ROMANCE FILOSÓFICO

CAPÍTULO VII: O "E" QUE PRECISO PARA SE TORNAR "EU"

O "E" QUE PRECISO PARA SE TORNAR "EU"

Passando-se um tempo me vis meio que perdido neste mundo, eu vi minha vida parecer não fazer sentido. Eu vi os meus dias tomarem outros rumos e longe das minhas metas cada vez estava.

Estava perdido num mundo sensível a sentimentos e várias emoções. Eu queria voltar com a Lenny, porém não encontrava um ponto de partida.

Busquei em vários lugares livros ou métodos para voltar a conquistar a minha esposa, mas mesmo assim não achei.

Eu queria que ela voltasse para mim e queria que tudo começasse de novo. Queria que lhe fossem esquecidas os meus erros e as minhas falhas. Queria que em nenhum momento lhe fizesse deixar cair as suas lágrimas.

Queria que a dor se transformasse em perdão e o choro em alegria.

Fui a sua atrás e não conseguia mais conter o que realmente sentira por ela. E em melodias filosóficas comecei a expressar o que sentira em meu coração.

Silima: - Me desculpe por tudo amor... (arrependido falei).

Lenny: - Você quer que eu lhe perdoe depois de tudo que você me fez passar? - Sabe quantas lágrimas foram derramadas por sua culpa e você ainda quer que eu volte para este casamento que você mesmo deixou que chegasse a esse extremo? (carregada de raiva falava).

Silima: - Se hoje estou aqui, é porque eu ainda sinto algo por ti e pretendo lutar pelo o que for por causa desse sentimento...

Lenny: - O que você sente por mim? (questionou).

Silima: - O que eu sinto por ti? (questionei também)

Lenny: - Sim, o que tu sentes por mim?

Silima: - Olha... (comecei me expressar)

  "Se eu pudesse ver você todo dia,  sorria de alegria, ficaria sempre do seu lado, pegaria em suas mãos e grudava-me em seu corpo.

Olharia para os seus olhos e me fixaria em seus lábios, ía sorrir de alegria e quem sabe a sua boca beijaria.

Talvez nunca lhe largasse, se caso a abraçasse. Quem Sabe?

Ninguém pode saber compreender o que eu sinto por ti, porque o que eu sinto por ti, tão somente senti por ti!

Nunca imaginei ou passou pela minha cabeça a possibilidade de sentir o que se diz ser o amor, e se defacto é, isso eu não sei, apenas sinto o que ninguém poderia compreender.

Eu sinto que sem ti não sou eu por completo. Sinto que te ter por longe, é o mesmo que fingir viver.

Sinto que o meu mundo parou no exato momento em tu deixaste-me naquela biblioteca. Sinto que preciso de você em meus dias, em minhas noites e em minhas madrugadas.

Não é fácil olhar para o outro lado da cama e ver a sombra de que um dia o mesma fora ocupada e hoje ninguém mais ocupa.

Não é fácil ir a biblioteca ler o que leio e não ter alguém que me possa devolver ao mundo real. Por vezes eu saio de mim não porque o mundo sensível talvez fosse pior, porém, é que no mundo das ideias tudo é mais fácil.

É só uma questão de deseja-lá que tu estás lá. Querer, que tu estás lá. Imaginar, que tu estás lá. Sonhar, que tu estás lá. Sim, é só uma questão de buscar a sua imagem que tu estarás lá.

Não que isso basta em mim, porém vale mais te ter em algum lugar do mundo, do que em nenhum lugar. Vale mais ter ideia de que ainda me amas do que viver desgraçado pela dor do arrependimento.

Vale mais imaginar que um dia tudo voltará a ficar bem, do que se conformar com a dor de que tudo se fora para sempre.

Vale mais ter a esperança e viver na base dessa mesma esperança.

Sim, vale mais lutar por ti, do que viver sem o "e" que adicionado ao "u" torna-se "eu". Sim Lenny, tu és o "e" do meu "eu".

Eu sinto algo que nem a própria Filosofia por mais sábia que é, consiguira defender".

Enquanto eu falava eu podia ver os seus olhos se encherem de lágrimas que bastasse mexer os olhos que as mesmas fossem ao chão.

Por mais que tentasse se conter, lhe era difícil ignorar o que os seus ouvidos ouviam e parar de sentir o que o seu coração sentia.

Ela mal consiguira falar, pois a sua boca tentava engolir o choro que se acumulavam em seus olhos.

Eu já dizia que "Filosofia é o sentimento que lhe move ao pensamento e ao questionamento de si mesma" e era isso que a Filosofia estava fazendo com ela naquele momento.

Ela sentia algo que lhe movesse ao pensamento e ao questionamento do que ela estava fazendo do seu casamento.

As suas emoções eram tantas de modo que mesmo inconsciente, ela passou do sentimento para o pensamento e do pensamento para o questionamento cumprindo desse modo as três fazes da Dialética Silimaliana.

Ora, por mais que neguemos está mesma Filosofia, ela sempre fará parte das nossas vidas, as atitudes filosóficas consistem no questionamento, indagação, espanto, contemplação, dúvida, admiração e muitas outras características que de forma consciente ou inconciente se manifestam em nosso dia-a-dia.

Negar a Filosofia é o mesmo que negar a sua própria consciência, é o mesmo que negar o seu sentimento.  É o mesmo que negar o seu pensamento, é o mesmo que negar o seu questionamento e além de tudo, é o mesmo que negar-se a si mesmo. Sem Filosofia, não há humanidade.

A Lenny respondeu emocionalmente.

Lenny: - Eu não sei o que lhe dizer, não sei o que pensar e nem sei o que sinto agora... Não consigo lhe dizer se estou pronta para começar tudo de novo... (falou)

Silima: - Nunca é tarde para recomeçar! (olhei para baixo)

Lenny: - Eu não quero voltar a ser trocada por uma biblioteca ou sei-lá, por essa tal de Filosofia!

Silima: - Eu não posso prometer que nunca voltarei a biblioteca e que nunca mais falarei da Filosofia, porém, o que posso afirmar, é que no meio a tudo isso, eu tentarei ser alguém melhor...

Lenny: - Olha Silima, eu te entendo completamente, eu sei que você está disposto a começar tudo de novo, porém eu não sei se estou pronta para voltar...

Silima: - Ninguém está pronto para voltar, ninguém está pronto para começar de novo. Ninguém está preparado para esquecer o passado e seguir em frente ou começar de novo. Ninguém está pronto para dar um passo a frente, apenas damos porque temos que dar. Ninguém sabe o que lhe poderá se suceder após seguir em frente, mas temos que assim seguir, porque chega um determinado tempo que a actual situação não se consegue mais suportar.

Não somos nós quem suportamos a situação, mas é a situação que nos aprisiona nela até que chega um determinado momento em que ela mesma não consegue mais e aí se vê  forçada ter que nos deixar ir.

A ter que se livrar do nosso fardo e colocar um basta ao sofrimento que se carrega em nós. Situação é apenas situação, agora cabe a você viver segundo ela ou mostrar para ela que em nada lhe mereces.