capítulo dez

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Sábado, 30 de maio

Um intenso burburinho de alunos sem uniforme tomava conta do Salão Principal naquela manhã. O café da manhã seria o último evento daquele ano letivo em Hogwarts, antes que as carruagens partissem para levar os estudantes à estação de Hogsmeade.

Enquanto os alunos da Sonserina emocionadamente despediam-se uns dos outros na mesa de sua casa, Scorpius encarava a tigela de mingau de aveia à sua frente, sentindo a cabeça girar em sobrecarga com tantas perguntas confusas.

O que Albus quis dizer com aquele beijo? Ele quis dizer o que Scorpius achava que aquilo significava? E se sim, por que não havia falado com ele desde então? Por que Scorpius sempre tinha que advinhar o que se passava na mente de Potter?

O loiro correu os dedos pelos cabelos que lhe caíam sobre os olhos, suspirando profundamente, e pensando sobre o quão mais fácil era quando ele e Albus não guardavam segredos. Quando eles sabiam de tudo sobre o outro, e ele não precisava fazer tanto esforço o tempo inteiro para analisar cada ação, cada mínimo gesto do amigo, para ter ao menos uma pista do que ele estava pensando ou sentindo.

Um pequeno envelope caiu ao lado de sua comida, e ao olhar para cima, o sonserino viu sua coruja marrom fazendo uma curva no ar, e saindo pela janela do Salão Principal de volta ao corujal. O selo que lacrava o envelope ostentava o imponente brasão da família Malfoy, e ao abrir a carta, Scorpius imediatamente reconheceu a caligrafia de seu pai.

"Esta é uma notícia maravilhosa, Scorpius. Eu sabia que você não teria grandes dificuldades nestes exames, e os resultados que chegarão neste verão certamente refletirão isso. Infelizmente, surgiu um imprevisto e não poderei buscá-lo em Kings Cross. Seu avô estará lá para trazê-lo de volta a Whiltshire às 14h.

Espero que esteja bem.
Draco."

O garoto revirou os olhos. Parecia uma piada ruim que seu pai não conseguia arranjar tempo para ele nem mesmo quando não via o filho desde o natal. Mas aquele era Draco Malfoy. E ao menos, ele não havia enviado um elfo disfarçado de tia Madge daquela vez.

Lucius não era tão ruim, na verdade. Era engraçado vê-lo torcer o nariz apenas de estar em meio à tantos trouxas, e lembrou-se de que em todas as vezes em que o avô esteve na estação, ele nunca deixou passar uma única oportunidade sequer de criticar os filhos de Harry Potter, especialmente quando descobriu que seu neto era amigo de um deles. Ou fora.

E a sua mente estava de volta naquele lugar. Albus, e o beijo... Era realmente inevitável.

"Você me ouviu?"

A doce voz de Naomi arrancou Scorpius de seu devaneio.

"O quê? Não, desculpe." Ele piscou várias vezes, esforçando-se para redirecionar sua atenção à amiga.

"Eu estava dizendo que não vou pegar o Expresso de volta para Londres. Mamãe está hospedada no Cabeça de Javali para uma entrevista com a sra. Longbottom. Acho que vamos para casa mais tarde pela lareira."

O sonserino levou um tempo para assimilar as palavras da garota, lembrando-se vagamente de que ela havia mencionado algumas vezes que sua mãe trabalhava para O Profeta Diário como jornalista.

"Ah. Tudo bem."

Goldstein o observou muito avoadamente retomar a comer seu mingau de aveia, com uma pulga atrás da orelha.

"Apesar de que devo tomar cuidado no caminho até lá. Marte está na quinta casa..." Ela falou lentamente, encarando-o, como se quisesse testá-lo.

Scorpius apenas assentiu com a cabeça, cutucando a comida na tigela.

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