Sexta feira, 29 de maio
Era fim de tarde do último dia letivo em Hogwarts. Dezenas de alunos circulavam pelo corujal àquela hora, tumultuando a estreita escada espiral, todos ansiosos para adiantar suas famílias sobre os resultados dos exames finais que chegariam nas férias.
Aquelas duas últimas semanas de provas haviam sido tão caóticas para Scorpius quanto poderiam ser. O garoto amarrava a carta excepcionalmente curta destinada à Mansão Malfoy, em Whiltshire, à perna de sua coruja, respirando fundo. Estava à beira de um ataque de nervos, não sabia como faria para contar à sua família qual carreira realmente havia escolhido para prestar os seus NIEMs no ano seguinte.
Após a reunião de aconselhamento de carreira que tivera com a prof. Crawford no último ano, Scorpius escreveu ao pai, contando que estava cogitando a possibilidade de trabalhar no Departamento de Execução das Leis da Magia após formar-se em Hogwarts. A notícia espalhou-se para o resto da família rapidamente, e Lucius ficou encantado. Um cargo como aquele só viria a beneficiar a reputação filantrópica de seu avô, e certamente ajudaria a limpar o nome dos Malfoy no Ministério, que permanecia manchado desde o fim da guerra. Mas era mentira.
Na verdade, aquela era a maior mentira que Scorpius havia contado aos familiares em todos os seus anos em Hogwarts. Nenhuma parte da ideia de trabalhar no Ministério da Magia o atraía, mas as suas mãos ficavam frias só de pensar em dizer que na realidade, ele estaria prestando os seus NIEMs para seguir carreira como um medibruxo, e o sonserino teve todo o apoio enviesado da diretora de sua casa, que também era professora de Poções e nunca escondera que o garoto era seu aluno favorito. Trabalhar em St. Mungus, sem sombra de dúvidas, não seria considerado digno para um Malfoy, e Scorpius, mais uma vez, seria visto como motivo de desonra para a sua família.
Os exames finais estavam por muito potencializando sua ansiedade. O garoto não havia feito mais que duas refeições decentes naquela última semana, pois a ideia de não conseguir uma nota suficiente para continuar a ter aulas de Poções no ano seguinte o atormentava dia e noite. Scorpius simplesmente não conseguia se livrar da vozinha em sua cabeça constantemente sussurrando que ele seria medíocre em qualquer coisa que se propusesse a fazer.
E para completar, tinha Albus.
Era como se ele estivesse sempre ali, nos cantos da mente de Scorpius, todas as vezes encontrando maneiras novas de fazê-lo nunca conseguir parar de pensar em si.
Os dois não haviam se falado uma única vez desde aquele fim de semana. Scorpius estava muito envergonhado, pois se lembrava de tudo que havia dito e feito enquanto bêbado. Ele esperou por duas semanas por uma iniciativa que nunca aconteceu, Albus nem mesmo se dava ao trabalho de o olhar nos olhos quando se encontravam, o que também não aconteceu muitas vezes.
A princípio, o loiro tentou convencer a si mesmo que talvez Potter estivesse apenas ocupado, com a cabeça muito cheia devido aos exames ou qualquer outra desculpa que pôde inventar. Mas ele teve mais tempo do que o suficiente para pensar mais do que deveria, e não havia mais como negar, Albus estava ignorando-o outra vez. Sem aviso prévio, nem mesmo uma pista do porquê.
Era frustrante ver que todo o progresso feito havia ido ralo abaixo. Estavam de volta à estaca zero.
"Qual é o nome dela?"
Scorpius assustou-se com a voz abrupta à suas costas, deixando os petiscos de coruja que segurava caírem ao mexer os ombros bruscamante.
"Oi..." Virou-se e sorriu timidamente para Luke, cumprimentando-o.
A pequena coruja-buraqueira piou alto ao ver seus amendoins caírem no chão cheio de penas caídas e titica do corujal.
"Lancelot." O loiro respondeu-o, acariciando as cabeça sua coruja para acalmá-la. "Ele é um macho, na verdade."
VOCÊ ESTÁ LENDO
play pretend | scorbus
Fiksi Penggemar"Albus Potter costumava se orgulhar de ser um sonserino, assim como costumava ser o melhor amigo de Scorpius, mesmo que aparentemente nos últimos tempos ele houvesse dominado a arte da dissimulação e preferisse apenas agir como se nada nunca houvess...