20 -10 -1940

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  Como Benno havia falado sobre o revistamento das casas, tinha chegado o dia. Estávamos todas na mesa esperando Benno e os outros oficiais para revistarem a casa. Aliás cada oficial revistaria a casa na qual está alojado. Eu estava calma porém tia Ali e Brigitta estavam suando e com os lábios pálidos. não entendi bem o porquê pois se estavam a esconder algo do exército estavam também a esconder de mim.

  Não demorou muito para que Benno chegasse mas ele não fez nada além de ordenar os cabos a revistar a casa. Ele ficou conosco na mesa. E perguntou:

— Se tiverem a esconder algo que digam agora ou não poderei ajudar.

  Tia Ali por sua vez levantou sua cabeça e vos disse:

— Infelizmente não podes me ajudar com meu problema Tenente. Apenas cuide de Beatrix por mim.

  Uma onda de choque e cala frios subiu pelo meu corpo eu não fazia ideia do que tia Aleida estava falando.

— Doque estás falando, tia?

  Meus olhos se encheram de lágrimas pois estava sentindo que a alguns estantes minha vida estava prestes a sair do promo. Alguns minutos depois soldados desceram as escadas com os documentos oficiais de tia Aleida e Brigitta antes do casamento.

  Sentada na mesa e com meus olhos embassados pude ver o soldado trazendo consigo dois colares e em sua ponta pingentes de estrela de Davi. Tudo ficou claro, o por qué de tía Aleida está tão nervosa, o por qué dela sumir todos os dias e trancar-se em seu quarto.

  Vê-la ali, e não poder fazer nada para ajudá-la partia meu coração em muitos e muitos cacos. Do outros lado dos choros, Benno sentado sem saber o que dizer ou fazer até por que não tinha controle sobre aquela situação. Ele estava obedecendo ordens. O som abafado dos soldados indignados insultando tia Aleida e Brigitta se alternava com o som que tocava em minha cabeça.

— Tenente essas duas são porcas judías!
— Aleida mudou de sobrenome ao casar-se com um Veenhuis!
— Levem-nas ao comandante da operação. Disse Benno estasiado.

  Enquanto os soldados levavam tia Ali para ela Apenas pedia para que Benno cuidasse de mim. Eu estava amedrontada, gritava por minha tia, o sentimento foi de uma criança sendo levada de sua mãe.

  Minhas pernas já não tinham forças ajoelhei-me na frente da porta e gritava incessantemente como nunca havia gritado antes. Benno me abraçou. Falava para eu não temer e que tudo iria dar certo. Mas ele estava errado não tinhamos oque fazer ambos não tinham controle daquela situação.

Naquela tarde eu chorei até cair de sono em minhas próprias lágrimas. Eu simplesmente apaguei como um coma temporário. A voz de Benno gritando pelo meu nome ficou cada vez mais distante e então eu não lutei contra aquilo…

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