15 - O destrutivo sentimento de culpa

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O tempo parece estar congelado

Mas a mente não pode ser enganada

À medida que os dias passam eu descubro

Que o destino simplesmente não pode ser dominado

Twisted Sister – The Price

"- Eu posso ficar?"

Madara não foi capaz de negar.

Intimamente ele não queria negar porque várias impressões estavam se desenhando a sua frente, e aquela confusão de sentimentos sobre Hashirama estava se alinhando mais uma vez e ele conseguia perceber que, assim como não era mais a pessoa que o outro conhecia, ele também não tinha qualquer certeza de que a pessoa a sua frente ainda era o Hashirama feliz e animado que conheceu um dia.

Ele não queria que o Senju sofresse todas as desgraças possíveis de assolar uma pessoa para se sentir melhor com isso, mas percebeu após esse reencontro que mesmo na dor ele e Hashirama combinavam. Ambos estavam quebrados e cheios de culpas por tudo que tinha acontecido, tentando dar um sentido a suas vidas e ajudar aqueles que amavam.

O que naquele momento também envolveu a ambos.

Porque quando o Senju perguntou se eles o ajudariam com o hospital, Madara percebeu pela maneira insegura da pergunta que o Hashirama que havia conhecido um dia estava muito distante daquele que agora podia ver novamente. Ele também carregava uma dor imensa, e Madara sentiu isso.

Ele sofreu por Hashirama.

E o sentimento adormecido em seu peito pareceu explodir como uma centelha a qual ele controlou para não tomar nenhuma atitude descontrolada que pudesse colocar tudo a perder. Mas sentiu que não podia apenas negar estar com Hashirama mais um pouco, porque não somente o pedido do Senju havia lhe tocado, mas ele também percebeu que queria que ele continuasse ali.

Havia um tom de alerta sobre isso, mas o cansaço era tanto que não parecia um pecado se permitir.

Eles não precisavam ser fortes todos os dias. Bastava que se lembrassem disso.

- Você não precisa agir como se estivesse me traindo.

- Mas como eu poderia pensar diferente?

Izuna tinha se juntado à Madara no quarto do mais velho enquanto Hashirama tomava banho, e sua feição quase frágil sempre desarmava o mais novo. Era tão difícil ver Madara deixar seus sentimentos à mostra que Izuna nunca sabia se o ajudava falando sobre ou permitia que ele se tornasse sério de novo antes que pudesse criar mais uma rachadura em seu coração.

- Pensando que a situação é diferente. Eu sei que você não quer separar o Hashirama dos Senju porque são da mesma família, mas nunca foi preciso olhar muito para saber que ele diferente dos próprios parentes. Nem parece que é irmão do Tobirama.

- Isso não muda nada Izuna, eu não vou te expor para aquele maldito de novo. Se eu pudesse teria passado com o carro por cima dele.

O mais novo revirou os olhos.

- Você é inacreditável, sabia? Eu entendo de verdade o seu sentimento de culpa achando que se tornou um problema na minha vida. Nós dois sabemos que não é verdade, mas eu entendo porque se sente assim e respeito isso. Mas não consigo achar nenhum cabimento plausível para você achar que não tem o direito de ser feliz por conta do passado.


Era relativamente difícil ver Izuna raivoso ou irritado demais, mas quando Madara era tomado por aquele véu depressivo que cobria seus olhos, o mais novo se sentia na obrigação de ser atrevido como qualquer outro Uchiha jamais seria.

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