ROMANCE FILOSÓFICO

CAPÍTULO IV: SENSO COMUM

SENSO COMUM

Novamente sentado naquela cadeira, com a mulher que mexera com os meus pensamentos, eu refletia.

A Lenny era a minha esposa, mas era a Filosofia que me completava. As suas questões eram dotadas de sentimento. E a este mesmo sentimento me movia ao conhecimento.

Era através das suas questões que eu me apaixonava por ela. As suas questões não tinham como objetivo me julgar, mas eram carregadas de um sentimento acolhedor e que me levava a novas ideias do pensamento.

Foi com ela que eu cheguei a trair a minha própria esposa. Não pela insatisfação biológica, mas pela sede de querer beber e comer do que a mesma me ensinara.

Ela não me ensinara como as outras disciplinas que os seus métodos são usados para chegar em certos lugares ou obter novos pontos.

Ela ensinava-me a saber crirar os próprios métodos. Enquanto outras buscam pelos métodos, ela criara os próprios métodos das quais as outras buscam.

É na Filosofia que se vê a essência das coisas e não as coisas como elas hoje são.

Ela busca "o que é detrás" e não "o que está por detrás".

Enquanto as outras mulheres buscam pelas as amantes dos seus maridos, a Filosofia leva os seus maridos até elas. Pois ela é a própria sabedoria e quem não gosta do saber?

É a amante de si própria. Amiga do amor. A própria sabedoria, um acto questionador.

O seu próprio pensamento, movido por um sentimento. E a este mesmo sentimento é a fonte de todo o questionamento.

Eu estava em uma biblioteca bem no meio da madrugada, o senhor Charles, o dono da biblioteca me permitira que lá ficasse.

Queria estar na minha casa, é claro, porém com uma mulher dessas todo o homem se sentiria em sua própria casa.

A madrugada pareceu não durar uma eternidade, pois só despertei pela manhã enquanto ela estava deitada do meu lado.

A traição é definida por viárias formas, mas a mais dolorosa, é quando a mesma não só se define, porém se executa.

Diante do altar juramos a fidelidade, mas quando se chega a hora da verdade, nem todos somos tão fiéis assim como um dia dissemos ser.

Me deitar com a Filosofia, me mostrara o quão fracos somos quando o conhecimento é maior. Ninguém pode negar a sabedoria, o conhecimento e até ao seu próprio pensamento.

Ninguém pode negar aos fenômenos naturais, a consciência, o tempo, os factos e até a própria memória.

Eu sabia que uma parte de mim quisera se deitar com a Filosofia, mesmo assim, sabendo que cometeria adultério para com minha esposa.

Logo cedo voltei para casa e a encontrei chorando, ela estava com suas amigas e eu não sabia o que falar. Mas por mais que não dissesse nada, dava para lhes ouvir falar durante a noite inteira o quanto eu me divertia com outras mulheres e que não estava na biblioteca.

Entrei e fui directo ao banho, mas como uma mulher cheia de curiosidades, nunca foi demais parar a porta e bisbilhotar um pouquinho a fim de ouvir o que as víboras tinham a dizer.

Bianca: - Você acha mesmo que ele estava na biblioteca?

Amarela: - Mesmo eu não acredito Lenny, deixa-lá esse homem que lhe troca por uma "biblioteca"...

Bianca: - Se é que é uma biblioteca! (afirmou).

Silima: - Olha aqui, eu já estou farto dos vossos comentários, peço-vos por favor que se retirem da minha casa agora! (não me contivi e intervi)

Como víboras rastejaram para fora e a Lenny me olhava dolorosamente.

Era como quem estivesse dizendo no que você se tornou e porquê você frequenta aquela biblioteca.

Silima: - Olha aqui Lenny, eu não sei o que aquelas raças de víboras ficaram falando sobre mim...

Lenny: - Elas tem nome! (falou)

Silima: - Seja qual for os seus nomes, a mim não importa, o que eu preciso lhe dizer é que já chega de levarmos a vida como se não tivéssemos a pura consciência de nós mesmos.

Lenny: - E será que temos?

Silima: - Não, não temos... mas eu conheço alguém que nos pode ajudar...

Lenny: - E quem é ela? A psicóloga ou um desses seus livros patéticos? (!perguntou com raiva).

Silima: - Ela é a Filosofia!

Lenny: - Quem é essa? (admirou) É a mulher que tu vives se deitando com ela e fica tendo os seus encontramos por detrás das prateleiras da biblioteca?

Silima: - Não estás pronta para essa conversa!

Lenny: - E que mulher estaria? - A sua amante Filosofia?

Silima: - Ahh... Me poupe vai... (coloquei-me a andar)

Me retirei da sala e fui concluir o banho que tanto esperava.

Não sabia como lhe explicar que a Filosofia era a solução dos nossos problemas.

Apesar de muito ser ignorada nos dias atuais, a Filosofia carrega consigo a grande responsabilidade de fundamentar, argumentar e até de resolver problemas que nenhum outro saber poderia resolver.

Como casados estávamos em um casamento cheio de problemas em que um dos seus problemas era o próprio casamento.

Casamento não é apenas a união de dois seres viventes, mas é a união de dois sentimentos que se unem em prol de formar um só sentimento.

Em outras palavras, o casamento é a convivência cuja a sua união é movida pela Filosofia.

A Filosofia move o sentimento humano em prol de produzir, fundamentar e extrair valores cujo os mesmos nos são úteis em questões particulares, tais como universais.

Nas questões particulares a Filosofia como sentimento visa buscar aos actos que o movem ao pensamento de si próprio como um ser que tem a capacidade de se apaixonar por outro ser.

E nas questões universais a Filosofia como sentimento visa mover o questionamento do mundo que lhe rodeia e a paixão pelo mesmo mundo.

De um modo geral a Filosfia Silimaliana busca trazer conceitos ligados ao mundo sentimental.

Mundo este cujo a sua natureza está sendo corrompida nos dias actuais.

Apois ter saído do banho e me deitado a cama, numa reflexão muito mais profunda da nossa realidade, busquei entender o porquê de hoje termos chegado a esse extremo.

Não era comum que deixássemos o mundo externo governar o nosso lar, porém nesses últimos tempos parecia que ambos estávamos mais casados com as coisas de fora do que casados com nós mesmos.

Infelizmente não tinha como mudar mais nada e como todo homem apois um banho quente e relaxante, adormeci!