Neurótico de guerra

15

Anna

A hora de ir embora daquele morro foi angustiante, senti um aperto no peito como se eu estivesse indo embora de um lugar que era pra eu ficar, mas segui meu destino e apenas fui... levei comigo uma mochila, a roupa do corpo e minha coragem. Mas sei que deixei pra trás um pedaço de mim.

Em pouco tempo que eu fiquei ali eu me senti bem. O irmão do dn foi livre e tudo acabou. Agora estou aqui rodeada de câmeras e repórteres que insistem terrivelmente em saber o motivo do meu sumiço, onde eu estava e se realmente fui sequestrada.

- eu realmente sofri uma tentativa de sequestro, mas consegui sair ilesa e resolvi me ausentar por segurança própria. Se eu aparecesse na mídia iriam me achar e poderia acontecer algo pior- minto- não sei o que pode acontecer agora que estou de volta, por que quem tentou me sequestrar ainda quer minha cabeça, e é por esse motivo que eu decidi me afastar das mídias mas não irei me ausentar por enquanto do meu cargo, mas caso eu não me sinta segura também irei me afastar. E também quero
Informar meu desligamento com a bope, a partir de hoje não lido diretamente com o tráfico de drogas- surge um burburinho

Repórter: mas doutora, o que fez a senhora mudar de ideia?

- olhando de longe eu vi condutas na qual eu não compactuo, é apenas isso que vocês precisam saber.

Me levanto e me retiro da sala.

Chamo um táxi e vou direto pro apartamento do meu até então " noivo " entro na casa e lá está ele, sentado no sofá.

Pedro: acabei de ver sua reportagem- fala ríspido- queria saber qual é o lugar que você estava pra mudar tanto de ideia assim- eu respiro fundo e continuo calada- já se viu isso? Você é ligada a bope, sempre foi. Não sei como uma pessoa pode mudar de ideia assim- o tom dele é baixo porém cheio de raiva em sua voz e em seu semblante.

- olha só Pedro, eu ERA ligada a bope, E R A- dou ênfase nas palavras- não me vejo mais nisso e não quero isso pra mim, nem isso e nem continuar com você! Só vim até aqui pra pegar minhas coisas e acabar tudo que eu e você tínhamos, ou não. Já que você vivia pulando a cerca.

Pedro: COMO É?- grita raivoso- VOCÊ TA TERMINANDO TUDO QUE CONSTRUÍMOS A ANOS? Você só pode tá ficando retardada

- fala baixo comigo porque eu não tô gritando com você, e é isso mesmo, estou terminando com você! Vou pegar minhas coisas e ir embora

Pedro: embora pra onde Anna karla? Você não tem nada, não tem uma casa se você tem um teto é graças a mim- joga tudo na minha cara e eu aperto minhas mãos tentando ficar calma- e saiba que eu sempre pulei a cerca sim, te traí muito, muito mesmo! Todos os dias durante esses 2 anos- eu nem me abalo porque não é supresa- sabe por que? Você nunca quis transar comigo e eu sou homem, tenho necessidades.

Discursinho de macho pacato

- pois é, eu nunca gostei de transar COM VOCÊ- dou ênfase- você nunca me atraiu a esse ponto e saiba que se eu não transava com você era porque tinha outro fazendo muito melhor- ele avança em mim e segura meu pescoço e pressionando contra a parede, sinto dificuldade em puxar o ar.

Pedro: você sai da minha casa sua vagabunda, some daqui. Se não eu vou te matar- fala entre dentes e aperta meu pescoço cada vez mais forte- eu te dou 1 hora pra você pegar tudo que é seu e sumir, mas pode ter certeza, Anna. Eu vou fazer da sua vida um inferno.- ele me solta e sai batendo a porta.

Eu fico no chão tentando recuperar o ar e quando volta eu começo a colocar tudo que é meu em malas, passo pelo espelho e vejo a marca vermelha não de Pedro no meu pescoço, com certeza ficaria roxo.

Entro em um táxi e vou pra um hotel, após estar dentro do quarto com minhas coisas eu deixo na cama e começo a refletir.

Nunca tive medo do Pedro, ele nunca fez isso comigo e eu senti que a ameaça dele sobre acabar com a minha vida foi real, mas se ele tentar fazer isso eu acabo com a vida dele primeiro.

Hoje ele me humilhou, me expulsou e me agrediu. Mas ele pode ter certeza que vou fazer muito pior com ele, e vai ser da melhor forma possível.