Capítulo três; Teatrinho dos finais felizes

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James Pov

Já era noite, ou melhor, madrugada e continuava olhando para um ponto fixo no teto, completamente imóvel. Decidi voltar para meu dormitório junto dos marotos, não queria ser inconveniente com o Regulus... Não queria encher mais alguém com minhas questões do coração.

As cortinas da minha cama estão fechadas, eu poderia chorar, poderia me mexer, mas eu sinto que não devo, eu preciso manter essa dor dentro de mim, não sou digno de sentir essa dor se o errado da história fui eu. Permaneço em silêncio, sem mover um músculo ou derramar uma lágrima, mesmo sentindo meu peito rasgar toda vez que respiro, mesmo sentindo o tremor em meu corpo e os espasmos involuntários que indicam que minha imunidade está baixando. Sei que vou acabar doente, sempre acontece.

Não quero - e não vou - encher a cabeça dos meus amigos com isso novamente. Eu sei que é um fardo, sei que eu estou sendo um fardo para eles, então o que posso fazer é fingir que estou bem novamente. Vou levantar de fininho e aparecer na enfermaria, pedir a Poppy algo para a imunidade e seguir como se nada tivesse acontecido.

Não quero iniciar a rotina novamente, não quero levantar da cama para as aulas amanhã, não quero sentir, não quero preocupar ninguém.

Eu preciso dormir, mas sei que não vou conseguir, a voz dela continua na minha mente, ecoando no fundo da minha alma. Consigo ver nitidamente os olhos dela, com verdes tão profundos, tão lindos e brilhantes, transmitindo um ódio quase desumano, seu rosto delicado avermelhado quase da mesma tintura de seus cabelos, ela estava ardendo de raiva, raiva de mim, seu rosto tinha uma expressão de nojo, desdém, repulsa, um puro ódio, de mim, sua voz que normalmente é doce e empolgada, propositalmente alta algumas notas mais aguda, pingando o veneno da mais pura raiva, consigo ver seus lábios retraídos pronunciarem as coisas mais dolorosas que poderia ouvir, da pessoa que eu entreguei meu coração de forma tão fácil. Ecoava em minha cabeça, aquele momento se repetia em minha mente sem parar.

Meus olhos ardiam, meu peito dói, queima, minha garganta se fecha na tentativa de segurar o soluço, segurar as lágrimas, segurar toda essa dor apenas para mim. Eu merecia isso, ninguém merece tomar minhas dores.

Contei até dez mais de cem vezes, na tentativa de ocupar minha mente, tirar as imagens dela de minha mente, mas nada era suficiente e o silêncio da noite não favorecia minha mente inquieta. Respirei fundo e coloquei os pés no chão, meu corpo inteiro protestou de dor, faziam horas que não movia um músculo, peguei minha varinha e a capa da invisibilidade, coloquei ela e sai do quarto com extremo cuidado para não acordar meus amigos.

Não sei para onde ir, meu corpo treme, minhas mãos estão suando frias, minhas articulações doem com os movimentos repentinos e a enorme tensão que meu corpo involuntariamente faz, meu coração bate cada vez mais rápido, minha respiração é tortuosa, mas mesmo assim eu sigo andando, mesmo que me corpo proteste, eu só preciso...

Eu não sei o que eu preciso...

Talvez... Se eu continuar caminhando, a dor nos meus músculos aumente, talvez essa dor seja boa, eu posso esquecer, posso ter algo para me distrair... Eu mereço essa dor...

Perambulei pelo castelo cada vez mais rápido, continuei caminhando, comecei a correr, indo e vindo por todos os cantos que eu conhecia, pelas passagens secretas, pelas escadas, subindo e descendo, sentindo meu corpo doer, meus músculos pareciam tremer, prestes a ceder, meu pulmão implorava por ar, era difícil respirar, ardia, minha boca seca, meu rosto molhado de lágrimas que não lembrava de ter derramado.

Dor. Amar dói, nunca pensei que algo tão lindo como o amor pudesse machucar tanto.

O sol nascia, parei de correr para conseguir vê-lo aparecer pela janela, parecia com medo de iluminar uma alma tão tempestuosa como a minha nesse momento. Fechei os olhos, silêncio. Respirei fundo, ardência. Expirei, tontura. Abri os olhos, dor. Meu corpo trêmulo dolorido conseguiu silenciar minha mente, era o que eu precisava.

Como as batidas do coração - Starchaser & WolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora