10 - Atritos gélidos

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Me diga, por que somos cegos demais para perceber

Que aqueles que machucamos somos você e eu?

Coolio – Gangsta's Paradise

Hashirama se aproximou devagar, tentando ganhar força nas próprias pernas enquanto era encarado pela ferocidade que havia no olhar do Uchiha assim que a surpresa repentina foi substituída por todo o ódio que poderia correr nas veias dele. O Senju parou à frente da cama de Madara, apoiando as mãos próximas de onde ficava preso o prontuário.

- Dr. Smith – ele mirou o médico, e em seguida o enfermeiro John – será que vocês poderiam sair um momento?

- Sim. – O médico anuiu sem muito dizer, saindo em seguida junto do outro homem. Madara trincou os dentes.

Onde diabos estava Izuna?

Quando eles deixaram o quarto encontraram com Viktor, Kaoru, e muitas outras pessoas da equipe da manhã tentando fazer suas coisas e dar atenção ao quarto de Madara buscando entender o que poderia estar acontecendo sem demonstrar que pareciam tão curiosos assim e atrapalhar o andamento do funcionamento de suas tarefas. Enquanto isso o Uchiha permaneceu em silêncio ao passo em que tudo se desenrolava, ainda processando certas informações.

Do outro lado, no entanto, Hashirama piscou lentamente ao ouvir a porta fechando. Ele estava perturbado e não tinha sequer como disfarçar, pois muita coisa estava acontecendo ao mesmo tempo, e suas cicatrizes estavam abertas novamente, expostas naquele tão difícil dia.

- Madara...

- Eu não sabia que esse era o hospital do seu pai.

Ele abriu os olhos de repente ao ouvir as palavras duras. Seria muito difícil. - O Central mudou de nome há menos de dois anos. É por isso que não se lembrava.

O Uchiha absorveu aquilo muito rapidamente, respondendo quase que como em rebatida.

- Eu não quero que se aproxime Hashirama. Vou embora daqui ainda hoje.

O Senju sentiu a boca amargar, e uma decepção acompanhada pela culpa que quase o fizeram recuar dois passos. Madara de fato sabia de menos coisas do que era capaz de imaginar, e estava incomodado com a ideia de que Butsuma pudesse estar por perto. Sua história com o Senju era complicada demais para que ele a revivesse naquele momento de tamanha delicadeza por parte de sua saúde.

Por isso um medo escancarado tomou conta do peito do médico. Se Madara deixasse o Central naquele dia poderia ter consequências horríveis para sua recuperação.

- Eu... – Hashirama baixou a cabeça e a cobriu com a mão, tentando não chorar. Estava completamente esgotado. – Eu só queria te ver.

Madara o encarou em silêncio sentindo o próprio peito apertar. Ele de fato não sabia que reencontraria Hashirama e muito de seu sentimento quis aflorar no momento porque mesmo após nove anos ainda havia muita coisa sobre sua antiga relação, mas Butsuma era um problema, e quando se lembrava de tudo que passara por conta dele e diante do próprio silêncio de Hashirama, recuava. Não ia se permitir sofrer novamente.

E sem negar, porém também admitir, sentiu falta da presença de seu irmão.

- O seu pai me quer longe de você. – Havia muito desprezo naquelas palavras, e a frieza do Uchiha. – Eu não vou ficar aqui.

- Madara. – Hashirama se afastou um passo como se pudesse bloquear a passagem da porta para que o Uchiha não cometesse uma loucura. Ele havia chorado tanto nas últimas horas que seus olhos estavam ardendo. – Só me escuta, por favor.

- Não. – Madara baixou o olhar para o acesso em sua mão, como se aquilo fosse um inimigo em potencial. No momento, estava acoplado a um soro e ele sentiu vontade de arrancar com ódio o maldito acessório e se arrastar pelos corredores até a saída. – Eu vou pedir transferência.

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