Sangue na neve (final)

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Benno e eu nos casamos na tarde daquele dia 7 de dezembro, assim que pisamos em Zurique. Tia Aleida e um rapaz da vila chamado John, que conhecemos na estação de desembarque, foram as únicas testemunhas da simples cerimônia. Passamos algum tempo em um hotel da cidade e pegamos carona com um vendedor de batatas para que conseguíssemos chegar a uma antiga propriedade da família de Benno no dia seguinte. Nesta que nós instalamos e passamos anos.

***

Dez de abril de 1945.

Hoje eu havia acordado cedo mas não tanto quanto Benno que já estava do lado de fora da fazenda ordenhando leite para o café da manhã, tomei uma cesta em mãos para colher maçãs atrás da casa, tia Aleida faria tortas mais tarde.

Ouvi um barulho vindo de fora, um barulho específico de um jipe do exército alemão, era o mesmo barulho que ouvira a cinco anos atrás deitada em minha cama.

***

Eu estava sentado do lado de fora da cabana retirando leite fresco como qualquer outro dia cotidiano. Estava frio, os Alpes suíços tinham essa peculiaridade, tão lindos e tão frios, se acemelhavam Trix quando a conheci. Estava um tanto nostálgico hoje, relembrando coisas que não costumo relembrar em constância.

Vi ao longe um carro se aproximar, conhecia aquele barulho de longe, eu já Havia dirigido um na Holanda a alguns anos atrás, mas ainda não tinha percebido a gravidade de nossa situação.

- Bom dia Senhor! - disse um homem vestindo um longo casaco de couro, botas negras e um cape que eu conheceria a milhas de distância.
- Bom dia. O que deseja? - disse escondendo o quão acuado e com medo eu estava. Após referir estas palavras, um segundo homem saira do carro, este eu conhecia. Era Von Hoffman, mais uma vez.
- Eu me chamo Wagner Finkler, investigador e detetive da SS. E eu e meu colega de trabalho, Tenente Bon Hoffman procuramos por Benno Müller, um Tenente desertor desde 1941, e por Aleida Veenhuis uma Judia fugitiva de Varsóvia.

De repente a energia do meu corpo se esvaia, sentia que iria desmaiar em breve, estava suando ainda que a temperatura ali batessem -8° graus. Não conseguia proferir nenhuma palavra a mais.

- Creio não ser necessário investigação senhor. Eu o reconheço, é Benno Müller meu agressor e o desertor.

E então um tiro fora proferido de uma gweher 43, em direção ao meu seio esquerdo. E de repente não sentia mais nada. De repente todas as coisas que de que senti um dia não importavam mais, apenas sentia sono, lembrara de mamãe, lembrava da primeira vez em que vi Trix, lembrara também ea última, que fora ontem a noite, e via sobre a neve meu sangue tão impuro.

***
Pensei estar delirando, estar ficando louca, traumas causavam isso era terrível esta nostalgia totalmente aleatória e sem lexo que tomara minha mente Nesta manhã. Presa em meus pensamentos fui tirada deles por um som de tiro, imediatamente soltei minha cesta ao chão as maçãs rolaram na neve, senti uma tontura e só pude pensar em Benno, ao adentrar a cozinha vi tia Aleida saindo pela porta da sala e levando um tiro na nuca logo em seguida, eu não podia crer, imediatamente e uníssono com o som do impacto dei um grito estridente e em seguida sai correndo para o lado de fora da cabana onde vi Benno estirado ao chão agonizando, estava sangrando.

Chorei, chorei de desespero, acima de tudo oque fizemos para fugir, para sobreviver, não conseguimos ao menos ver juntos o fim de toda esta guerra sem sentido, o amor de toda a minha vida estava morrendo e minha figura materna que costumava me acolher em noites sombrias e gelidas estavava esvaida de coloração, pálida como a neve, já havia morrido.

Olhei para frente e vi a face do diabo, era Von Hoffman, de braços cruzados seguindo em direção a mim.

- Quanto tempo Beatrix.
- Eu tenho nojo de você, fez tudo isso por vingança.
- Eu também senti Saudades.- Disse ironicamente levantando de seu bolso uma pistola e apontando-a em meu seio esquerdo.

- Sabe Trix, não seria necessário tudo isso se você não tivesse escolhido este traidor a mim.

Antes que eu pudesse proferir mais uma palavra meu corpo caiu ao lado do de Benno que ainda tinha um sopro de vida, lado a lado, ao menos ainda conseguia chorar. olheio-o nos olhos e jorrando sangue pela boca ainda conguiu dizer-me "eu te amo" antes que pudesse responde-lo, Von Hoffman deu-me mais um tiro, dsta vez na nuca onde descansei com minha mão sobre a de Benno.

Fim.

Dedicado a todos os guerreiros, mortos pelo Reich que ao menos conseguiram ver o fim da guerra.





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