com aquele monte de vagabunda — falo ríspido e sério, sem render papo pra ela.

Fernanda: Eu só fiquei com ciúmes — nego, meus olhos mantém foco na direção — Eu gosto de tú, Vinhedo.

— Cala a tua boca, Fernanda, tava fazendo racismo em um grupo, tú acharia legal se fosse contigo? — ouço seu silêncio com minha pergunta — Tô conversando contigo.

Fernanda: Não, não acharia — viro todo volante descendo na próxima rua.

Não olho pra ela, não miro meu olhar em sua direção. Eu posso até ser calmo em algumas situações, sou muito observador e tô sempre agindo depois de ter algo em mãos, mas essa atitude de vagabunda dela não me desceu e não vai descer por garganta abaixo em nenhum momento, principalmente em um grupo onde vi as amigas dela.
Papo de vagabundas do caralho.

Uns minutos com o carro rodando paro em frente a casa da Fernanda, quase na esquina.

Fernanda: Minha casa? Não vai me levar pra tua?

— Desce aí e vamos resolver essa parada — aponto pra porta do meu carro, demora alguns segundos me olhando na cara, mas acaba descendo.

Desço em seguida, travando o alarme, que faz um barulho ao travar as portas e ativar. Ajeito minha bermuda, seus passos vão pra dentro da casa dela, entro tirando o celular dela do meu bolso.
Mando a mesma desbloquear, que não hesita e desbloqueia rápido, devolvendo o celular na minha mão.

— Tú acha que isso é uma parada certa quando trata de bandido? — viro a tela do celular pra ela, mostrando quantas mensagens das amigas no grupo.

Viro a tela pra mim novamente, alisando a quantidade de mensagens mermo após ter lido as outras.

Gabi: Olha essa outra fotinha dela — travo minha mandíbula, olhando a imagem na tela do celular acessa. É a Aurora, essa foto também é antiga, o cabelo dela era curto nessa época, os cachos modelos.

Júlia: Que garota feia, preta mesmo.
Gabi: Ela é macumbeira, descobri agora.
Júlia: meu Deus.
Gabi: Zero chance dela estar com o Vinhedo novamente, a Fernada tá com medo atoa.
Júlia: Ela é loirona, quando a preta tem chance? Olha a notícia na época — analiso a quantidade de print seguidas.

Aperto o celular com força na minha mão direita, na força do ódio levanto minha mão, jogando o celular com força contra a parede, ouço o barulho do celular batendo contra a parede do sala. Fernanda leva as duas mãos nos ouvidos, tampando pelo susto, volto minha atenção pro rosto dela. Aproximo da sua direção, levando minha mão direita por baixo do seu cabelo, puxando pra trás com força, sinto seu aplique sendo tirado pela força que puxo e seu gemido de dor, mas foco na sua raiz.

Fernanda: Tá machucando, Vinhedo.

— Tá com a postura de vagabunda pra cima de bandido? — murmuro perto do seu rosto.

Fernanda: Eu sei que sou melhor do que ela em tudo, ela é pretinha, ficou dez anos e não soube mandar em você — observo seus olhos lacrimejando ao me olhar — eu sou...— corto sua fala ao estralar um tapa em seu rosto, fazendo virar pro lado e levar a mão por cima, tentando amenizar a dor.

— Aprende a me respeitar — puxo seu cabelo mais uma vez, olhando firme dentro daqueles olhos, transbordando raiva.

Flashback off...

Sexta-feira
7:00pm

Seguro a foto pequena, olhando entre meus dedos, analiso a foto de anos atrás, era nós dois juntos, essa foto havia sido tirada em um dos nossos primeiros encontros, na moral.
Eu guardo até no dia atual, já joguei algumas fora, mas essa resolvi guardar pelo menos essa, pra lembrar de como Aurora era.
Aurora foi minha primeira paixão, conheci ela com vinte anos, juntos ficamos por dez anos em um relacionamento escondido.

Junto comigo ela sofreu, ao meu lado não tinha a liberdade que queria, passamos por muitas paradas juntos, até desistirmos um do outro.
Garanti a ela não procurá-la, há dois anos que não a vejo, fiz como combinado com ela.
E prometi não assumir ninguém depois dela.

Galvão: Tô entrando — ouço a voz atrás da porta fechada, sentado na cadeira levo minha mão até meu bolso, guardando a foto e não hesito em levantar meu rosto, encarando o cara de tom de pele branca entrando na minha sala, uma camiseta de time e uma bermuda leve.

— Chegou cedo, pô — ajeito meu boné na cabeça.

Galvão: Foi mal o atraso, vinte minutos só, patrão — estende a mão, por cima da mesa, por educação levanto, estendendo pra ele e aperto fortemente sua mão direita — O cachorro pulou na moto e não mantive equilíbrio, acabei caindo — solta minha mão, ele afasta um pouco apontando pro joelho — Ralei até o joelho, essa porra — Respira fundo.

— Terceira vez.

Galvão: E é o mermo cachorro — nega, fazendo uma expressão de raiva.

— gerência de hoje, já é? — confirma sério, olhando no meus olhos.

Galvão é meu braço direito, tá do meu lado há anos, conheço ele desde moleque e nunca deu pra trás comigo em nenhuma atitude.
A única parada que batemos a cabeça várias vezes é minha voz e a dele, dou conselhos pra ele sobre uma visão plana em dinheiro, a gastação que ele banca mulheres e os luxos, mas quem disse que escuta? Sempre entramos em discussões por causa das opiniões diferentes.
Eu tenho postura, posso ostentar meu carro, meus cordões, mas garanto que meus pés foram firmes no chão com mais de vinte e cinco anos.

Galvão: Vai rolar a festa da minha prima amanhã, sei que tú não curte muito a religião dela, mas depois vai ter um churrasco entre nós, brota lá, pô — balanço a cabeça, olhando no seus olhos, saio de trás da mesa.

— Tú vai tá lá?

Galvão: Vou, vai ser no Alemão, brota, pô. Vou ir depois dos fuzuê dela com a religião.

— Demorô, organizo minhas paradas certas e broto — observo balança a cabeça positivamente.

Meu Erro- Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora