Um novo começo (Ao'nung x Neteyam)

MEETING(+18)

Mas estamos lutando há dias infinitos

Um dia, encontraremos o amor

Porque depois da tempestade é quando as flores florescem

(After The Storm -Kali Uchis feat. Tyler The Creator)

.

.

-Tsireya, dá pra sair logo dessa merda de banheiro?! Eu tô apertado!

-Você tem seu próprio banheiro, Ao'nung!

-Eu já falei milhões de vezes que a descarga tá com defeito! Só sai, pelo amor de Deus! -Não importava quantas vezes implorasse, sua irmã parecia não dar a mínima para seus pedidos desesperados, fazendo Ao'nung questionar se realmente precisava de inimigos quando a tinha convivendo consigo. Ouviu um barulho de tranca do lado de dentro do banheiro e a porta se abrir, revelando a figura de Tsireya com uma cara emburrada, mas bem maquiada. Bem até demais para o gosto de Ao'nung. -Precisa de tanto reboco assim? Vamos só para a escola.

-Eu me arrumo bem independente da hora do dia, mano. Você que podia se vestir melhor, parece sempre um mendigo. -Ela revirou os olhos e sorriu, voltando aos poucos para seu quarto e fechando a porta, deixando um Ao'nung ofendido para trás, mas que não se demorou e se trancou no banheiro, livre para fazer sua higiene e necessidades.

Era uma manhã comum na casa dos Miilìaw'Ite e, como em toda rotina em dias de semana, os filhos se preparavam para ir à escola, enquanto os pais para o trabalho. Mas aquele não seria um dia comum, já que Tonowari, diretor do instituto de educação, receberia a nova treinadora do time de basquete de jovens e seus filhos, que frequentariam o local a partir de hoje. Não sabia muito sobre eles, apenas que eram de outra cidade e que o marido da tal Neytiri era um militar, o que despertava um certo respeito imediato no homem mais velho, mesmo não o conhecendo pessoalmente.

-Bom dia, minha peixinha. -Foi como ele despertou Ronal, que dormia serenamente à seu lado. Com todo o cuidado, acariciou a face em desperte da mulher, que o encarava com seus belos olhos verde azulados e um sorriso amoroso, de quem tivera uma ótima noite de sono. Tal cena fez o coração de Tonowari amolecer, mesmo após dezesseis anos de casamento ainda se apaixonava cada dia mais, como se fosse uma criança com seu primeiro amor.

-Bom dia, meu rei. -O sotaque fofo de Ronal transpareceu em sua fala, enquanto a mulher acariciava o peitoral desnudo e moreno do marido, que desceu a mão para a sua cintura, trazendo a esposa para mais perto de si com cuidado, afinal havia um pequeno serzinho sendo gerado ali, e que pelo tamanho, não demoraria muito a sair. -Hoje virão novos estudantes, não é mesmo? Gostaria de ir recebê-los contigo.

-Você deve ficar e descansar, não quero que force o pequeno.- A mão grande de Tonowari foi parar na barriga saliente da esposa, acariciando com o máximo de leveza e passando o polegar pelas tatuagens tribais do local, as quais achava absurdamente atraentes.

-Você quis dizer pequena, não? -A morena arqueou uma das sobrancelhas grossas com um meio sorriso debochado no rosto, ela tinha certeza que esperavam uma menina, enquanto o marido afirmava de pé junto que se tratava de um garotão forte. - E até parece que não me conhece. Logo eu, que trabalhei até o último dia da gestação do Ao'nung.

-E ainda só aceitou ir para o hospital quando ele estava quase saindo, mesmo depois da bolsa ter estourado, me lembro bem do desespero dos alunos ao te ver tentar ensinar sobre larvas e parasitas enquanto fazia o treinamento de respiração para as contrações. -Uma risada gostosa foi dada pelo homem, que acabou contagiando Ronal. Porém logo uma expressão séria tomou conta do rosto de Tonowari, que tratou de pousar sua palma novamente sobre a bochecha da amada. -Aqueles eram outros tempos, nunca mais deixarei que corra esse risco novamente. A protegerei com minha vida, Ronal.